“Velório” pela Cultura também se fez na Baixa de Faro

O protesto teve um caixão como grande símbolo

Foto: Rúben Bento | Sul Informação

«Aqui jazem profissionais da cultura, das artes e dos eventos» – lê-se na lápide da campa improvisada. Este foi um dos símbolos do “velório”, organizado pelo grupo informal Vigília Cultura e Artes, que decorreu hoje, 21 de Abril, em sete cidades, incluindo Faro, sendo uma homenagem a «todos os profissionais [do setor] que ficaram para trás», vítimas da pandemia.

11 meses depois do último protesto, os profissionais do setor saíram novamente às ruas, por todo o país, desta vez com o mote “E se tivéssemos ficado sem profissionais da cultura?”.

O protesto decorreu em Lisboa, Porto, Faro, Évora, Funchal (Madeira), Angra do Heroísmo e São Miguel (Açores).

A capital do Algarve acolheu esta vigília que decorreu sem grandes manifestações, mas com muito simbolismo.

Patrícia Amaral, uma das organizadoras da iniciativa na região, explicou ao Sul Informação que este foi «um gesto simbólico».

«Não considero isto um protesto. Penso que o protesto está lá indiretamente, simbolicamente, porque estamos a chamar a atenção para os problemas dos profissionais do setor cultural».

«Isto tem um lado triste, porque estamos a falar de coisas más que aconteceram, mas queremos incentivar o lado de esperança também», acrescentou.

O protesto teve um caixão como grande símbolo. «Alguma coisa morreu. E nós sabemos que morreu e que, muito provavelmente, não volta atrás. Não foram só profissionais desta área, mas também alguns paradigmas que esperamos que morram também. Tem de se prestar mais atenção a esta área, que não está bem legalizada», acrescentou a organizadora.

O “velório” simbólico, que decorreu hoje, 21 de Abril, entre as 10h00 e as 17h00, na Doca de Faro, foi um tributo a todos os profissionais da cultura que ficaram lesados em consequência da pandemia, tendo ficado «muita gente para trás, muitos deles não sabendo se vão conseguir reerguer-se».

«Pretendemos que este seja um gesto muito reflexivo, muito de simpatia e compaixão com o outro. Pararmos um bocado para pensar nos outros que estão a passar dificuldades e que estão mal», enquadrou Patrícia Amaral.

Depois desta iniciativa, fica a promessa de que os profissionais do setor não vão desistir: «nós estamos do lado certo, o que nos move está certo».

Quanto ao futuro cultural no Algarve, Patrícia acredita que «temos todas as condições para criar, com muito cuidado e com muita qualidade, um projeto algarvio que mostre ao resto do país que nós somos mais do que turismo e que também temos muita cultura para exportar, cada vez mais».

 

Fotos: Rúben Bento | Sul Informação

 



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