Falta de solução para madeira ardida preocupa autarca e proprietários florestais de Monchique

Rui André quer reunião de urgência com o Governo

Rui André, presidente da Câmara de Monchique, os empresários e os proprietários florestais do concelho estão «preocupados» com a falta de solução para a madeira ardida no incêndio de 2018.

Em nota enviada às redações pela Câmara de Monchique, o autarca apela ao Governo por «uma solução e apoio imediato que permita ultrapassar esta situação que põe em causa a sustentabilidade da floresta do concelho, potencia o risco de incêndio, o abandono e desordenamento do território e pode resultar também em problemas fitossanitários, com o surgimento de pragas e doenças, com impactos na flora e fauna».

Rui André reuniu-se, esta quinta-feira, com a Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios de Monchique, depois de ouvir «as preocupações dos empresários ligados à extração de madeira e a associação de produtores florestais do barlavento algarvio (ASPAFLOBAL), que ameaçam abandonar os terrenos pela falta de mercado que permita a continuidade desta atividade e escoamento da madeira ardida nos últimos incêndios».

Segundo explica o a nota, «até Fevereiro de 2021, o mercado funcionou com regularidade, sendo os materiais lenhosos queimados encaminhados para a fábrica de biomassa mais próxima deste concelho, situada no Cercal do Alentejo, a cerca de 100km, para transformação em pellets/produção energética».

 

 

No entanto, «o recente processo de insolvência desta fábrica, que aparentemente se encontrava a executar obras de remodelação, originou um enorme entrave à retirada desta madeira queimada, uma vez que o corte e transporte deste material deixa de ter viabilidade económica, principalmente pelo aumento do preço do transporte para qualquer outra central de biomassa».

Segundo a Câmara de Monchique, «o inesperado encerramento desta fábrica apanhou de surpresa as empresas do concelho que entretanto foram retirando este material, acumulando-o em pilhas de madeira um pouco por todo o concelho, nos chamados “carregadouros”, esperando a reabertura desta fábrica. Esta situação constitui mais uma razão de preocupação, pelo facto destas toneladas de material poderem potenciar o risco de incêndio e um perigo acrescido, particularmente numa altura em que se aproxima o período crítico».

Tendo em conta «os impactos que este alarmante problema pode constituir na gestão florestal e as repercussões em termos ambientais e
comunitários», Rui André «apela ao Governo para a procura de uma solução, estando este município disponível para colaborar na mesma, desde que daí resultem medidas concretas e imediatas que permitam a retoma desta atividade e o normal funcionamento deste mercado».

Para o autarca, «a solução de curto prazo passa por viabilizar a extração desta matéria orgânica e fomentar o transporte e exportação para outra fábrica de biomassa, como é o exemplo de Huelva, em Espanha, sendo que os preços aí praticados são semelhantes aos da fábrica do Cercal do Alentejo».

Contudo, prossegue, «o acréscimo de mais 100 quilómetros representa um acréscimo para o dobro dos custos de transporte que inviabiliza a operação».

A preocupação pelo «inevitável abandono dos povoamentos que ainda não foram intervencionados e o facto de se estar a aproximar o fim da janela de oportunidade para limpar estes terrenos, passados que estão quase três anos do grande incêndio, exigem uma pronta resposta» para Rui André, até porque, «neste momento, existem cerca de 5 mil toneladas cortadas e estacionadas em carregadouros e cerca de 30 mil por extrair dentro da área ardida no concelho de Monchique».

O presidente da Câmara Municipal de Monchique pretende ainda ter uma reunião «com caráter de urgência com o Governo de forma a sensibilizar a tutela para este problema grave que nunca foi atendido na fase pós-incendio mas que agora não pode ser mais adiado, sob pena de pôr em causa a gestão deste território e constituir uma dispensável desmotivação face ao ambicioso e estratégico Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem em curso».

 




 

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