Esta “Bezaranha” põe centenas de trabalhadores da cultura “a mexer”

Novo programa cultural junta as 16 Câmaras do Algarve, a Direção Regional de Cultura e beneficiará centenas de agentes culturais algarvios

Vai beneficiar largas centenas de trabalhadores da cultura do Algarve, levar espetáculos aos 16 municípios da região e promover o trabalho em rede. O projeto Bezaranha já começou e proporcionará a residentes e visitantes um autêntico vendaval de iniciativas, até final do ano.

Ao todo, estão previstas mais de 200 iniciativas culturais e 30 itinerâncias entre municípios. Tanto espetáculo e o financiamento de 800 mil euros, garantido pelo Plano Operacional CRESC Algarve 2020, vão permitir apoiar cerca de 700 profissionais ligados à área da cultura.

O dinheiro vai chegar não só aos artistas, mas a todos os agentes culturais, «incluindo os técnicos de som, de luz e audiovisuais e as empresas de montagem de palcos. No fundo, financia toda a produção», explicou ao Sul Informação Pedro Bartilloti, coordenador cultural deste projeto.

Aliás, não é à toa que este projeto tem como mote “Há ventos que vêm por bem”.

O  facto do Bezaranha ser quase exclusivamente «para os agentes locais», será a grande diferença deste programa de eventos, para outros que se realizaram no passado, como o Allgarve ou o “365Algarve”.

«Os outros eram mais abrangentes, ao nível da proveniência dos candidatos. Neste momento, sabemos que mais de 90% das verbas serão entregues a agentes culturais residentes no Algarve e que não vão para artistas ou empresas de fora», revelou.

No entanto, o valor do financiamento global, 800 mil euros, está muito aquém destes dois programas e aparece numa altura em que ainda não há uma resposta do Governo sobre se o 365Algarve é para continuar ou não.

 

 

Esta vertente de apoio ao tecido cultural regional é um dos quatro pilares da Bezaranha, que nasceu de uma candidatura ao CRESC Algarve 2020, liderada pela AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, que envolve os 16 municípios algarvios e a Direção Regional de Cultura, que abrirá à iniciativa os seus mais emblemáticos monumentos.

«Este projeto tem por base quatro pressupostos, ao abrigo dos quais os municípios tiveram de  pensar as suas propostas. Desde logo, o apoio aos agentes culturais locais, que é obrigatório», explicou Pedro Bartilloti.

A «realização de eventos, de modo a potenciar os monumentos, o território e os valores naturais», fazer «pelo menos 60% das apresentações ao ar livre» e a obrigatoriedade de haver uma itinerância por vários concelhos são os outros pilares.

Neste último campo, o da itinerância, foram feitos «acordos entre diferentes municípios, em que um evento idealizado em Aljezur também se realizará em Alcoutim, por exemplo, ou em que há uma exposição de Vila do Bispo que vai até Faro».

Isto é «uma situação inovadora, que tem a ver com o nome da candidatura, que foi “Algarve – Programação Cultural em Rede”».

 

Pedro Bartilloti

 

As propostas, essas, são mesmo muitas, pelo que o melhor é passar algum tempo a explorar o site da Bezaranha, para as conhecer melhor.

E a tarefa até foi facilitada pela equipa do projeto, uma vez que o site, além de mostrar o programa por ordem cronológica, permite ao visitante pesquisar eventos por intervalo temporal, concelho, área artística e pelo nome.

Esta semana, depois de um primeiro espetáculo online, que foi transmitido no domingo, a partir de Alcalar (Portimão), terá lugar a Gala Olhão Fadista, que será transmitida através nas páginas de Facebook quer da Câmara de Olhão, quer da Bezaranha, na sexta-feira, dia 23, e no sábado, dia 24, sempre às 21h30.

A partir daí, os eventos sucedem-se, fazendo jus ao nome da iniciativa, Bezaranha, uma expressão bem algarvia que significa ventania ou vendaval.

Na apresentação do evento, António Pina, presidente da AMAL, salientou a importância do projeto, desde logo, «porque é urgente apoiar o setor da cultura e, depois, pela importância de termos, pela primeira vez, uma rede com toda esta abrangência».

«São 18 parceiros que conseguiram pôr de pé uma programação que vai atravessar todos os municípios do Algarve. E isso é um passo muito importante», disse.

O também presidente da Câmara de Olhão desejou que esta seja «apenas uma primeira candidatura» e que o projeto «deixe marcas».

«Desejamos que o próximo Programa Operacional traga mais dinheiro para podermos apoiar o setor cultural da nossa região», acrescentou.

Já Adriana Nogueira, diretora regional de Cultura do Algarve, realçou o facto deste projeto prever iniciativas nos monumentos do Algarve, salientando que as equipas que ali trabalham estão já muito habituadas a acolher eventos culturais, graças ao programa DiVAM.

O facto dos monumentos seremmuito visitados, pode, por outro lado, «ajudar na dinamização de iniciativas culturais que aí possam acontecer».

José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e gestor do  CRESC Algarve 2020, lembrou que este projeto nasceu «de uma reivindicação dos municípios», cujo investimento em cultura, acredita, tem sido «significativo e relevante».

 

 

 



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