Mais de um quarto dos desempregados no Algarve são estrangeiros

Desempregados de países asiáticos, que não falam português, «são uma preocupação»

Foto: Flávio Costa|Sul Informação

Mais de um quarto (27,8%) dos desempregados inscritos nos centros de emprego do Algarve são estrangeiros, de acordo com os últimos dados, referentes a Dezembro, do Instituto do Emprego e da Formação Profissional. Dos 31.313 desempregados inscritos, no Algarve, no final de 2020, 8.712 não nasceram em Portugal.

«As nacionalidades com o maior peso são a brasileira, com muita gente que veio trabalhar para a hotelaria e para a restauração, mas também temos muitos indianos, nepaleses e ucranianos. Estas são as nacionalidades com mais peso», adianta Madalena Feu, delegada regional do IEFP, em entrevista ao Sul Informação.

De acordo com os dados do IEFP, no final de Dezembro, havia 3.140 trabalhadores brasileiros inscritos nos serviços de emprego e 1.328 de países asiáticos, como a Índia, ou o Nepal (ver gráfico).

 

 

Madalena Feu realça que «muitas destas pessoas têm estado a assegurar o trabalho, nomeadamente na agricultura e na hotelaria» mas, com a quebra no setor turístico, ficaram desempregadas em 2020, como o Sul Informação já deu conta.

Agora, prossegue a delegada do IEFP, «temos de garantir condições para que estas pessoas se qualifiquem, para que possam fazer um melhor trabalho e prestar um serviço de maior qualidade nas empresas. Muitos desses trabalhadores estão a fazer formações dentro de áreas que podem permitir a sua colocação».

No entanto, «há uma preocupação neste momento», assume Madalena Feu.

É que muitos destes desempregados não falam português, pelo que não podem frequentar estas formações, enfrentando problemas ainda maiores na procura de emprego, numa economia em crise.

 

Madalena Feu – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

«Nós queremos reintegrar essas pessoas no mercado de trabalho, com a devida qualificação e formação, nomeadamente na língua portuguesa. Para os trabalhadores brasileiros, que são a maioria dos estrangeiros desempregados, isso não é um problema, mas para os indianos ou nepaleses é», realça a delegada regional do IEFP.

Numa primeira fase, explica, «num trabalho de gabinete, temos de perceber quem é que fala português e quem não fala, quem é que tem certificados reconhecidos e quem não tem. A ideia é trabalhar, preferencialmente, junto daqueles que não falam português para dar-lhes essa formação».

Mas fazer todo este trabalho sem que os técnicos do IEFP e os utentes falem a mesma língua, é difícil e, por isso, «com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações, temos a expetativa de arranjar tradutores para que, aqueles que trazem documentos de certificados dos seus países, ou que dizem ter alguma experiência profissional, possam fazer um processo de reconhecimento e validação de competências adquiridas ao longo da vida», conclui.

 

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