«Agora, sim, sinto-me mais protegida porque estávamos a trabalhar sem rede». Helena Gonçalves é médica na Clínica Internacional de Vilamoura e faz parte do grupo de 194 médicos, de fora do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que começaram esta terça-feira, 2 de Março, a ser vacinados contra a Covid-19, em Faro e Portimão.
Esta operação de vacinação é coordenada, em todo o país, pela Ordem dos Médicos, que elaborou as listas dos profissionais e as deu aos hospitais.
O desafio foi aceite pela task-force e, depois de ter arrancado no passado fim de semana no Porto, o processo chegou hoje ao Algarve, num momento que contou com a presença do bastonário Miguel Guimarães, no Hospital de Faro.
Esta terça e quarta-feira serão vacinados, no total, 194 médicos (125 em Faro e 96 em Portimão), todos trabalhadores de fora do SNS.
Aos jornalistas, Miguel Guimarães explicou que o objetivo é conseguir com que «médicos, que estão a cuidar de doentes, sejam também vacinados dentro daquilo que é a proposta da Direção-Geral da Saúde».
«A Ordem, quando critica, apresenta soluções também. Tínhamos a noção de que muitos médicos não estavam a ser vacinados – fizemos esta proposta e estamos aqui a colaborar», reforçou.
O bastonário lembrou que, fora do Serviço Nacional de Saúde, há «milhares de médicos» a trabalhar que cuidam de «doentes todos os dias».
«Nós vacinamos os médicos para proteger os doentes. Se os profissionais de saúde começarem a ficar doentes, não há quem trate de nós. Temos também de recuperar a atividade não-Covid e isso vai precisar da ajuda de todos e não apenas do SNS», considerou ainda.
Helena Gonçalves, médica de medicina geral e familiar na Clínica Internacional de Vilamoura, foi uma das vacinadas já hoje em Faro. Depois da inoculação resumia, em poucas palavras, o significado do momento: «sinto-me mais protegida».
«Eu sei que a Ordem estava a lutar por isto há algum tempo, mas talvez a conjuntura não fosse a melhor. Agora conseguimos uma proteção diferente para continuarmos a trabalhar, porque estávamos sem rede», disse aos jornalistas.
Para a médica, a vacinação dos clínicos do setor privado «já estava a demorar muito». «A vacinação começou em Dezembro, estamos em Março e tivemos este tempo todo… Felizmente, nunca estive infetada, mas lidei com pessoas que sim», contou.
Questionado sobre se este processo já vem tarde para os médicos do privado, Miguel Guimarães disse que a vacinação está a «acontecer no tempo que é possível».
Ainda assim, o bastonário lembrou que, quando se define que os profissionais de saúde «são prioritários, primeiro vacinaríamos essas pessoas todas, mas não foi isso que aconteceu».
No caso dos médicos, a Ordem avançou com este processo, mas e em relação a outros grupos de profissionais de saúde, de fora do SNS?
Em resposta às perguntas dos jornalistas, Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, adiantou que já há «outras Ordens a fazer o mesmo processo» e que tudo «está a ser organizado».
«Enfermeiros, outros técnicos também vão ser vacinados. É um processo que temos em identificação. Por exemplo, os dentistas já estão todos identificados, são 268 na região e irão ser vacinados nos nossos centros de saúde», adiantou.
De resto, depois de a vacinação já ter acontecido nos profissionais de saúde do Grupo Lusíadas, amanhã, quarta-feira, vão chegar « à volta de 1000 vacinas para profissionais de saúde do Hospital Particular do Algarve e Hospital de Loulé», garantiu Paulo Morgado.
«Quer os profissionais do SNS, quer os do privado vão ser vacinados através de um processo que tem uma geometria variável», concluiu.
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