Presidente da Câmara de Aljezur descontente com recuo no desconfinamento

Autarca manifesta-se «surpreendido com a decisão, porque nesta altura estamos com menos casos do que há 15 dias»

Aljezur – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

«Surpreendido e descontente» com o recuo no desconfinamento decretado pelo Governo para o concelho. É assim que se manifesta José Gonçalves, presidente da Câmara de Aljezur, depois de o primeiro ministro ter anunciado que este concelho teria de voltar à fase 2 do desconfinamento, devido à grande incidência de casos de Covid-19.

«Naturalmente que fico descontente por termos de recuar, e ao mesmo tempo surpreendido com a decisão, porque nesta altura estamos com menos casos do que há 15 dias, quando desconfinámos», disse à Lusa o autarca.

Aljezur, com 465 casos por 100 mil habitantes, em 14 dias, mantém-se, pela segunda semana consecutiva, como o concelho do Algarve com maior incidência de Covid-19, segundo os dados divulgados esta sexta-feira, dia 30 de Abril, pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Ainda assim, trata-se de uma incidência menor que há uma semana, quando apresentava 501 casos por 100 mil habitantes.

Para o presidente da Câmara, os critérios de avaliação dos casos nos concelhos continuam «a suscitar muitas dúvidas e são incoerentes com a realidade dos casos de Covid-19, embora tenha já dado um passo, passando a uma avaliação semanal».

«Quando começaram a aparecer os casos em Aljezur foi-nos permitido desconfinar e passámos 15 dias numa situação mais confortável em termos de desconfinamento, mas com os casos ativos. Agora recuamos quando temos menos casos, não faz sentido. É altura de se repensar a forma como estas avaliações são feitas», sublinhou o autarca.

José Gonçalves questionou ainda «a legalidade e forma da aplicação destas medidas» penalizadoras das pessoas e da economia em situação de calamidade.

«Há esta questão que não vou deixar de questionar, que é o facto de o estado de emergência não ter sido renovado e estas medidas serem aplicadas em estado de calamidade. É preciso saber o que isso significa em termos formais e legais», frisou.

Para o autarca, Aljezur tem sido um concelho com responsabilidade na gestão da pandemia, através de um trabalho exaustivo e uma resposta aos casos que têm surgido, num concelho que é também penalizado pela população flutuante.

«Ao longo destes tempos de pandemia, temos feito um trabalho muito exaustivo para combater e evitar a propagação dos casos e estava expectante que tivesse chegado a quem decide os argumentos que foram apresentados pelos presidentes de câmara, mas, mais uma vez, não foram suficientes», concluiu.

Oito concelhos dos 278 existentes em Portugal continental não avançam para a quarta e última fase do atual plano de desconfinamento, a partir de sábado, no âmbito da situação de calamidade, anunciou na quinta-feira à noite o primeiro-ministro.

«Este novo regime aplica-se à generalidade do território do continente, aplica-se em 270 dos 278 concelhos do continente», afirmou António Costa.

Entre os oito concelhos impedidos de prosseguir para a quarta fase estão Miranda do Douro, Paredes e Valongo, que se mantêm no nível em que se encontram, e Aljezur, Resende, Carregal do Sal e Portimão, que recuaram para diferentes etapas, mas que ficam também retidos, ainda que possa ser «por muito pouco tempo», porque o Governo decidiu passar a fazer uma avaliação semanal.

O concelho alentejano de Odemira também integra o grupo de municípios que não avança para a última fase do desconfinamento, tendo o executivo decretado uma cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e de Longueira/Almograve, devido à elevada incidência de casos de covid-19, sobretudo em trabalhadores do setor agrícola.

No entanto, às restantes freguesias deste concelho do distrito de Beja aplicam-se as regras previstas na quarta fase do plano de desconfinamento, a aplicar a partir de hoje, sábado.

António Costa alertou ainda que há 27 concelhos que devem estar alerta, porque registam uma taxa de incidência da covid-19 superior a 120 casos por 100 mil habitantes, pelo se tiveram uma segunda avaliação negativa podem ficar retidos ou recuar no plano de desconfinamento.

 



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