Um turismo «galinha dos ovos de ouro» e muito mais em debate na Albufeira 21-Summit

Na manhã desta sexta-feira foram abordados quatro temas

O turismo, que será «a galinha dos ovos de ouro» que resgatará o Algarve da atual crise, as áreas afins da Hotelaria e Restauração e da Animação Turística, mas também a Indústria, Comércio e Serviços, estiveram em foco ao longo da manhã de hoje, na Albufeira 21-Summit, que começou ontem e decorre até amanhã em Albufeira.

Ao longo da manhã, decorreram quatro painéis distintos, cada qual focado num destes temas, primeiro por palestrantes e, depois, em mesas redondas.

A abrir o dia, além do anfitrião José Carlos Rolo, a palestra sobre o turismo esteve a cargo de João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve.

E foi dele uma das frases fortes da manhã: «Há espaço para o Turismo crescer em Albufeira e ninguém duvide de que se foi a galinha dos ovos de ouro que nos tirou de uma crise anterior, será também o que nos vai tirar desta».

João Fernandes aproveitou para apontar o caminho de futuro, que, na sua visão, passa por «controlar a pandemia (criar planos de contingência nas empresas em articulação com ARS – Algarve), ajudar as empresas e trabalhadores (o Algarve regista a taxa de desemprego mais elevado do país) e retomar as ligações aéreas e promover o destino».

O tema do turismo foi, de seguida, aprofundado, numa mesa redonda que juntou Ricardo Clemente, vereador da Câmara de Albufeira, Vítor Vieira, diretor dos Apartamentos do Parque, e João Guerreiro, diretor do Hotel Rocamar.

Neste debate, os participantes falaram , principalmente, sobre «as perspetivas para Albufeira daqui a dez anos, a certificação Turística e o Turismo Sustentável, se o produto sol e mar está consolidado e quais os destinos de referência comparativamente a Albufeira», segundo a Câmara.

João Guerreiro já vê alguma luz ao fundo do túnel, considerando que «as perspetivas são positivas a partir da segunda quinzena de Maio e Junho, dependendo da decisão do Reino Unido em integrar o Algarve em Zona Verde a partir de 17 de Maio».

O empresário também realçou «a necessidade de controlar o excesso de oferta e a urgência de a requalificar para podermos ser competitivos em relação aos nossos concorrentes», apontando como «fundamental» a criação de uma Escola de Hotelaria em Albufeira.

Já Ricardo Clemente, considera que estamos a «vender mal» o produto, apesar deste ser «excelente», defendendo que «há que valorizar o Mar, trabalhar melhor os eventos em época baixa, em articulação com as unidades hoteleiras, fazer a reconversão de algumas unidades de alojamento para a área da Saúde e recuperar a identidade de Albufeira como fator diferenciador».

Vítor Vieira, por sua vez realçou a necessidade de diversificar o produto, promovendo o Turismo de Natureza, sobretudo em época média/baixa, que é muito procurado por turistas holandeses e canadianos realçando, no entanto que «é o produto sol e mar que paga as contas», pelo que não pode ser descurado.

 

José Leandro, «decano do Turismo de Albufeira», foi o palestrante convidado para lançar o tema Hotelaria e Restauração.

O empresário, natural de Paderne, considerou que «temos que ter uma identidade para vender o que temos», lembrando as dificuldades nos anos 60, nomeadamente «as ruas esburacadas, a deficiente energia elétrica, as três horas para se poder fazer uma ligação telefónica, a falta de água e demais situações».

Ainda assim, recordou, no fianl da estadia os turistas «partiam com pena e depois regressavam trazendo amigos e vizinhos».

«Aqui reside o paradoxo com o qual o turismo em Albufeira cresceu», disse José Leandro.

A temática da Hotelaria e Restauração foi, em seguida aprofundada numa mesa redonda, que contou com a participação de Cristóvão Lopes, empresário e delegado da AHRESP, Rui Justo, diretor do Balaia Golfe Village e representante da APAL e com Carlos Oliveira, diretor geral da Vagatur.

A animação turística foi o tema que se seguiu, com Élio Vicente (Zoomarine), em representação da ANIMA, a ser chamado a fazer a intervenção de enquadramento.

O representante da associação que junta as empresas de animação turística revelou que este setor tem «um impacto na economia de 20%», no Algarve.

«O Turismo poderá não ser uma alavanca como foi anteriormente, há uma enorme incerteza e a recuperação deverá começar só em 2022, pelo que há a necessidade de tomar medidas urgentes», considerou.

Entre elas contam-se «a necessidade de apoios financeiros, a promoção especializada, o reforço na confiança, a luta contra a sazonalidade, melhorar e saber comunicar a perceção de segurança junto dos visitantes e estar atento à concorrência»

Na mesa redonda dedicada a este tema, participaram Pedro Bacalhau, diretor geral da AlgarExperience, Carla Ponte, chefe de divisão de Turismo da autarquia e Carlos Mealha, diretor do Grupo Mealha.

Paulo Alentejano, presidente da ACRAL, foi o palestrante escolhido para o último painel da manhã, sobre o tema Indústria, Comércio e Serviços.

Para o dirigente associativo «a incerteza continua a ser enorme», lembrando que «96% das empresas em Albufeira neste setor têm menos de 10 funcionários, o que causa bastante apreensão, até porque das 77 mil empresas existentes na região, 70% refere-se ao setor de comércio e serviços».

Isto leva Paulo Alentejano a considerar que «a crise económica não pode esperar pela resolução da crise pandémica» e que terá de haver apoios específicos para a região algarvia.

A última mesa redonda da manhã contou com os empresários Helena Dias, Honório Teixeira e António Xufre.

 

 



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