Faro quebra «barreiras» para que cultura seja para “todxs”

Objetivo do “Cultura para Todxs” é ir buscar não só mais público como também outros públicos

Flávio Costa|Foto de Arquivo

Faro quer quebrar as «barreiras» que ainda afastam alguns públicos da cultura. No fundo, quer “Cultura para Todxs” e foi isso mesmo que ficou estabelecido, na segunda-feira, 14 de Junho, através da assinatura de protocolos entre a autarquia, escolas e agentes culturais do concelho e também o Plano Nacional das Artes.

Os documentos assinados, explicou Rogério Bacalhau ao Sul Informação, «vêm na sequência do nosso plano estratégico cultural para o concelho, que foi aprovado no ano passado e que resulta de um conjunto de ideias e de contributos de mais de 400 instituições e personalidades do concelho».

Esse plano, aprovado por unanimidade, segundo o autarca, «espelha bem aquilo que a nossa comunidade farense espera da cultura» e aproximou o Município dos agentes culturais.

Agora, com este “Cultura para Todxs”, o objetivo é ir buscar não só mais público como outros públicos.

 

Foto: Nuno Costa|Sul Informação

«Há muita gente que hoje não tem contacto com a cultura, não vai ver espetáculos, não vai ver concertos e não participa nestas manifestações culturais por várias razões: porque desconhece completamente, porque tem debilidades físicas e não consegue lá ir, ou porque não tem condições financeiras. É nisso que estamos a tentar trabalhar: fazer com que a cultura chegue a todos», explicou Rogério Bacalhau.

Para criar estes públicos, a estratégia passa por começar pelos mais novos. É aí que entra o Plano Nacional das Artes.

«Este protocolo que assinámos está muito direcionado para os públicos escolares. São esses que queremos trabalhar em primeiro lugar, para que, através das escolas, os miúdos tenham acesso a instrumentos culturais e ganhem hábitos de leitura, de ir a bons espetáculos musicais ou outro tipo de artes», enaltece o autarca.

A cidade de Faro acredita que estes públicos permitem «chegar a outros que não estão na escola». Além disso, «os públicos jovens de hoje serão os adultos de 2027, quando poderemos ser Capital Europeia da Cultura».

Apesar desta ligação entre o trabalho que está a ser feito no concelho na área da cultura e a possibilidade de Faro vir a ser capital europeia, Rogério Bacalhau diz que, mesmo que não venha a acontecer, este não é trabalho perdido.

 

Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

«Desde logo, o nosso plano estratégico cultural tem o horizonte de 2030, ou seja, vai para além de 2027. Há 11 cidades que estão, neste momento, na corrida para ser capital europeia da Cultura e só uma é que o será. Se tivermos a felicidade de sermos a escolhida, avançaremos. Se não tivermos essa felicidade, vamos continuar nesta senda de apostar na cultura», até porque «o nosso grande objetivo é o de colocar a cultura ao serviço de todos, independentemente da candidatura».

«Se através desta candidatura conseguirmos trazer mais pessoas à cultura já valeu a pena esse esforço», defende o autarca.

Bruno Inácio, coordenador da equipa de candidatura a Faro 2027, também destaca o objetivo de «criar processos que vão para além da candidatura. Por isso, temos um conjunto de ações duradouras no tempo que são independentes».

 

Paulo Pires do Vale – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

Por seu lado Paulo Pires do Vale, comissário do Plano Nacional das Artes, deixa elogios a esta aposta porque «criar um plano estratégico, pensado a 10 anos, faz com que as ações não dependam de uma só pessoa, mas de todo um território. É importante que toda a cidade faça parte do processo».

Para que isso aconteça, é preciso «deitar muros abaixo entre a escola e a comunidade» e «deixar de pensar nos públicos como consumidores de cultura, mas como agentes ativos, para que ninguém se ache de fora dessa agenda cultural», conclui.

 

 



Comentários

pub