Futuro dos sem-abrigo no Algarve vai ser construído com Legos

«Vamos mudar a vida de muitas pessoas e fazer um Algarve melhor»

Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação – Arquivo

O projeto Legos, que vai apoiar os sem-abrigo de sete concelhos algarvios (Albufeira, Faro, Lagos, Loulé, Portimão, Tavira e Vila Real de Santo António), arranca em Maio. O grande objetivo é «dar dignidade» a quem vive na rua, com respostas sociais inovadoras. 

Esta iniciativa foi apresentada na passada terça-feira, 29 de Março, num webinar que juntou Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, e Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

O Projeto Legos é desenvolvido por cinco entidades beneficiárias parceiras: MAPS – Movimento de Apoio à Problemática da Sida, que assume a coordenação da parceria, GATO – Grupo de Ajuda a Toxicodependentes, CASA – Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, GRATO – Grupo de Apoio aos Toxicodependentes e APF – Associação para o Planeamento da Família.

A grande particularidade da iniciativa é que ambiciona apoiar 593 sem-abrigo, com um gestor de caso. Ou seja: alguém que acompanha, de forma individual, cada pessoa.

Vânia Cavaco, do GATO, explicou que será feita uma «intervenção focada na pessoa, através de um plano individual».

«Ouvimos todos os municípios e concebemos o projeto de acordo com as necessidades. As equipas irão à rua, ao encontro das pessoas. Faremos atividades sempre adaptadas a cada pessoa e de acordo com as suas necessidades, com apoio psicossocial, elaboração de um projeto de vida, procurando integrar através da cultura e do desporto», acrescentou.

A isto, juntam-se metas como a criação de bolsas de emprego e voluntariado.

Uma das grandes particularidades do “Legos” é que vai criar, em cada município, um espaço físico que servirá como «base», explicou Fábio Simão, presidente do MAPS, ao Sul Informação. 

«Nesses locais, vamos ter banco e tratamento de roupas, mas também apoio alimentar e espaços para outras atividades», enquadrou.

 

 

«O que ambicionamos é representar a região e a voz das pessoas que necessitam. Este projeto não é para sem-abrigo: é para pessoas. Podia ser qualquer um de nós e tudo foi feito a pensar assim: se fôssemos nós, a passar por esta situação, de que precisaríamos?», disse o responsável do MAPS, na apresentação do “Legos”.

Apesar de, por agora, os números oficiais darem conta de 593 pessoas sinalizadas como sem-abrigo nestes sete municípios, Fábio Simão explicou que, dada a pandemia, este valor já aumentou.

«Os números cresceram, mas isso não nos assusta», disse.

«O que queremos é promover a integração, atingir a meta nacional de dar um gestor de caso a cada sem-abrigo e vamos conseguir isso no Algarve. É um compromisso que assumimos e é quase um sonho que temos a certeza de que vamos atingir», acrescentou.

Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, fez questão de realçar o «trabalho em rede» que permitirá pôr este projeto do terreno.

«Esta é uma medida de coesão social que também constrói coesão territorial, num trabalho do território para o território. Graças ao vosso empenho, o Algarve está mais preparado para dar resposta de futuro num território que tanto merece e tanto potencial tem», considerou ainda.

Já Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, defendeu que «encontrar soluções para os sem-abrigo é essencial».

«O Algarve é a primeira região que se junta para esta resposta concertada, dando voz a quem, neste momento, muitas vezes não a tem», disse também.

De resto, o projeto “Legos” vai trabalhar de perto com outra resposta social que já no terreno – os apartamentos partilhados, implementados nos concelhos de Vila Real de Santo António, Tavira, Faro, Loulé, Portimão e Lagos, algo vincado por Margarida Flores, diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social.

«Acredito verdadeiramente neste projeto regional de sete municípios que acreditaram neste trabalho conjunto. Vamos mudar a vida de muitas pessoas e fazer um Algarve melhor», concluiu.

 

 



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