Conceição Cabrita não se recandidata à presidência da Câmara de VRSA

Autarca anunciou a sua decisão numa publicação na rede social Facebook

Conceição Cabrita – Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação

Conceição Cabrita não se vai recandidatar ao cargo de presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, anunciou a autarca numa publicação na rede social Facebook.

«(…) Preciso dizer-vos que decidi não me recandidatar a presidente da câmara municipal no próximo mandato. Guardo em mim momentos de muito orgulho no trabalho feito, de muitas amizades que fui criando pelo caminho e de muitos resultados positivos», lê-se na publicação, que é também um balanço do trabalho desenvolvido por Conceição cabrita enquanto autarca em VRSA.

Esta decisão surge após um ano de 2020 em que «tudo o que conhecíamos como normal transformou-se no momento mais difícil para o mundo inteiro».

E foram razões profissionais, mas também pessoais, que a levaram a tomar a decisão.

«Sinto no mais fundo de mim que não é o momento de baixar os braços, mas é o momento de estar presente na vida dos outros e, acima de tudo, na minha vida», explicou.

«Este último mandato, em que pela primeira vez fui a timoneira deste Município, foi muito trabalhoso, com muitas dificuldades para ultrapassar e muitos problemas graves para debelar, num dos municípios com mais dificuldades do nosso país», enquadrou.

Apesar de salientar que não baixou os braços «em nenhum momento», perante as dificuldades causadas pela pandemia, Conceição Cabrita não esconde levar deste mandato «muitos momentos de cansaço, frustração, impotência, incapacidade em ajudar mais um pouco a quem precisa».

Por outro lado, há a «ausência de casa, da família, dos amigos e, com muita dor e saudade no coração, a perda do meu pai».

«Nos próximos meses, que serão os últimos destes quatro anos como presidente, continuarei a trabalhar com o mesmo sentido de missão, responsabilidade, compromisso e respeito por todos e, acima de tudo, por aqueles que me elegeram no dia 1 de outubro de 2017 e que confiaram no meu trabalho e na minha humanidade», assegurou a ainda presidente da Câmara de VRSA.

«Este é um anúncio de não continuidade nos mandatos autárquicos mas ainda não é uma despedida. Ainda há muito para fazer e ainda reúno todas as forças para agora, no imediato, lutar com todos vocês contra esta pandemia que não nos vai tirar os sorrisos e, na nossa teimosia como seres humanos, um dia ainda vamos viver nos abraços uns dos outros», concluiu Conceição Cabrita.

 

Conceição Cabrita – Foto: Fabiana Saboya | Sul Informação

 

O anúncio de Conceição Cabrita na íntegra:

Caros Munícipes, Colaboradores, Amigos e Família,

Vivemos tempos de muita pressão, tristeza, pouca normalidade e muita apreensão com um futuro cada vez mais incerto. Nestes últimos meses, tal como muitas pessoas pelo mundo fora, fui obrigada a rever não os meus princípios, mas a forma como eles se relacionam com o trabalho, os compromissos, o sentido de missão e a vida tal como ela agora segue.

Chegamos todos à conclusão, e não só eu, que os afetos, o sermos mais humanos, a nossa consciência de finitude, o estar em família, o ser pessoa além da profissão que desempenhamos, tornam-se as nossas maiores prioridades.

Levo quase 16 anos a trabalhar no Município e para o Município de Vila Real de Santo António.

Muitos dias passados a acordar e a adormecer com os compromissos da autarquia a serem os primeiros e últimos pensamentos. Em nenhum momento baixei os braços perante as muitas adversidades, batalhas e dificuldades que os cargos de vereadora, vice-presidente e presidente trouxeram consigo. Em todos os momentos senti o dever de missão cumprida.

Atrevo-me a descrever os meus quase quatro mandatos como mandatos de grande humanidade. Nunca esqueci ninguém, nunca virei costas a quem me pediu ajuda e sempre fiz por estar perto de todos os que comigo trabalharam e partilharam as minhas batalhas e vitórias. Também me viram chorar e emocionar nos dias mais cinzentos e difíceis.

Cresci muito nestes últimos quinze anos como mulher, como profissional, como amiga e como familiar dos que sempre me amaram.

A humildade sempre foi o meu fio de conduta, sem nunca a abandonar, nem mesmo quando me tornei a primeira mulher presidente da câmara municipal de Vila Real de Santo António. E é nessa humildade que preciso dizer-vos que decidi não me recandidatar a presidente da câmara municipal no próximo mandato.

Guardo em mim momentos de muito orgulho no trabalho feito, de muitas amizades que fui criando pelo caminho e de muitos resultados positivos. No entanto, este último mandato, em que pela primeira vez fui a timoneira deste Município, foi muito trabalhoso, com muitas dificuldades para ultrapassar e muitos problemas graves para debelar, num dos municípios com mais dificuldades do nosso país.

Acompanhada pelo meu executivo e pelos presidentes das juntas de freguesia de Vila Real de Santo António e Monte Gordo, que sempre foram inexcedíveis no seu trabalho, dedicação e apoio, levo muito orgulho em mim em tudo o que, apesar das muitas adversidades, conseguimos alcançar.

Chegámos a este mandato com projetos, sonhos e objetivos por alcançar mas todos eles foram substituídos pelo maior compromisso deste executivo: a recuperação financeira do Município.

Tendo consciência que foi um mandato passado a maior parte do tempo em reuniões e grupos de trabalho, e menos na rua com os nossos munícipes, levo comigo a certeza que fizemos um grande trabalho.

Em quase quatro anos trabalhámos e conseguimos, entre outras coisas:

– Manter o apoio social aos mais idosos e desfavorecidos;
– Permanecer no ensino de qualidade em todas as escolas da nossa responsabilidade;
– Requalificar a praia de Monte Gordo e os jardins junto à mesma;
– Construir os novos polidesportivos de Vila Real de Santo António;
– Salvar cerca de 90 postos de trabalho da VRSA SGU com a integração de todos os trabalhadores que assim o quiseram nos quadros do Município;
– Reorganizar os serviços do Município;
– Aprovar a revisão do Plano de Ajustamento Municipal;
-Inaugurámos o Grand House (antigo Hotel Guadiana). Concluímos o processo que devolveu a Vila Real de Santo António um dos seus ex libris patrimonial e turístico.
– Pousada de Portugal do Grupo Pestana em plena Praça Marquês de Pombal: Trabalhámos lado a lado com o Grupo Pestana de modo a concluímos todos os procedimentos que permitirão a Vila Real de Santo António receber uma Pousada de Portugal, que apenas não inaugurou abril último por causa da pandemia causada pela Covid-19;
– Estamos a recuperar os espelhos de água da Avenida da República em VRSA;
– Estamos a construir uma rotunda junto ao quartel dos bombeiros, de modo a melhorar um dos pontos mais críticos da cidade em acidentes rodoviários;
– Estamos a proceder a todos os tratamentos necessários no Passadiço de Monte Gordo e em breve faremos o mesmo nos restantes passadiços do concelho.

No último ano, durante o período mais crítico das novas vidas, e enquanto não podíamos descurar a recuperação financeira do Município, não deixámos de apoiar quem mais precisou:

– Ajudámos quem se encontrava doente ou confinado, entregando medicamentos e compras;
– Ajudámos os nossos empresários em toda a burocracia na obtenção de apoios estatais;
– Apoiámos o turismo com várias campanhas durante o verão;
– Apoiámos o Comercio local e os restaurantes durante o Inverno com uma campanha de Natal;
– Levámos bens alimentares às instituições de caridade e ao banco alimentar contra a fome.

Mesmo levando a cabo todos estes feitos, em dois anos conseguimos reduzir a dívida do município em mais de 10 milhões de euros, equilibrando as contas e sem deixar acumular novamente dívida junto dos fornecedores. Pela primeira vez em muitos anos, conseguimos estar em dia com todos os pagamentos ao Estado e chegámos ao final de 2020 com quase 5 milhões de euros em tesouraria.

Acima de tudo, recuperamos a nossa credibilidade junto dos fornecedores, da banca, das entidades públicas e, principalmente, da população.

Infelizmente, em 2020, tudo o que conhecíamos como normal transformou-se no momento mais difícil para o mundo inteiro. Em nenhum momento desta pandemia que ainda nos assola baixei os braços, aliás, vivo com a consciência que tudo fiz para ajudar nesta luta tão inglória com um inimigo invisível. Mesmo sem recursos financeiros, gastámos 1,5 milhões de euros no combate à pandemia e aos seus muitos efeitos.

Levo deste mandato muitos momentos de cansaço, frustração, impotência, incapacidade em ajudar mais um pouco a quem precisa, ausência de casa, da família, dos amigos e, com muita dor e saudade no coração, a perda do meu pai. Sinto no mais fundo de mim que não é o momento de baixar os braços mas é o momento de estar presente na vida dos outros e, acima de tudo, na minha vida.

Nos próximos meses, que serão os últimos destes quatro anos como presidente, continuarei a trabalhar com o mesmo sentido de missão, responsabilidade, compromisso e respeito por todos e, acima de tudo, por aqueles que me elegeram no dia 1 de outubro de 2017 e que confiaram no meu trabalho e na minha humanidade.

Este é um anúncio de não continuidade nos mandatos autárquicos mas ainda não é uma despedida. Ainda há muito para fazer e ainda reúno todas as forças para agora, no imediato, lutar com todos vocês contra esta pandemia que não nos vai tirar os sorrisos e, na nossa teimosia como seres humanos, um dia ainda vamos viver nos abraços uns dos outros.

Bem hajam a todos que continuarão a percorrer comigo este meu caminho até ao último dia do cargo de presidente e a marcar a história do Município de Vila real de Santo António, que levo no coração todos os dias.

 

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