Golfe «é setor estratégico que não pode morrer» no Algarve

Tee Times Golf é uma das principais agências no ramo do golfe em todo o país

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

A pandemia trouxe «muitas incertezas», mas Carlos Ferreira, fundador e gerente da Tee Times Golf Agency, uma das principais agências de golfe do país e que está sediada em Vilamoura, tem uma profunda convicção: este é um «setor estratégico para o Algarve que não podemos deixar morrer». 

A história da criação da Tee Times Golf Agency, fundada há cerca de 20 anos, pode ser explicada por «uma sequência de coincidências».

«Houve a abertura das low cost na aviação, o desenvolvimento do ramo imobiliário e começou a haver outro tipo de cliente que ou tinha casa no Algarve ou já podia viajar de uma maneira mais autónoma», conta o empresário ao Sul Informação.

Com base nisto, os jogadores de golfe passaram a precisar apenas do «green fee», um género de passe que permite utilizar os campos, com descontos.

«Inicialmente, as pessoas vinham para o Algarve jogar golfe através das operadoras tradicionais estrangeiras, com pacote completo, incluindo viagem e alojamento. Com os green fees, isso deixou de existir e o golfe passou a ser um produto mais acessível a todos», explica.

Mas a experiência de Carlos Ferreira no mundo do turismo já era antiga – nomeadamente na área da hotelaria, o que também o impulsionou a apostar no setor do golfe.

 

 

Hoje, tem acordos com todos os campos de Portugal e também com muitos em Espanha, com resultados à vista.

«É uma experiência que está a ser muito interessante, com um crescimento sustentável. Em 2019, fechámos o ano com 95 mil voltas, números muito bons», adianta.

2020 também estava a correr bem…até Março. «A nossa faturação, no ano passado, caiu mais de 75%», lamenta Carlos Ferreira.

A pandemia veio trocar as voltas a um setor com tantos pergaminhos no Algarve.

Para se ter uma ideia, a nível regional, de acordo com dados da Associação dos Hoteleiros e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), o número médio de voltas por campo (18 buracos) foi de 1205, 21,1% abaixo do registado no mês homólogo em 2019.

A vacinação está a avançar em todo o mundo, e permitem ter alguma esperança na retoma das viagens e da atividade turística, mas as perspetivas para este ano continuam a ser «muito incertas».

 

 

«As pessoas estão retraídas, vão fazendo perguntas, pedem preços, mas a confirmação não está a acontecer porque ainda não temos dados concretos de que será possível viajar e em que condições para Portugal e Espanha. É tudo uma grande incerteza e vamos ver como é que tudo se vai passar», diz Carlos Ferreira.

Na opinião do responsável pela Tee Times, era possível «fazer mais e melhor» para apoiar o setor do golfe.

«Poderá haver aqui algum movimento, de residentes, mas não são essas pessoas que contam – o valor é residual. Vão dar um movimento de 10, 20% aos campos, mas não é isso que faz gerar o negócio», considera Carlos Ferreira.

«Está tudo tão incerto que não conseguimos ter um otimismo firme e é isso que falta. Temos tido algumas janelas que se abrem, mas que vão passando. No ano passado, em Setembro, tivemos um pico de reservas bom, por exemplo, com um Outubro também interessante, mas depois voltou tudo a cair», acrescenta.

Certo é que este é um «setor estratégico para o Algarve». «A indústria é do melhor, os campos estão bem organizados e estruturados. Temos uma operação que é muito boa a nível mundial, estamos no topo, em termos do serviço prestado», realça.

«Não podemos deixar morrer este setor», conclui.

 

 



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