Investigadores da Universidade do Algarve estudam uso da saliva na deteção do SARS-Cov-2

Objetivo é tentar «validar outros métodos» para a recolha de amostras, especialmente para «crianças e pessoas com algumas patologias»

A Universidade do Algarve (UAlg) está a estudar o uso da saliva na recolha de amostras para detetar o novo coronavírus, um método menos invasivo face ao clássico teste à mucosa do nariz, disse à Lusa um investigador.

Segundo Clévio Nóbrega, do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da UAlg, o objetivo é tentar «validar outros métodos» para a recolha de amostras, especialmente para «crianças e pessoas com algumas patologias», já que o atual método de PCR é «muito invasivo».

Em declarações à Lusa, aquele responsável adiantou que a investigação procurou comparar a eficácia da recolha da saliva com a nasofaríngea e posterior análise por PCR, processo baseado em biologia molecular e que permite aumentar a quantidade de material genético para deteção do novo coronavírus (SARS-Cov-2).

Em colaboração com o Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), os investigadores obtiveram amostras de pacientes internados através de três tipos de recolha: a «clássica» nasofaríngea (com a recolha de secreções do nariz), pela saliva e orofaríngica, obtida no fundo da garganta.

De acordo com Clévio Nóbrega, obtiveram-se «os mesmos resultados», tendo sido possível detetar pela saliva «o mesmo nível» que a amostragem «clássica», o que faz com que, em alguns casos, possa «ser utilizado este tipo de recolha».

A utilização deste método ainda «não é possível», porque «é necessária a autorização» do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge Instituto Ricardo Jorge (INSA), para onde os dados foram enviados.

Clévio Nóbrega reconhece, no entanto, que é compreensível que a atenção esteja centrada em «continuar a testagem em massa e não tanto na otimização» dos métodos de recolha.

Entretanto, os investigadores vão continuar a efetuar «testes adicionais» para confirmar que os resultados são «de facto fidedignos», algo que se tem vindo a «confirmar», realçou.

Além do uso da saliva, aquele centro da UAlg está também a seguir outra linha de investigação que consiste em procurar retirar um passo a todo o processo, tornando-o mais rápido e menos dispendioso.

O processo habitual de testagem começa com a recolha da amostra com a zaragatoa, segue com a extração do RNA (ácido ribonucleico) do vírus SARS-Cov-2, seguindo-se depois o teste molecular PCR (Reação em Cadeia de Polimerase).

Os investigadores estão a tentar retirar o passo da extração do material genético do vírus, passando diretamente da recolha para a técnica PCR, «evitando um passo», o que tornaria o processo «mais barato e muito mais rápido», defendeu.

Porém, os resultados «até agora ainda não foram positivos», lamentou Clévio Nóbrega, tendo os investigadores conseguido «alguma amplificação no PCR e alguma deteção do vírus», mas «muito baixa», comparada com os resultados obtidos com o método utilizado atualmente.

«Não são resultados suficientemente fidedignos. Continuamos a testar e a otimizar. Temos, infelizmente, pandemia para algum tempo e o nosso grande objetivo é conseguir otimizar e é nisso que estamos a trabalhar ainda», concluiu.

 

 



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