70 anos depois, família Ferreira vende Conserveira do Sul a investidores portugueses

Família Ferreira vendeu a empresa que estava nas suas mãos desde a fundação, mas vai ajudar a assegurar uma «transição natural» para a nova gerência

Foto: Gonçalo Dourado | Sul Informação

A empresa Conserveira do Sul, uma das referências empresariais do Algarve, foi comprada por um grupo de investidores portugueses liderado pela Grow Capital Partners. A mudança foi oficializada hoje, dia 19, e não implicará, numa primeira fase, o afastamento dos descendentes do fundador António Jacinto Ferreira, que há quatro gerações dirigem a empresa sediada em Olhão.

Ainda assim, a continuidade da família Ferreira será apenas para facilitar a transição da empresa para a sua nova liderança, uma vez que a Conserveira do Sul passou a ser controlada a 100% pelos novos proprietários.

«A transação produz efeitos imediatos e implica a entrada de uma nova equipa de gestão, que será liderada por Domingos Lopes, gestor com larga experiência nos mercados nacionais em FMCG (fast moving consumer goods) e, nos últimos dois anos, muito focado nos mercados globais», segundo os novos responsáveis pela empresa que produz conservas da marca Manná e Good Boy, entre outras.

Os novos acionistas «têm como objetivo dar continuidade à gestão conduzida pelos antigos proprietários ao longo já de quatro gerações — começara, recentemente, a transição para a quarta».

A ideia é continuar o trabalho que já era feito por esta companhia, que «tem cerca de 100 colaboradores e uma forte capacidade de produção instalada e marcas comerciais com reputação no mercado interno» e levá-la ainda mais longe, nomeadamente além-fronteiras.

 

Conserveira do Sul – Imagem de Arquivo – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Além do esforço de crescimento no mercado interno, que se manterá, o aumento gradual das exportações é visto pelo novo diretor executivo como «estratégico e fundamental» para o saudável desenvolvimento da empresa ao longo dos próximos anos.

«O volume de exportações da Conserveira do Sul tem capacidade para crescer de forma sustentada até atingir os valores possíveis neste setor», acredita.

Para assegurar que não há sobressaltos na passagem de testemunho e que há «uma transição natural», a nova gestão será acompanhada pela família fundadora ao longo dos próximos meses.

«É fundamental manter o atual rumo estável da companhia para continuarmos a servir bem os nossos milhares de consumidores e, claro, para asseguramos aos nossos colaboradores e equipa um contexto laboral de qualidade. Atualmente, a cultura da empresa já vai nesse sentido», diz Domingos Lopes, acrescentando que a ligação da Conserveira do Sul a Olhão e à comunidade onde está inserida vai manter-se.

«Uma empresa relevante, competitiva e com futuro é uma base importante para qualquer comunidade crescer saudavelmente, ainda mais em tempos tão incertos como os que hoje vivemos», diz Domingos Lopes, que realça o facto da «Conserveira do Sul estar inserida num meio onde existe este capital humano tão valioso, com anos e anos de experiência num setor tradicional português e, ainda por cima, com a vantagem de estas pessoas e esta empresa terem fatores diferenciadores evidentes, nomeadamente as suas marcas e produtos únicos».

 

Sardinhas portuguesas Jupiter – Foto: Gonçalo Dourado | Sul Informação

 

Já da parte da família Ferreira, que passa o testemunho da Conserveira do Sul 70 anos depois da sua fundação, há uma natural nostalgia na hora da despedida, mas também a sensação de dever cumprido.

«Isto é como um filho que se vai casar, sendo que nós é que escolhemos a noiva. Demos tudo a esta empresa, que cresceu com valor, qualidade e criou postos de trabalho. Esta operação garante continuidade ao desenvolvimento da empresa e também a todos os que dela fazem parte. Como numa corrida de estafeta, entregamos, agora, esta magnifica empresa, uma PME moderna e competitiva, a este grupo de investidores em que, de certa forma, nos reconhecemos», disse o porta-voz da família Ferreira.

Miguel Magalhães, representante dos novos acionistas na empresa, salientou, por seu lado, a forma como o processo decorreu até agora.

«Fizemos tudo com tempo, sem pressa e com a maior discrição para garantir que a vida dos colaboradores da empresa e as suas famílias, além da produção e comercialização dos produtos, eram defendidos e tudo se mantinha sem oscilações e especulações. E assim continuará a ser. Mudam os donos, é verdade, mas mantém-se o compromisso com as equipas, com Olhão e o Algarve. Vamos levar a Conserveira mais longe nos mercados globais. Como disse o nosso CEO, olhos no mercado nacional, sim, mas com grande aposta na internacionalização», resumiu.

 

 

 

 



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