Obra do futuro Espaço Gamboa vai ser posta a concurso em 2022

Projetos arquitetónico e museológico-museográfico foram apresentados numa sessão pública

Antevisão do novo átrio de entrada no Convento de S. José e no futuro Espaço Gamboa

O futuro Espaço Gamboa, que pretende homenagear este artista plástico nascido em Lagoa, vai ocupar a ala esquerda do Centro Cultural do Convento de S. José e envolver a construção de um novo átrio de entrada e de um novo corpo adossado ao edifício, para instalar os serviços educativos.

Os projetos arquitetónico e museológico-museográfico do Espaço Gamboa foram apresentados numa sessão pública a 24 de Maio, dia em que o mestre Manuel Gamboa completaria 96 anos de vida.

Em declarações ao Sul Informação, o presidente da Câmara de Lagoa, entidade que promove este novo espaço museológico da cidade, destinado a recordar a vida e a obra do artista, revelou que «ao longo do corrente ano de 2021, vamos definir todo o projeto arquitetónico, museológico e museográfico do Espaço Gamboa, para, em 2022, ser então lançado concurso para a obra».

Luís Encarnação acrescentou que «o investimento final vai depender dos projetos definitivos, que ainda estão a ser trabalhados, e depois dos projetos de especialidades», adiantando que a intervenção será «candidatada a fundos comunitários».

Na apresentação, que decorreu no próprio Convento de S. José, o arquiteto Rogério Amoeda, responsável pelo projeto, recordou que o que vai surgir numa parte do antigo convento carmelita será «um espaço museológico extremamente identitário».

O projeto proposto pretende «conservar o edifício», mas também «intervir nele de modo a que, no futuro, a nossa intervenção possa ser trabalhada». Por outro lado, a intervenção será «contemporânea». Para isso, prevê-se, por exemplo, a reformulação de todo o átrio de entrada no Convento de S. José, mas também a demolição de um dos corpos atuais do edifício, uma zona de armazém construída nos anos 80 durante «obras de beneficiação», que, segundo o arquiteto, «colidiram com o original». Esse corpo será demolido, para «introduzir um volume novo, criando um espaço de contemporaneidade».

Mas, além da conservação do edifício antigo e da introdução desse elemento contemporâneo, o projeto tem ainda por base o conceito de «comunidade»: «Gamboa era uma pessoa que pertence a esta comunidade, por isso o espaço tem de ser aberto a todos».

Rogério Amoeda acrescentou que o novo corpo a ser criado se destina a acolher o Espaço Educativo, que «será autónomo em termos de acesso, para facilitar as visitas de escolas».

Neste novo corpo, que será uma espécie de imagem de marca do futuro Espaço Gamboa, assim como na reformulação do átrio, «o material de eleição é o aço», que será usado «na estrutura», mas também como «pele e revestimento do novo edifício».

 

Antevisão do novo edifício onde funcionarão os Serviços Educativos

 

O projeto museológico foi apresentado por Angelica Richter, da empresa especializada FCo. fullservice company, que é responsável, por exemplo, pelo recente projeto de multimédia (mobiliário interativo, conteúdos e jogos educativos) do Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra.

«Um lugar será sempre um lugar, mesmo com os melhores projetos do mundo, se não lhe for dada uma alma», e será isso que «o visitante irá sentir em cada sala» do futuro Espaço Gamboa, prometeu Angelica Richter.

Por isso, garantiu, o espaço será também «um espaço cultural à imagem da natureza do próprio Gamboa, cosmopolita, criativa, com espaço de sobra para os interesses próprios e inclinações dos visitantes». Haverá uma grande aposta em conteúdos multimédia e realidade virtual.

Para isso, o espaço museológico irá apresentar três momentos da vida de Manuel Gamboa: a sua juventude em Lagoa e depois em Lisboa), a vida na Alemanha, em especial em Hamburgo, o seu regresso a Lagoa.

Haverá uma zona dedicada à interação, onde os visitantes poderão descobrir mais sobre a vida e obra do artista, e uma zona de «exposição no sentido clássico», para exibir as peças (pinturas, esculturas, desenhos, etc) que estão no espólio da Câmara Municipal de Lagoa. Haverá igualmente, como já se sabe, o Espaço Educativo.

 

Antevisão do interior do Espaço Gamboa

 

Como salientou o presidente da Câmara Luís Encarnação nas suas declarações ao Sul Informação, a criação do Espaço Gamboa será «a concretização de um anseio antigo», contribuindo assim para «o reconhecimento de uma figura incontornável de Lagoa» e criando «um espaço digno para acolher a memória e a obra» do artista plástico.

Manuel Gamboa, que morreu sem ter visto concretizado esse seu sonho de ter, na sua terra natal, um espaço aberto ao público para dar a conhecer a sua obra, foi recordado na apresentação pública do projeto, quer através de vídeos, quer através de testemunhos presenciais, por amigos, pelo presidente de Câmara e antigos autarcas, e ainda por Joaquim Saial, investigador que, em 1998, lançou o livro «Manuel Gamboa, a arte por vida».

No futuro, o objetivo é não só expor e contextualizar as obras que integram o espólio da Câmara de Lagoa, mas dar a conhecer «obras que integram coleções particulares que não são do conhecimento público». 

O presidente da Câmara Luís Encarnação anunciou ainda que o futuro Espaço Gamboa integra a criação de «uma rede polinucleada à escala do território, que terá centralidade na futura Casa da Cidadania, que também vai ser alvo de apresentação pública dos respetivos projetos arquitetónico e museológico», nos próximos dias 24 e 25 de Junho.

 

 



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