Castro Marim vai testar toda a população do concelho à Covid-19 já a partir de sábado, dia 13, para ver se acaba «de uma vez por todas» com a forte propagação da doença no concelho.
Os testes vão ser disponibilizados de forma gratuita a todos os cidadãos, sendo apenas necessário fazer marcação, através do email biblioteca@cm-castromarim.pt ou dos contactos 281 510 747 ou 281 510 778 (9h00-17h00) e 961 743 222 (9h00-20h00).
As exceções são as crianças até aos 10 anos ou as pessoas já imunizadas, por terem tomado a vacina ou por terem tido a doença.
Para tornar possível esta operação de testagem em massa, a Câmara de Castro Marim comprou «4 mil testes rápidos» e conta com a ajuda de cerca de duas dezenas de profissionais de saúde «que se voluntariaram para fazer as recolhas e todo o trabalho, sem cobrar o que quer que seja», revelou ao Sul Informação Francisco Amaral, presidente da Câmara de Castro Marim.
«Este sábado e domingo vamos ter cinco postos de recolha a funcionar no Pavilhão Municipal de Castro Marim, dois para pessoas que venha de carro e três para quem vier a pé. Estamos à espera de uma grande adesão», revelou o autarca, que é, igualmente, médico.
A recolha é feita com zaragatoa, através do nariz, e «o resultado do teste é bastante rápido».
No fim-de-semana seguinte, dias 20 e 21, os testes serão levados até junto da população que vive mais isolada, «nomeadamente nas freguesias do Azinhal e de Odeleite», através da Unidade Móvel de Saúde.

A ideia é testar o máximo de pessoas, o mais rapidamente possível, pelo que a Câmara apela à população para que se inscreva já para esta primeira leva. Ainda assim, salientou Francisco Amaral, o rastreio continuará o tempo que for necessário, até «que todos tenham sido testados».
A decisão de testar toda a população «prende-se com o facto de Castro Marim ser o concelho do Algarve mais pandémico, devido a vários surtos que temos tido. Tínhamos de fazer alguma coisa».
Um dos principais surtos teve lugar numa escola de Altura.
Segundo a mais recente atualização da incidência cumulativa de casos de Covid-19, a 14 dias, feita ontem pela Direção-Geral da Saúde (DGS), Castro Marim é o município algarvio com maior incidência de contágio, com 2517 casos por 100 mil habitantes (entre os dias 20 de Janeiro e 2 de Fevereiro).
Na prática, isto significa que foram diagnosticados, em 14 dias, cerca de 150 casos da doença neste concelho, que tem cerca de 7 mil habitantes.
«Os serviços de saúde estão sobrecarregados. Está um descontrolo absoluto, os serviços não conseguem dar conta de tudo e seguir todos os contactos de risco», revelou.
Esta situação levou a Câmara de Castro Marim e a do concelho vizinho de Vila Real de Santo António a oferecer apoio para o rastreamento de contactos à Autoridade de Saúde Regional, que foi recusado.
«Nunca houve inquéritos epidemiológicos em atraso nessa área. A equipa é única, tem trabalhado nos dois concelhos – aliás, é muito difícil separá-los porque estão ligados em questões de trabalho, de escola e de território – e trabalhou muito, até ser necessário, para deixar, de um dia para o outro, todas as pessoas avisadas de que eram positivas e deveriam ficar em casa», revelou à Lusa, na passada semana, Ana Cristina Guerreiro, a delegada Regional de Saúde, para justificar o declinar da oferta feita pelas autarquias.
Perante esta recusa, a Câmara decidiu criar «um gabinete para fazer o inquérito epidemiológico à população». E que melhor maneira de saber quem tem e quem não tem a doença do que testar toda a gente?
«Vamos ver se acabamos com isto de uma vez por todas», afirmou Francisco Amaral.
Para já, foram investidos «mais de 20 mil euros» na compra destes 4 mil testes rápidos.
Esta quantidade deverá ser suficiente para testar todos os castro-marinense elegíveis, mas, «se forem precisos mais testes, nós vamos adquirir mais».
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