Movimento Mais Ferrovia quer comboios tipo metro de superfície e ligação ao Aeroporto

Movimento explica como o «transporte ferroviário já desempenhou e poderá vir a desempenhar um papel insubstituível na mobilidade do Algarve»

Um novo tipo de comboios, tipo metro de superfície, a construção de um novo traçado que sirva o Aeroporto, a Praia de Faro e a Universidade e também a aposta numa nova linha, para comboio de alta velocidade, que faça a ligação ao Alentejo, com atravessamento do Rio Guadiana para Espanha. Estas são propostas do Movimento Mais Ferrovia que constam na estratégia que delinearam para o Algarve, até 2050.

Em nota de imprensa, este movimento explica como o «transporte ferroviário já desempenhou e poderá vir a desempenhar um papel insubstituível na mobilidade da Região do Algarve, associado à defesa de valores ambientais e no desenvolvimento regional, facilitando a aproximação do território e das pessoas e efetuando a sua ligação ao país, Espanha e Europa».

Assim, a eletrificação da Linha, defendem, «não basta per si, nem irá resolver o grande problema da mobilidade na região».

Segundo este movimento, o «potencial da Linha do Algarve só será plenamente conseguido quando oferecer um transporte moderno, de qualidade e condigno».

Para tal, é necessário avançar com um «novo tipo de comboios, mais ligeiros, tipo metro de superfície, adaptados ao transporte suburbano que permitam, com segurança, o atravessamento da via e adoção de medidas minimizadoras dos impactos negativos derivados da existência da ferrovia em ambiente urbano, onde soluções de reconversão paisagística e embebimento da via ao nível do pavimento poderão ser concebidas, dissolvendo o conceito de barreira que prevalece na opinião pública».

A isto junta-se a «reabertura e/ou criação de novas paragens, aumentando a proximidade de acesso às populações, parques de estacionamento rodoviário (incluindo o ciclável) na proximidade dos pontos de embarque e o compromisso entre o comboio e o transporte rodoviário (incluindo o ciclável), municipal ou outro, promovendo a distribuição de passageiros até aos destinos finais».

Quanto à Linha do Algarve, este movimento apresenta várias soluções.

Nos troços entre Faro e Vila Real de Santo António (Sotavento) e Estômbar-Lagos (Barlavento) defendem a «manutenção da atual linha, com a devida adaptação (mais pontos de cruzamento, mais paragens, criação de áreas de estacionamento) e colocando em circulação novo material, tipo comboio ligeiro/metro de superfície».

Este novo material seria implementado «no imediato/curto prazo, uma vez que, dadas as atuais condições da infraestrutura, a sua concretização requere um investimento irrelevante face ao já anunciado pelo Governo com a eletrificação e aquisição do novo material circulante (cuja tipologia pesada, atualmente prevista, teria que ser substituída pela tipologia ligeira, com custo de aquisição consideravelmente inferior ao da primeira)».

Já no Barlavento, no troço entre Faro e Estômbar, o movimento defende a «construção de novo traçado, mais litoral, que efetue a união dos dois troços anteriores, materializando a Linha do Litoral Algarvio».

Quanto à alta velocidade, o Movimento Mais Ferrovia explica que seria instalada uma «nova linha, eventualmente paralela à Via do Infante, que faça a ligação ao Alentejo, servindo o Aeroporto de Beja, Lisboa/Porto e Espanha, com o atravessamento do Rio Guadiana».

«A solução a adotar poderá ser flexível, podendo encaixar uma centralidade intermodal de ligação à Linha do Algarve/Linha do Litoral Algarvio, que sirva, para além de Faro, o Algarve Central e o Barlavento Algarvio», diz ainda.

De resto, no Plano Nacional de Investimentos 2030, estão previstos largos investimentos no setor da Mobilidade e Transportes, de 21.660 milhões de euros, a afetar a 44 programas, dos quais, 10.510 milhões (48,5 %) para a Ferrovia, a afetar a 16 programas.

Contudo, «o Algarve partilha com o Alentejo e Linhas Regionais um ínfimo investimento de 615 M€ (5,9% do previsto para a Ferrovia), a afetar a dois programas».

Todas estas propostas foram enviadas aos presidentes da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve e da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, bem como ao ministro das Infraestruturas e Habitação e secretário de Estado das Infraestruturas.

«Se a Região do Algarve verdadeiramente aspira a um desenvolvimento equilibrado e sustentável, que a coloque ao mesmo nível de outras regiões importantes do país, deverá ambicionar e se empenhar na concretização deste tão importante desiderato para a mobilidade e transportes», conclui.

O Movimento Mais Ferrovia (MMF) é um movimento informal de cidadãos, criado em Outubro de 2018, visando a defesa e valorização da ferrovia do Algarve.

Do MMF, fazem parte técnicos e estudiosos com conhecimento do setor e experiência, teórica e prática, em matéria de infraestrutura, transporte e políticas ferroviários.

 



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