“A Noite de Molly Bloom” ilumina os dias da ACTA com espetáculo de teatro online

ACTA estreia-se nos espetáculos transmitidos apenas online

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

Os tempos são de fortes constrangimentos para a cultura, mas a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve não baixa os braços e vai levar a cena uma nova produção, adaptada aos novos tempos. A peça “A Noite de Molly Bloom”, baseada num capítulo de “Ulisses”, de James Joyce, vai ser exibida online, com sete exibições de 19 a 28 de Março. 

A história passa-se durante uma noite de insónias de Molly Bloom, a mulher de Leopoldo, interpretada pela atriz Glória Fernandes. O monólogo dura toda a peça, que tem cerca de uma hora, com Molly a desvendar facetas da sua personalidade, sonhos e até fantasias sexuais.

«É um discurso que não é sequente, do ponto de vista cronológico. É mais da ordem psicológica», explicou Luís Vicente, diretor da ACTA, aos jornalistas, no ensaio aberto à imprensa, realizado esta segunda-feira, 15 de Março, no Teatro Lethes, em Faro.

O texto levado a cena, que «veio inaugurar um novo tipo de escrita que está na base do modernismo», tem também a particularidade de não ser uma «peça de teatro, mas o capítulo de um romance».

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

«Os 17 anteriores capítulos são completamente diferentes deste último. Ou melhor: este é diferente dos anteriores, pois tem a mulher do Leopoldo – a senhora Molly Bloom – sozinha a falar, numa situação de insónia», enquadrou Luís Vicente.

Para o diretor da ACTA, a «questão existencial» foi a que mais o interessou no capítulo da obra de Joyce. Ainda assim, houve a necessidade de «fazer alguns cortes».

«O texto contém farsa, comédia, drama e também tragédia – que não está aqui porque assim a peça teria a duração de 1h30. Hoje em dia, não é recomendável fazermos, dadas as circunstâncias, espetáculos com mais de uma hora e, por isso, limpei esse aspeto da tragédia», disse.

A ideia de fazer esta peça de teatro já era antiga (vinha de finais de 2017), mas a ACTA estava longe de imaginar as mudanças que obrigaram a que o espetáculo tenha de ser transmitido apenas e só online.

«Esse facto, de ser por streaming, obrigou-nos a adiar a estreia em uma semana. Apesar de não ter uma cenografia complexa, a verdade é que houve aqui determinados aspetos que não trabalhámos como habitualmente, como as roupas e os candeeiros, que tivemos de encomendar sem testar», exemplificou Luís Vicente.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Para a transmissão online, a ACTA falou com colegas, de outros teatros, que estão a trabalhar no mesmo registo, chegando à conclusão de que o melhor é que o espetáculo apresentado seja gravado e não feito em direto.

Ainda assim, em todos os dias em que o espetáculo está anunciado, os atores estarão em palco «num género de background», revelou.

O Lethes estará longe de ter «aquele frenesim» proporcionado pela presença do público, mas esta transmissão online foi «uma maneira de contornar estes tempos».

É que, apesar de todas as dificuldades, a ACTA tem continuado a trabalhar, «mesmo durante o período de confinamento». E, no futuro, apesar de «tudo ser uma incógnita», a ideia é até fazer esta peça «presencialmente», depois de todos os espetáculos serem recalendarizados.

Por agora, se quiser ver “A Noite de Molly Bloom”, pode comprar os bilhetes aqui. Depois, receberá um código que lhe dará acesso a uma sala virtual, onde poderá assistir à peça às horas marcadas.

As exibições são a 19, 20, 25 e 27 de Março, às 21h30, e nos dias 21 e 28, às 16h00. Para mais informações, clique aqui.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

 

 



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