Chegam aos poucos, entram na sala do Palácio Gama Lobo (Loulé), onde vai decorrer o Clube de Leitura Teatral, pegam na fotocópia do livro que se encontra em cima da cadeira, sentam-se e começam a folheá-la. A convidada da sessão é Lídia Jorge e “Instruções para Voar” é a obra da escritora louletana escolhida como fio condutor para a troca de ideias deste primeiro encontro presencial pós-confinamento.
Foi nesta quinta-feira, 20 de Maio, que a autora algarvia marcou presença no Clube de Leitura Teatral de Loulé, uma organização da Mákina de Cena.
«Sabendo que eu tinha uma peça e que gostavam de fazer a sua leitura, a Mákina de Cena convidou-me para estar presente. Não sabia deste projeto, mas achei-o bastante interessante», diz Lídia Jorge ao Sul Informação, ainda antes de começar o encontro.
A leitura calha a todos e, um a um, os 14 participantes na sessão vão lendo “Instruções para Voar”, a história de Emil e de Laura, «dois desconhecidos que se cruzam num espaço de ninguém, defendendo cada um, em face do outro, a razão limite que os conduziu àquele lugar», conta Lídia Jorge.
Para a escritora, este é um projeto «muito interessante», onde os participantes «ensaiam aquilo que é a experiência de um ator», fazendo a leitura em voz alta e dramatizada perante um grupo.
«Esta iniciativa promove vários aspetos da personalidade de uma pessoa, seja o fundamento da subjetividade, seja o treino da voz, onde ouvir-se o texto em voz alta ajuda a criar uma série de capacidades que se desenvolvem», conta.
Lídia Jorge salienta ainda que, o facto de ser uma atividade em grupo, «aproxima as pessoas, tendo um efeito de vizinhança, de confraternização e de aproximação, muito importante nas sociedades».
Depois da leitura do texto na íntegra, é altura de começar a troca de ideias. Lídia Jorge explica que «reler o texto, à distância destes anos, dá-me ideias de como o poderia ter feito melhor», realçando que, «um dia, gostaria de voltar a reescrever a peça».
A obra “Instruções para Voar” surgiu em 2015 a convite da Companhia de Teatro do Algarve (ACTA), tendo sido encenada por Juni Dahr, atriz e encenadora da companhia norueguesa Visjoner Teater, e contando com as interpretações dos atores Luís Vicente e Elisabete Martins.
Quanto ao Clube de Leitura Teatral de Loulé teve o seu início em Abril de 2019, contando com a presença de dramaturgos portugueses para participarem na leitura de um dos seus textos. A sessão é toda orientada pelos escritores convidados.
Com a pandemia de Covid-19, a organização decidiu realizar uma série de sessões online, «que funcionaram muito bem e onde percebemos que há um público fiel», tendo chegado à conclusão de que «a iniciativa funciona em ambos os formatos», explicou Carolina Santos, fundadora da associação Mákina de Cena.
«Neste mês, em que celebramos o regresso ao formato presencial e em que a Lídia Jorge ganha o prémio da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e da Câmara Municipal de Loulé, sentimos que ela seria uma ótima convidada para festejar este regresso», concluiu.
Fotos: Rúben Bento | Sul Informação
Comentários