PS de Portimão pede «que se averigue» legalidade da vacinação de Isilda Gomes contra a Covid

PS garante que saberá «interpretar as consequências políticas do resultado desses processos de averiguação»

Vacina anti Covid – Foto: Armindo Vicente | Sul Informação

O PS de Portimão pede que «se existem dúvidas, que se averigue» se houve militantes locais do partido a ser indevidamente vacinados contra a Covid-19, entre os quais Isilda Gomes, a presidente da Câmara, e promete saber «interpretar as consequências políticas do resultado desses processos de averiguação» e tomar «as decisões que melhor servirem a comunidade».

«O Partido Socialista de Portimão não admite tacitismos, ocultações ou fugas para a frente neste processo, pelo que considera fundamental que as autoridades competentes investiguem rapidamente e tornem público o resultado das suas conclusões», afirmam os socialistas.

A Secretariado do PS de Portimão, que esteve reunido ontem à noite, disse, ainda, considerar «inaceitável e moralmente inadmissível o uso indevido de vacinas». «Por isso, foi com muito agrado que recebemos a informação que o Ministério Público e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde estariam já em processos de averiguações sobre este tipo de situações».

Apesar desta abertura para repercussões internas no partido, para já, a atitude do PS de Portimão é de defesa dos socialistas locais envolvidos em polémicas relacionadas com a vacina.

O PS veio a público «expressar a solidariedade política» para com os seus militantes portimonenses acusados de terem sido indevidamente vacinados contra a Covid-19, criticando aquilo que considera «práticas medievais de caça às bruxas, para colher dividendos eleitorais».

O caso mais mediático foi o da presidente de Câmara Isilda Gomes, vacinada na qualidade de voluntária no hospital de campanha para internamento Covid instalado no Portimão Arena, que já levou os partidos da oposição a pedir a sua demissão.

Mas, como o Sul Informação deu conta, também houve os casos de elementos dos órgãos sociais do Centro Social de Apoio a Idosos de Portimão, nomeadamente o seu responsável máximo, José Figueiredo Santos, que é, também o líder da bancada socialista na Assembleia Municipal, e da sua ex-mulher Ana Fazenda, antiga vereadora na Câmara, eleita pelo PS.

Apesar de não restarem dúvidas de que estes três militantes foram vacinados contra a Covid-19, como os próprios admitiram – no caso de Ana Fazenda e de Isilda Gomes, em declarações ao Sul Informação – o PS fala na necessidade das pessoas serem «julgadas pelos seus atos nos locais apropriados e pelas instituições certas», dizendo não aceitar «julgamentos populares, sem conhecimento dos factos».

No entanto, os factos parecem ser claros, embora haja justificações da parte dos visados para terem sido vacinados.

Isilda Gomes disse ao nosso jornal, quando a situação veio a público, que só aceitou tomar a vacina porque ia ser voluntária no hospital de campanha.

A Câmara corroborou esta justificação, na segunda-feira,  num post feito no Facebook, onde garantia que a vacinação contra a Covid-19 era «condição necessária» para que a edil pudesse ser voluntária.

Agora, o PS/Portimão alega que «a camarada Isilda Gomes não pediu para ser vacinada, tendo-o sido quando a equipa que iniciou funções no CHUA Arena Portimão o foi e não se escondeu, fê-lo à vista de elementos dessa equipa».

No entanto, como os partidos da oposição fizeram questão de salientar, as causas apontadas para a vacinação não aparentam enquadrar-se com as regras desta primeira fase da vacinação.

O CDS-PP alegou que, por Isilda Gomes não ter tido «qualquer contacto de risco com doentes de Covid-19 no âmbito do seu trabalho de voluntariado, beneficiou ilegal e ilegitimamente de um benefício público (uma vacina que, neste momento, é escassa!), o que configura uma situação gravíssima de abuso de poder, que fere de morte a sua credibilidade pública e política».

O BE, por seu lado, defendeu que «os critérios do plano de vacinação não contemplam o voluntariado».

«De acordo com as autoridades de saúde, os critérios definidos para o plano de vacinação contra a Covid, por insuficiência de vacinas, são muito claros: nesta 1ª fase devem ser vacinados os profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes; os profissionais residentes em lares e instituições similares; os profissionais e internados em unidades de cuidados continuados; os profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos e, agora, os bombeiros», elenca este partido.

Também estão incluídas na lista «pessoas com 50 ou mais anos com insuficiência cardíaca ou renal, ou com doença coronária ou respiratória crónica», bem como «todas as pessoas com mais de 80 anos».

o PSD fala em «ausência de transparência no cronograma» do processo de vacinação contra a Covid-19, em Portimão, «iniciado com a toma indevida da vacina, à qual não tinha direito, dois dias antes do início do funcionamento do Arena».

Todos os partidos da oposição são claros na sua conclusão: a presidente da Câmara de Portimão não tem condições para se manter no cargo e deverá demitir-se.

Serão estas posições, tomadas na sequência da vinda a público das polémicas vacinações, que os socialistas de Portimão consideram, no seu comunicado, ser tentativas de «colher dividendos eleitorais».

Ou seja, há que esperar para conhecer as conclusões do inquérito solicitado e saber se darão, ou não, trunfos eleitorais à oposição.

 

 

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