Ministério Público instaura inquérito à «vacinação de responsáveis autárquicos» de Portimão

Foram abertos 33 inquéritos pelo Ministério Público

O Ministério Público instaurou um inquérito relacionado «com a vacinação de responsáveis autárquicos» de Portimão. Este é um dos 33 inquéritos já instaurados relacionados com irregularidades na vacinação contra a Covid-19.

«Atentas algumas questões específicas colocadas pela imprensa, esclarece-se que, para além de situações anteriormente confirmadas, foram, designadamente, instaurados inquéritos relativamente a factos noticiados relativos a instituições particulares de solidariedade social de Castelo Branco, Farminhão, Resende e Trancoso ou relacionados com a vacinação de responsáveis autárquicos de Lisboa, Portimão e Reguengos de Monsaraz», refere o Ministério Público numa resposta enviada à Lusa.

No caso do concelho algarvio, a presidente de Câmara Isilda Gomes foi vacinada na qualidade de voluntária no hospital de campanha para internamento Covid-19 instalado no Portimão Arena.

A polémica vacinação da autarca, que teve o aval de Ana Castro, sua nora e presidente do Conselho de Administração do CHUA, levou mesmo os partidos da oposição a pedir a sua demissão.

O próprio PS, partido de Isilda Gomes, pediu, em comunicado que, «se existem dúvidas», que «se averigue» a legalidade da vacinação da presidente da Câmara.

O Ministério Público já tinha instaurado um inquérito ao caso do Centro de Apoio a Idosos de Portimão, onde vários membros dos órgãos da direção foram vacinados, nomeadamente o seu presidente, Figueiredo Santos, que é também líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Portimão.

Também foram abertas investigações ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) de Lisboa e do Porto e a factos noticiados ocorridos em Vila Nova de Famalicão, Arcos de Valdevez, Bragança, Seixal e Montijo.

Segundo o Ministério Público, dos 33 inquéritos respeitantes a irregularidades relacionadas com o plano de vacinação Covid-19, sete foram na área da Procuradoria-Geral Regional de Lisboa, oito na área do Porto, 10 na área de Coimbra e oito na área da Procuradoria-Geral Regional de Évora.

O Ministério Público delegou na Polícia Judiciária a investigação de irregularidades com o plano de vacinação, “por forma a potenciar um tratamento uniformizado e maior agilização na articulação com as inspeções setoriais”.

Esta quinta-feira, também a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) confirmou que instaurou três processos de fiscalização para analisar irregularidades detetadas na inspeção ao processo de vacinação contra a Covid-19.

A IGAS adiantou, em comunicado, que os processos abrangem um hospital gerido por uma misericórdia e dois grupos empresariais privados que gerem, conjuntamente, 25 entidades hospitalares, acrescentando que as diligências surgiram após «evidências de 84 entidades”, através da recolha de declarações de 205 pessoas (com a realização de 86 entrevistas) e a análise de cerca de 400 documentos».


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