Plano de Resiliência tem 200 milhões para dessalinização e ligação ao Guadiana

Projetos serão financiados com a chamada “bazuca europeia”

Pomarão- Foto: Hélder Santos | Sul Informação – Arquivo

O Governo vai destinar 200 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal, financiado pela chamada “bazuca europeia”, para projetos de melhoria da eficiência hídrica e em processos de adaptação à seca no Algarve, entre os quais a dessalinização e o transvase de água do Guadiana à barragem de Odeleite.

De acordo com o plano, colocado hoje, 16 de Fevereiro, em consulta pública, este investimento resulta «das bases do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve (PREH)», apresentado em Setembro do ano passado, e será implementado sob a coordenação geral da Agência Portuguesa do Ambiente.

A ligação do Pomarão a Odeleite e a criação de uma central de dessalinização foram, de resto, as soluções técnicas mais consensuais, entre as que constam de um estudo que foi feito, no âmbito da elaboração do PREH, como o Sul Informação deu conta em Setembro.

«Aumentar a capacidade disponível e resiliência das albufeiras/sistemas de adução em alta existentes e reforçar com novas origens de água» são os objetivos das medidas previstas no plano agora em consulta pública.

Esse reforço passa, por exemplo, pela «ligação entre os sistemas de abastecimento de água do Sotavento/Barlavento Algarvio, reforçando as afluências à albufeira de Odeleite e otimizando a exploração da sua capacidade de armazenamento, permitindo a exploração de parte do seu volume morto».

Também se prevê «o reforço das afluências à albufeira de Odeleite, através de uma captação no rio Guadiana».

Outro dos pontos passa pela promoção da «dessalinização da água do mar, através de uma instalação de dessalinização que complemente as outras medidas de reforço da oferta e que permita modularidade e a possibilidade de incrementos adicionais de disponibilidade de água, para mitigação de riscos futuros».

A redução das perdas de água no setor urbano é outra das medidas a tomar, «através da renovação e reabilitação de infraestruturas degradadas ou tecnicamente deficientes».

A isto junta-se a redução das perdas de água e o aumento da eficiência no setor agrícola, «recorrendo à modernização dos aproveitamentos hidroagrícolas coletivos, com incidência nas áreas existentes, com adoção de sistemas de distribuição mais eficientes, a implementação de sistemas de teledeteção, controlo e monitorização dos consumos».

«Contempla, também, a melhoria da eficiência dos regadios individuais, através da instalação de sistemas de rega mais eficientes com monitorização e rastreamento dos consumos», lê-se no Plano de Recuperação e Resiliência.

A questão da promoção do uso de Água Residual Tratada (ApR) também é vincada neste documento, realçando a «identificação de potenciais utilizadores desta origem de água não potável, sobretudo em atividades económicas ligadas ao turismo e agricultura e espaços públicos».

«Para as áreas com maior potencial, será desenvolvida a afinação do tratamento das estações de tratamento de águas residuais para um nível de qualidade compatível e serão construídas infraestruturas de elevação, armazenamento e distribuição de modo a permitir a substituição de outras origens de água potável ou o uso de captações próprias, no cumprimento do regime jurídico que regulamenta a produção de ApR, bem como a sua utilização, por forma a promover a sua correta utilização e a evitar efeitos nocivos para a saúde e para o ambiente».

Por fim, a ideia é «reforçar a governança dos recursos hídricos (monitorização, licenciamento, fiscalização e sensibilização), apostando no reforço e modernização das estações de monitorização e na instalação de contadores com telemetria nos principais consumidores, complementada por uma avaliação da utilização de água na rega através de deteção remota, que permitirá acompanhar regularmente as áreas regadas e estimar os volumes captados».

Haverá ainda a «implementação de caudais ecológicos nas albufeiras da Bravura e Funcho-Arade».

O Plano de Recuperação e Resiliência realça como todas estas medidas «são complementares e articuladas de modo a assegurar a resiliência necessária aos efeitos das alterações climáticas».

Cerca de 40% dos projetos visam aumentar a eficiência hídrica, 34% melhorar os processos de adaptação à seca, 15% contribuir para objetivos ambientais e 11% para melhorar a articulação (incluindo divulgação de boas práticas).

Este documento estará em consulta pública até 1 de Março, prevendo 36 reforças e 77 investimentos nas áreas da digitalização, clima e social.

No Alentejo, está previsto um investimento de 171 milhões no aproveitamento hidráulico de fins múltiplos do Crato, prevendo a «criação de uma reserva estratégica de água que constituirá uma alternativa de abastecimento público e permitirá o estabelecimento de novas áreas de regadio, respondendo de forma integrada a situações de seca extrema e reduzindo a probabilidade de ocorrência de cheias».

 

 

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