Albufeira quer criar Museu do Barrocal, Hotel Rural, parque verde e muito mais em Paderne

Plano está agora em discussão pública até 7 de Junho

A criação do Museu do Barrocal, a construção de um Hotel Rural e de uma variante à rua 5 de Outubro, obras na sede da Sociedade Filarmónica e a reabilitação do antigo mercado. Estas são apenas algumas das muitas ações previstas no Programa Estratégico de Reabilitação Urbana de Paderne, apresentado esta sexta-feira, 21 de Maio, e que se prevê que seja implementado durante 10 anos, num investimento de 25,6 milhões de euros. 

O Auditório D. Paio Peres Correia, na sede da Caixa Agrícola de Paderne, recebeu duas sessões, ambas muito concorridas, de apresentação desta iniciativa de monta da Câmara de Albufeira.

A ideia de avançar com este Programa Estratégico não vem de agora, mas, segundo o presidente da Câmara José Carlos Rolo, este é o momento de investir em Paderne, uma zona «demograficamente empobrecida».

«Não direi que está esquecido, mas é um território que tem cada vez menos pessoas. Não há motivações para que as pessoas cá fiquem e nota-se que, além da reabilitação urbana, há a necessidade de estimular a atividade económica», disse o autarca, em declarações ao Sul Informação.

 

Foto: Câmara de Albufeira

E é exatamente isso que este programa combina: as obras com o estímulo da economia. No total, são 42 as chamadas “ações estruturantes” que compõem o ambicioso plano.

Um dos pontos centrais é a reabilitação de antigos edifícios para novos usos, como a criação de um posto de turismo, na Rua 5 de Outubro, do Museu do Barrocal, na Rua Miguel Bombarda, ou de um hotel rural, o primeiro da aldeia de Paderne.

Ao nosso jornal, José Carlos Rolo garantiu que alguns desses edifícios, com elevado valor patrimonial e arquitetónico, «já são propriedade municipal», enquanto outros «continuam a ser privados, o que não implica que não sejam os particulares a fazer as obras».

Outra das ideias deste plano é a criação de uma Casa das Artes, de um espaço para ateliers e residências artísticas, na antiga Escola Primária, a reabilitação do antigo Mercado e ainda a requalificação dos edifícios da Sociedade Filarmónica de Paderne e da Casa do Povo.

O Programa inclui também a criação de um evento anual ligado às artes, de um parque verde na zona Norte de Paderne, com ligação à ribeira, e a construção de uma variante à 5 de Outubro, a principal rua da aldeia por onde se entra e sai.

 

Praça da República, perto da Igreja Matriz de Paderne – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Neste caso, essa obra ainda será sujeita a um estudo de mobilidade urbana, porque um dos principais objetivos é barrar a circulação automóvel, na Rua 5 de Outubro, passando a ser permitida apenas a residentes.

De resto, tornar artérias de Paderne apenas destinadas à mobilidade suave, como andar a pé ou de bicicleta, é também uma das ambições da autarquia albufeirense.

Em declarações ao Sul Informação, o presidente da Câmara de Albufeira explicou que o facto de este plano ser a 10 anos fará com que possa haver alterações.

«É uma estimativa a longa distância, mas estes são os traços gerais», disse.

Para o financiamento de tantas obras, a autarquia conta concorrer a fundos comunitários, além de destinar orçamento municipal a este programa.

Por agora, o plano está agora em discussão pública até 7 de Junho e todos podem dar o seu contributo.

Depois, haverá as aprovações nos órgãos autárquicos, o que faz com que José Carlos Rolo estime que «só em 2022 é que possa começar com algumas obras no terreno».

Em paralelo com estas iniciativas da autarquia, o presidente da Câmara defendeu que tem «de haver sensibilização dos privados, também com apoios logísticos, de incentivos fiscais ou de redução de taxas municipais, para promover e incentivar essa reabilitação».

 

De todos os projetos previstos, o mais antigo, já com mais de uma dezena de anos, é o do Museu do Barrocal, que deveria ser instalado num edifício no centro da aldeia, construído no século XIX, onde funcionou uma mercearia, uma farmácia, uma fábrica de chapéus e alfaiataria, tendo até, durante a I República, acolhido uma loja maçónica. Durante mais de meio século foi a sede do Padernense Clube, casa da banda filarmónica local, criada em 1858.

O projeto do Museu do Barrocal foi encomendado, em 2009, ao arquiteto Álvaro Siza Vieira, prémio Pritzker de Arquitetura em 1992. Desidério Silva, presidente da Câmara de Albufeira na altura, salientava querer criar um «efeito Siza», só por si «altamente motivador» de uma visita a Paderne.

O custo total previsto desse ecomuseu era de cerca de 2,4 milhões de euros, incluindo 260 mil para a encomenda ao conceituado arquiteto portuense.

Em Março de 2010, Idalina Nobre, responsável pelo Museu Arqueológico de Albufeira, lançou o livro “Um olhar sobre o Museu do Barrocal”, onde descrevia a instalação e o espólio a incluir nesse futuro espaço.

Apesar desse início auspicioso, até agora o projeto do Museu do Barrocal não foi ainda concretizado, em Paderne.

 



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