Ponte entre Alcoutim e Espanha é o «cumprir de um sonho»

Osvaldo Gonçalves saudou a inclusão desta ponte no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)

A construção da ponte entre Alcoutim e a localidade espanhola de Sanlúcar de Guadiana, prevista pelo Governo no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), é o «cumprir de um sonho» com «muitos anos», afirmou o presidente da autarquia algarvia.

Numa reação à inclusão deste projeto no plano que estará em consulta pública até Março, o presidente da Câmara de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, admitiu que «não foi uma surpresa» ver a ponte incluída no documento, mas considerou que a opção do executivo representa um «reforço do compromisso» que o Governo já tinha manifestado através do primeiro-ministro.

«Será o cumprir de um sonho de muita gente e muitas pessoas. Há muitos anos que ambicionávamos esta ligação», afirmou o autarca à agência Lusa, sublinhando que uma ponte entre as duas localidades é também «básica» para «o desenvolvimento estratégico regional».

Segundo o presidente de um dos municípios do país mais afetados pela desertificação e pelo envelhecimento populacional, «a questão da mobilidade é central para a necessidade de o território se desenvolver» e uma ponte «criará essa dinâmica”», sendo «profícua para o território» onde se insere.

«Mais do que a importância que isto possa ter para Alcoutim, isto também tem uma importância estratégica ao nível da região, porque vai permitir com certeza um maior e melhor desenvolvimento desta sub-região, que é uma zona periférica do Algarve, sofre de todas as maleitas que conhecemos e tem assimetrias entre o litoral e o interior. E isto é uma forma de corrigir essas assimetrias», argumentou.

O autarca recordou que, «ao longo dos anos muito se falou na questão da ponte» entre Alcoutim e a localidade vizinha de Sanlúcar, cuja construção permitirá criar uma ligação entre Portugal e Espanha num local que dista cerca de 40 quilómetros a norte da foz do rio e da ponte Internacional sobre o Guadiana, que liga os municípios de Castro Marim e Ayamonte (Espanha).

«Nestes últimos anos, temos vindo a falar e a pugnar para sensibilizar os governos espanhol e português para a construção desta ligação, foram sendo dados passos no sentido da conversa e da sensibilização e as coisas foram gradualmente amadurecendo. O que me parece a mim é que, neste ponto atual, há aqui um grau de compromisso que nunca tinha sido assumido», congratulou-se Osvaldo Gonçalves.

Questionado sobre se a escolha da Comissão de coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve para pôr em prática o projeto foi uma boa solução, o autarca respondeu que «eventualmente se poderia ter melhores instrumentos» se estivesse «associado às infraestruturas [IP]», mas mostrou ter «total confiança» na capacidade daquele organismo para realizar o trabalho.

«Sabendo que, em termos da capacidade técnica para desenvolver esses projetos, talvez as Infraestrutura de Portugal pudessem eventualmente estar melhor preparadas para isso. Foi assim que foi decidido e tenho total confiança [na solução]», disse o autarca.

Osvaldo Gonçalves mostrou-se otimista quanto à articulação com as autoridades espanholas, considerando que o «trabalho de formiguinha que tem sido feito e os contactos realizados ao longo dos últimos anos têm tido sempre uma articulação muito próxima com o homólogo espanhol [de Sanlúcar de Guadiana] e, através dele, «com as várias estruturas da administração da Junta da Andaluzia e também do próprio Governo» de Espanha.

«Tem havido esses contactos e essa manifestação de vontade e eu creio que só assim é que se consegue. Não havendo vontade igual das duas partes, dificilmente as coisas se poderiam fazer, porque ninguém faz uma ponte a pensar só numa margem, tem que se pensar na duas», acrescentou.

O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

Depois de um rascunho apresentado à Comissão Europeia em Outubro passado, e de um processo de conversações com Bruxelas, o Governo português colocou na terça-feira em consulta pública a versão preliminar e resumida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

 



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