Mais de cem vinhos do Algarve disputam «o melhor concurso de sempre»

Concursos dos Vinhos do Algarve e das Cidades do Vinho foram apresentados

«Cento e poucos vinhos», de pelo menos 25 produtores algarvios, deverão participar, no dia 6 de Maio, em Lagoa, no XIII Concurso de Vinhos do Algarve, uma organização da Comissão Vitivinícola regional. O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira, na apresentação que teve lugar no Convento de São José, naquela cidade, onde o concurso irá ter lugar.

O certame, que vai decorrer no dia anterior ao do Concurso Cidades do Vinho, também marcado para Lagoa, mas no dia 7, pretende ser «o melhor concurso de sempre», tanto em termos de participantes e de qualidade dos vinhos, como de organização. O objetivo é simples: «estimular a produção de vinhos de qualidade na região» e a sua «notoriedade».

Sara Silva, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve (CVA), explicou que uma das apostas é na qualidade do painel de jurados, que integra personalidades ligadas ao mundo vitivinícola na região algarvia e no resto do país.

Os vinhos do Algarve, recordou esta responsável, sofreram mais que os de outras regiões com as restrições causadas pela pandemia. É que, salientou Sara Silva, «são vinhos consumidos sobretudo na região» e muito no «canal Horeca», ou seja, na restauração e na hotelaria, precisamente os setores mais afetados. Com o «turismo limitado» e o «encerramento, até há pouco tempo, do canal Horeca», as vendas dos vinhos algarvios sofreram quedas acentuadas.

 

Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Mas, como salientou Luís Encarnação, presidente da Câmara de Lagoa, finalmente está «a ver-se a luz ao fundo do túnel», com o aumento da vacinação, o avanço do desconfinamento «e a retoma da economia e da normalidade nas nossas vidas».

Para celebrar esta espécie de renascimento, a presidente da CVA anuncia «novidades» no Concurso de Vinhos do Algarve, que conta com o apoio e o empenho do Município de Lagoa. A primeira dessas novidades é o facto de o concurso «passar a ser feito com o recurso a meios digitais, tablets e computadores», o que representa «um passo qualitativo». Ou seja, a apreciação do painel de jurados, em vez de ser feita à mão, irá ser feita digitalmente.

Por outro lado, apesar de ter uma equipa pequena, «toda a organização e secretariado do concurso serão assegurados pela estrutura da CVA». Sara Silva classificou isso como «um salto de independência e de maior capacidade de organização».

Além disso, também pela primeira vez, «chamámos a nós a responsabilidade de escolher os jurados do concurso», sendo que todos serão pessoas «de valor reconhecido dentro e fora da região».

Sara Silva, presidente da CVA – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Em termos de prémios, serão atribuídas a Grande Medalha de Ouro, ao melhor vinho do certame, e ainda Medalhas de Ouro e de Prata. As de bronze foram eliminadas, já que, nos últimos concursos, todos os vinhos concorrentes tinham pelo menos qualidade para serem pontuados como de prata.

Respeitando as normas neste tipo de concursos oficiais – este é reconhecido oficialmente pelo Instituto da Vinha e do Vinho – está estipulado que «dos vinhos inscritos, apenas 30% serão alvo de medalhas». Ou seja, serão premiados os melhores dos melhores.

O presidente da Comissão Técnica do Concurso de Vinhos, depois de apresentar vários aspetos mais técnicos do certame, salientou que avaliar a qualidade dos vinhos tem que ter em conta as especificidades de cada região. No Algarve, «estamos numa região de clima quente, onde os vinhos têm mais teor alcoólico, mais corpo e menos acidez». E isso são características que os jurados terão de ter em conta, disse.

O certame dedicado aos Vinhos do Algarve junta-se ao Concurso Cidades do Vinho, que tem carácter nacional, como explicou José Arruda, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Municípios do Vinho.

Marcado para dia 7 de Maio, também no Convento de São José, em Lagoa, esta competição contará com 35 produtores de todo o país, incluindo as ilhas. Daqui sairão os representantes de Portugal no Concurso Europeu das Cidades do Vinho, marcado para Modena, em Itália, em Setembro.

José Arruda adiantou que este será o ano com mais vinhos portugueses nesse certame internacional: «haverá 2000 vinhos, dos quais cerca de 600 são portugueses».

Tendo em conta que «o Algarve é a região do país com mais vinhos no Concurso Cidades do Vinho», deverá ser também a que levará mais vinhos a Itália.

Prova de vinhos em tempos de pandemia – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

O presidente da Câmara Luís Encarnação sublinhou que «faz todo o sentido que Lagoa seja escolhida para estes eventos». É que, recordou, «em cinco anos triplicámos o número de produtores, que são agora nove», com possibilidades de «em breve chegar à dezena».

«O vinho é importante para a economia, mas é também um fator identitário de Lagoa», acrescentou o autarca, dizendo que «já se produz vinho no nosso território há mais de 2000 anos».

Mas Luís Encarnação fez ainda questão de salientar a atual ligação entre o vinho, a gastronomia e o turismo. Quando as restrições da pandemia terminarem, essa ligação poderá dar ainda maiores frutos.

O edil lagoense fez igualmente votos de que «o extraordinário trabalho que tem sido feito pelos produtores, pela CVA e pela Direção Regional de Agricultura possa ser reconhecido neste Concurso de Vinhos».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 



Comentários

pub