Nem as máscaras esconderam os sorrisos no regresso das aulas presenciais

O primeiro passo do desconfinamento foi dado hoje, com o regresso do ensino presencial para as creches, jardins de infância e escolas do 1º ciclo, em todo o país

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

As portas ainda estão fechadas, mas, pouco depois das 8h00 desta segunda-feira, 15 de Março, já Nelson Vaz está com a sua filha Carolina à porta da Escola EB1 do Carmo, em Faro, no primeiro dia do regresso ao ensino presencial. «Quase nem dormiu esta noite, com a ansiedade», conta o pai. A vontade de voltar à escola já era grande – e não só para alunos, mas também para pais e professores.

O primeiro passo do desconfinamento foi dado hoje, com o regresso do ensino presencial para as creches, jardins de infância e escolas do 1º ciclo, em todo o país.

Milhares de crianças voltaram a cumprir aquele ritual (que agora parece estranho…) de se levantarem e irem para a escola, depois de perto de dois meses em que as aulas foram apenas online.

Nelson Vaz, pai de Carolina, quis ir mais cedo «para ver como tudo estava organizado» na velhinha EB1 do Carmo, em Faro. Apesar de as aulas só começarem perto das 8h45, bem antes da hora já estava à porta.

 

Nelson e Carolina Vaz – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Este regresso? É muito importante», conta à reportagem do Sul Informação, com um sorriso que nem a máscara consegue esconder. Para os pais com filhos em idade escolar, o confinamento é «complicado de gerir».

«Por exemplo: os trabalhos são enviados para os miúdos, mas, no caso da minha filha, como ainda está no 1º ano, acabamos por ter de ser nós, os pais, a fazer tudo. Há uma sobrecarga», diz, com a pequena Carolina ao lado que, apesar da timidez, também dá sinais de estar contente com o regresso das aulas presenciais.

Perto da família Vaz, Elena está abraçada à sua filha Mirela. Naturais da Moldávia, estão em Faro «há perto de ano e meio» e a mãe conta como, para ela, o confinamento «ainda é mais difícil».

«Eu ainda não sei muito de português e não consigo ajudar a minha filha, que está no 3º ano, tanto como gostaria», diz. Por isso, voltar às aulas é «uma alegria». «Um dia feliz», resume.

Quem também não esconde a felicidade é o professor Artur Marcos. A hora de entrada começa a aproximar-se e, com a chegada de mais alunos, é ele quem vai comandando as operações, distribuindo “bons dias”.

 

Professor Artur Marcos – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Eu sou muito ativo neste contacto com os alunos e com os pais, acho que é essencial», diz ao Sul Informação. 

Voltar à sala de aula é, para o professor do 2º ano, uma espécie de «respirar de alívio».

«Estávamos a aguardar isto há tanto tempo… Esta situação do ensino à distância já nos estava a deixar um pouco apreensivos com o tipo de aprendizagem que os alunos estavam a fazer ou não em casa. Há uma multiplicidade de famílias e de realidades e nós, professores, pedagogos, não estávamos lá para ver», diz.

Para o professor, nada, «mas mesmo nada, substitui o ensino na sala de aula com as crianças».

A opinião é partilhada por Ana Simões, coordenadora da direção distrital do Sindicato dos Professores da Zona Sul, no Algarve.

«Nós sempre defendemos o ensino presencial – é fundamental para os alunos. Respeitamos o que é decidido pelas entidades de saúde e, se as organizações acharam que este era o momento, nós estamos ao lado dos professores, das famílias e dos alunos».

O seu sindicato, que é afeto à FENPROF, esteve, de forma simbólica, na EB1 do Carmo neste regresso das aulas presenciais, deixando alguns recados.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Hoje é um dia importante, mas continuamos sem as medidas para que tudo funcione bem, como a testagem. Hoje regressam alunos e professores que não foram testados. Isso vai avançar, já é conhecido, mas devia ter acontecido antes», defende.

E se houver um retrocesso motivado pelo agravamento da pandemia?

«Preocupa-nos o terceiro confinamento ao nível dos alunos, porque o ensino à distância vem acentuar as desigualdades. Isso ficou ainda mais evidente neste segundo confinamento», diz.

Alheada dessas questões, Maria Fátima Costa, funcionária que foi recebendo os alunos à porta, só pensa «na alegria» do dia de hoje. «Do que tinha mais saudades? Deles: dos miúdos», confessa.

E do lado de lá do portão, ainda antes do início das aulas, são eles que se ouvem: crianças a falar e a brincar, naquele som tão típico de uma escola, que esteve interrompido durante quase dois meses, mas que hoje voltou.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

 

 



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