34% dos casos de Covid-19 detetados no Algarve são em estrangeiros

Há três concelhos com percentagem de casos em estrangeiros superior a 50%

Nuno Costa|Foto de Arquivo

34% dos casos de Covid-19 detetados no Algarve, entre 1 e 15 de Junho, foram em estrangeiros, sendo que há concelhos em que este número é superior a 50%, como Albufeira e Aljezur. Os números foram revelados esta sexta-feira por Ana Cristina Guerreiro, delegada regional de saúde, na conferência de imprensa de atualização epidemiológica da Comissão Distrital de Proteção Civil.

Nos dados divulgados hoje, explicou a responsável, o único critério tido em conta foi o da nacionalidade, o que significa que não foi feita distinção entre o motivo da sua presença do Algarve, ou seja, tanto podem ser estrangeiros residentes como turistas.

Ana Cristina Guerreiro adiantou que a nacionalidade mais representada entre os casos positivos é a do Reino Unido, que representa 46% dos casos entre estrangeiros, seguindo-se a França, com 10%, e o Brasil, com 9%.

Por concelhos, Albufeira é aquele onde o peso das infeções em cidadãos estrangeiros é maior: 65%. Em Aljezur, a percentagem é de 57% e em Tavira de 54%.

Do total de casos entre estrangeiros, 42% dos casos foram detetados em Albufeira, 17% em Loulé e 11% em Faro.

Segundo esta responsável, a maioria dos casos detetados nesta população é maior no escalão etário entre os 20 e os 29 anos, seguido do escalão entre os 10 e os 19 anos, ou seja, são maioritariamente jovens.

«Muitas destas pessoas estão de férias e, eventualmente, têm momentos de convívio mais propícios à disseminação do vírus. Esta taxa de incidência mais elevada estará relacionada com estes comportamentos», explicou.

Ainda assim, Jorge Botelho, secretário de Estado Coordenador do combate à Covid-19, não culpa exclusivamente os turistas pelo aumento do número de casos no Algarve, até porque «todos os estrangeiros que chegam de avião vieram com teste PCR negativo».

«Os números da região têm vindo a crescer devido a uma combinação de fatores, que foram resultado da abertura da sociedade» e também de «algum cansaço».

Por isso, considera o governante, «não podemos só encontrar responsabilidades nos outros, mas também em nós próprios. As comunidades que nos visitam, quando estão cá, são algarvios».

Botelho garantiu também que «vamos continuar com a região aberta. Ninguém quer fazer fronteiras».

 

Foto: Nuno Costa|Sul Informação

Sem fronteiras, mas com um «grande filtro» chamado Aeroporto de Faro. É que, explica o secretário de Estado, foi nisso que se tornou a infraestrutura: «em alguns casos, as pessoas fizeram testes na hora de embarcar para o regresso e acabaram por ficar retidos na região».

A influência na taxa de incidência da Covid-19 da população estrangeira, que conta para o número de casos, mas não conta para o número total de habitantes, foi também abordada por Jorge Botelho que, garantiu, «é uma situação reportada», «identificada» e cuja alteração «está em cima da mesa».

Até que essa mudança aconteça, concelhos como Albufeira e Loulé – que até já recuaram no desconfinamento – vão ser prejudicados e também as autoridades de saúde regionais não concordam com os critérios.

«Já dei alerta para todas as estruturas superiores. Este cálculo do número de casos sobre população residente é um erro. A população residente habitual é muito mais pequena do que aquela que temos agora e do que aquela que teremos em Julho e Agosto», defendeu Ana Cristina Guerreiro.

António Pina, presidente da AMAL, por seu lado, lembrou que «em Loulé e Albufeira, nesta altura do ano, está o dobro das pessoas. É normal que se conte os novos casos, não podemos esconder. Mas não contar a população que efetivamente está presente é que não poderá continuar a ser», sentenciou.

 

 



Comentários

pub