Loulé é um «bom exemplo» na “corrida” para a neutralidade carbónica em 2050

Vítor Aleixo diz que está a ser montado um «cerco» para despertar consciências para as políticas climáticas e de sustentabilidade

Pedro Lemos – Foto de Arquivo

Loulé é um dos «bons exemplos» que Portugal tem para “corrida” para a neutralidade de carbono em 2050. Esta foi uma das ideias destacadas por João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, na abertura das III Jornadas Municipais da Sustentabilidade e Ação Climática de Loulé, que decorreram, esta sexta-feira, no Cineteatro Louletano.

Este é um evento anual «que reúne especialistas em torno das ações desenvolvidas pela Câmara de Loulé numa matéria cada vez mais premente, mas também dirigentes e técnicos da autarquia envolvidos no processo», explica o município louletano.

Matos Fernandes aproveitou esta oportunidade para falar do compromisso político alcançado há cerca de duas semanas para que a Europa tivesse uma Lei do Clima, sendo o primeiro continente do mundo a assumir ser neutro em carbono em 2050.

«A Europa está num muito bom caminho e isto aconteceu sob os auspícios e um grande empenhamento de todos nós durante a presidência portuguesa da União Europeia. Portugal mereceu estar na presidência do Conselho no dia em que esta lei foi aprovada porque foi também o primeiro país do mundo a assumir que, em 2050, será neutro em carbono. Portugal tem já um punhado bom de bons exemplos e Loulé
é um deles», enalteceu.

 

 

Perante a plateia «que se tem dedicado a um trabalho conjunto», o ministro deixou clara a responsabilidade das autarquias na criação de políticas que respondam à problemática das alterações climática.

«Só ganhamos este desafio se as autarquias tiverem o compromisso e o modelo que Loulé tem», afirmou ainda.

Durante a sessão, Sérgio Barroso, do Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, Lda, apresentou o Plano Municipal de Ação Climática do Município de Loulé, um documento estratégico que conjuga as questões da adaptação e da mitigação, convergindo estas no princípio da sustentabilidade.

«Foram apresentadas algumas das medidas e ações prioritárias para responder aos fenómenos extremos expectáveis para este território nos anos que se aproximam, como seja períodos de seca frequentes, aumento da temperatura ou episódios extremos de precipitação que poderão levar a situações de cheias. No fundo, pretende-se transformar Loulé num território mais resiliente às alterações climáticas» explica a Câmara de Loulé.

Já Miguel Freitas trouxe a esta sessão a Agenda de Sustentabilidade “Floresta, Biodiversidade e Desenvolvimento Rural do Concelho de Loulé 20-25” – Programa de Avaliação, Mapeamento e Valoração dos Serviços Ecossistémicos do Concelho de Loulé.

Este, explica a autarquia, é «um trabalho que está a ser desenvolvido com enfoque no interior e nos 93% do território concelhio que corresponde a uma área agroflorestal».

É também «um processo abrangente, que aborda matérias como a resiliência aos incêndios florestais (para a qual o Município já canalizou 3 milhões de euros), ações relacionadas com a gestão da paisagem (em que Salir é o único território nacional integrado num projeto europeu) ou a valorização da Floresta Mediterrânica, já em curso numa parceria com a Fundação Manuel Viegas Guerreiro. Todos estes temas serão um contributo importante para o aspirante Geoparque Algarvensis».

No encerramento da sessão destas Jornadas, o autarca Vítor Aleixo manifestou a importância de envolver nas matérias da emergência climática, não só toda a estrutura orgânica municipal como a sociedade civil, as comunidades escolares ou os empresários, num total de mais de 60 entidades que participam no Conselho Local de acompanhamento à EMAAC.

«Há um cerco que está a ser montado para despertar consciências no que diz respeito à política climática e às políticas de sustentabilidade», disse.

Na conclusão dos trabalhos, o responsável municipal garantiu que estas jornadas são para continuar até porque o caminho que se quer trilhar passa por «adaptar a vidas das instituições e da nossa coletividade às exigências da mudança brusca do clima, que coloca em perigo a nossa vida neste mundo».

A Câmara de Loulé lembra que, entre os projetos que dizem respeito às políticas ambientais «destaca-se a plantação de 400 mil árvores nos próximos 5 anos, a criação de um parque de 600 bicicletas públicas em Quarteira, Vilamoura, Loulé e Almancil e a criação de uma reserva natural local na zona da Almargem».

 



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