A alegada falta de condições no Campus de Portimão da Universidade do Algarve motivou uma greve, esta quinta-feira, dia 6, convocada pelo grupo de estudantes Portimão U. No entanto, a Associação Académica não corrobora as críticas, não reconhece a legitimidade desta suposta secção autónoma e a reitoria não foi informada de qualquer greve.
Num comunicado enviado às redações pela Portimão U, Fábio Zacarias, o dirigente do grupo de alunos, repudiou «as ações da Associação Académica da Universidade do Algarve, que levam à não defesa dos direitos dos estudantes do polo de Portimão».
Em causa estão as «condições precárias, deficitárias e insuficientes das infraestruturas portimonenses», que passam pela «falta de condições dignas para a funcionária da limpeza, sendo o seu balneário a maior prova de desumanidade vivida no polo», e por «problemas infraestruturais em toda a extensão do Pólo».
Isto levou à convocação de uma greve geral de alunos, no campus portimonense.
No entanto, garantiu ao Sul Informação fonte da Reitoria da UAlg, «hoje realizaram-se exames em Portimão com total normalidade, sendo que estiveram uma dezena de estudantes à porta do polo».
A AAUAlg, por outro lado, demarcou-se de toda a comunicação e de todas as ações praticadas pelo grupo estudantil Portimão U, salientando que «não está favorável ao modo em que o comunicado» emitido pelo grupo «foi apresentado à sociedade e à comunidade académica», diz Vitor Pereira, presidente da AAUAlg, num comunicado publicado nas redes sociais.
Até porque, disse a associação académica, «a denominada “Secção Autónoma” Portimão U não consta dos quadros da AAUAlg, pois não é uma Secção Autónoma legalizada».
Vitor Pereira garantiu já ter pedido um parecer jurídico ao advogado, «o qual confirma o incumprimento dos Estatutos da AAUAlg» por parte do grupo de alunos de Portimão.
A Associação Académica salientou ainda que Fábio Zacarias, que assina o comunicado da Portimão U, «tem conhecimento do trabalho que está a ser desenvolvido pela equipa reitoral da UAlg, juntamente com a AAUAlg, para colmatar as questões apresentadas no comunicado».
Em relação à greve dos estudantes em Portimão, «a AAUAlg não teve conhecimento da mesma e acha que as medidas que estão a ser tomadas são excessivamente drásticas, tendo em vista o panorama atual discutido com a equipa reitoral».
Também a reitoria da Universidade do Algarve disse ao Sul Informação não ter recebido «qualquer comunicação de greve por parte de estudantes da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo do polo de Portimão», afirmando que «as instalações em causa são seguras, tendo sido alvo de obras de beneficiação em 2018/2019», pelo que «refutamos as declarações do estudante Fábio Zacarias».
«A UAlg desconhece a existência de uma associação de nome “Portimão U” que represente os estudantes. A única associação que representa os estudantes da Universidade do Algarve é AAUAlg – Associação Académica da Universidade do Algarve, fundada a 1 de Outubro de 1997», salientou a universidade.
As garantias da reitoria contrastam com as acusações da Portimão U, que alega que «a estrutura da antiga muralha de Portimão ameaça ruir para cima das salas de aula, a sala de servidores da Universidade conta com infiltrações e com paredes a cair para cima dos referidos servidores».
A «existência de telhas que contêm partículas de fibrocimento (amianto)» é outro dos aspetos salientado por Fábio Zacarias.
O dirigente da Portimão U afirma ainda que a falta de condições de segurança é «evidente quando constatamos que existem alarmes de incêndio partidos (recentemente retirados e não substituídos) e a não finalização com brio das obras de recuperação do auditório, deixando cadeiras partidas, ligações elétricas expostas e a inexistência de extintores suficientes».
Também o entulho espalhado é denunciado pelo aluno, bem como a «escassez de camas» e a «fraca cobertura de Internet» nas residências universitárias.
Os alegados problemas existentes no campus portimonense da UAlg foram originalmente denunciados pela Portimão U no debate “Portimão Cidade Universitária: Benefícios para a Cidade e para a Região”.
Neste debate, participaram diversos cidadãos ligados à política, que segundo Fábio Zacarias, concluíram que «o atual Polo é desumano e é necessária uma rápida intervenção, de modo a se atingir a igualdade de direitos e condições dos estudantes dos diferentes campi da Universidade do Algarve e a consequente potenciação da região enquanto localidade formadora».
Em nota enviada às redações, o PSD/Portimão diz já ter tomado conhecimento da greve, tendo tido «oportunidade de se reunir com a Associação Portimão U».
Carlos Gouveia Martins, presidente do PSD/Portimão, «manifesta solidariedade para com as centenas de jovens que decidiram escolher Portimão, reiterando a sua disponibilidade política para se reunir novamente na procura de mais soluções e propostas».
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