O amor tem sido cantado por poetas, pintado por artistas, celebrado por pessoas. A ideia da existência de “preparados especiais”, com que qualquer pessoa se torna irresistível (o «elixir do amor»), percorre o nosso imaginário. O amor surpreende-nos quando menos esperamos e por vezes com quem menos se espera.
Por isso, quando se colocou a hipótese científica de os humanos serem influenciados inconscientemente por uma espécie de perfume secreto, a indústria das fragrâncias não se manteve indiferente e investigou essa matéria.
Os cientistas debruçaram-se então sobre a atração entre duas pessoas e foi na atuação de sinais químicos que permitem a membros da mesma espécie comunicarem à distância, que encontraram a chave que permite abrir algumas portas. E também corações!
As glândulas espalhadas pela pele humana produzem secreções que conferem a cada pessoa um cheiro distinto. Estas secreções são captadas pelas pessoas próximas, traduzindo-se num odor característico do sujeito que o está a libertar.
Verificou-se que uma pessoa aprecia mais o cheiro de alguém que tem um perfil genético (ADN) mais diferenciado, um sistema imunitário mais distinto (quanto maior essa diferença, maior é a resistência a um número superior de doenças).
Esta seleção de parceiro, inconsciente, tem muito a ver com o processo biológico da escolha do melhor par para reprodução, normalmente aquele que irá conferir “melhores garantias genéticas”.
Há quem lhe chame destino, mas os cientistas atribuem esta “escolha” precisamente a essas substâncias químicas (a que deram o nome de feromonas), e que estimulam um dos comportamentos mais comuns no Ser Humano: a atração sexual.
O aroma das feromonas é detetado ao nível do sistema límbico, aumentando o efeito passional da dopamina no cérebro (que atua como chamariz sexual).
E como ocorre essa atração? Na fase inicial, somos inundados de esperança e ansiedade, com o cérebro a ser banhado com substâncias estimulantes, como a feniletilamina, a serotonina, a dopamina, a noradrenalina e a própria adrenalina. Estes compostos são responsáveis pela excitação e euforia próprias desses momentos, mas também são geradores de grande desassossego. É por isso que duas pessoas apaixonadas não sentem fome e aguentam a noite em branco.
Essa euforia cria mesmo dependência, mantendo o corpo numa constante ansiedade. Para o evitar, o organismo processa uma segunda secreção de substâncias, os opiáceos naturais. É o caso das endorfinas, compostos que conferem uma sensação de paz e tranquilidade; da vasopressina, a hormona relacionada com a fidelidade; e da oxitocina, responsável pela sensação de ligação e de apego. Estas moléculas contribuem para uma relação duradoura que promove uma nova família.
No entanto, após os primeiros anos, há diminuição das substâncias e o corpo começa a não receber “a sua dose diária”. É a chamada “Química do Desamor”.
A Evolução também tem a sua quota-parte de responsabilidade neste processo. Efetivamente, depois da paixão (com o intuito de interação sexual e procriação, para a continuidade da espécie), seguem-se os químicos promotores da estabilidade da relação (apego e fidelidade), responsáveis por manter essa “ligação” durante os anos imediatos ao nascimento da cria.
Contudo, a Natureza segue o seu curso “natural”, e assim que as crias estão aptas, deixa de fazer sentido a manutenção dessa relação. Decai, pois, a presença desses químicos, levando a que os pais partam à procura de novos relacionamentos, cruzando os seus genes com outros parceiros. Uma espécie de “garantia de maior diversidade genética” e assim assegurar a continuidade das espécies…
Também nos humanos, uma em cada três pessoas dispõe-se a terminar a sua relação. Há quem diga que esta “química do desamor” é a responsável pela “tristemente famosa crise dos 7 anos”, que todos já ouvimos falar (a propósito do casamento).
Autor: Filipe Monteiro (Químico, Comunicador de Ciência) – Filipe LS Monteiro nasceu em Belide, concelho de Condeixa-a-Nova, em Janeiro de 1966, sendo licenciado em Química Analítica pela Universidade de Aveiro desde 1988.
Iniciou a sua aventura literária em novembro de 2011 com o lançamento do primeiro livro infantil, “O Menino que Sonhava Salvar o Mundo”, presentemente na 8ª Edição.
Seguiu-se, em janeiro de 2014, o primeiro romance, “O Segredo da Serra dos Candeeiros”, agora na 2ª Edição, e um ano depois (janeiro de 2015) um novo livro infantojuvenil, “Mestre Carbono, o Cientista”.
Este livro, atualmente na 4ª Edição, faz parte do Plano Nacional de Leitura, recomendado para “Apoio a Projetos e Temas Científico”s, para o 3º, 4º, 5º e 6º Anos. Em novembro de 2017 apresentou um novo livro infantojuvenil, “O Brinquedo que estava esquecido”.
Apaixonado pelo ilusionismo, é membro das duas principais associações em Portugal, o Clube Ilusionista Fenianos e a Associação Portuguesa de Ilusionismo, integrando ainda a Associação MagicValongo e o Grupo Mágico de Sintra, colaborando regularmente na promoção desta nobre Arte.
Reunindo esta faceta de “mágico” e “homem da ciência”, produziu também um “Espetáculo de Ciência Mágica” que tem cativado o público que enche as salas onde o mesmo tem sido apresentado.
Elaborou ainda (para escolas e centros de ciência) “A Química do Amor”, uma espécie de palestra onde fala das “armas químicas” ao dispor de Cupido. Tudo isto sempre com a magia em pano de fundo…
Acompanhado pela esposa, Maria José Alves, parte integrante em todos estes projetos, têm percorrido o país realizando sessões de grande impacto por aliarem sempre aquilo a que chamaram de “Ciência, Magia e Livros: um casamento perfeito!”.
Mais sobre o autor em www.filipelsmonteiro.com/.
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