BE e CDS-PP pedem a demissão de Isilda Gomes

Vereadores dos dois partidos na Câmara de Portimão fizeram o pedido na reunião de Câmara de hoje

O CDS-PP e Bloco de Esquerda vieram hoje a público pedir a demissão de Isilda Gomes, na sequência da polémica em torno da vacinação da presidente da Câmara de Portimão contra a Covid-19.

O pedido foi feito diretamente à presidente do município, na reunião da Câmara de Portimão desta quarta-feira, tanto pelo vereador José Caçorino, do CDS-PP, eleito pela coligação Servir Portimão, como pelo vereador João Vasconcelos, do BE.

Esta tarde, os dois partidos enviaram notas às redações, onde reafirmam que Isilda Gomes não tem condições para se manter à frente dos destinos da Câmara e que deverá abdicar do cargo.

O BE diz que «Isilda Gomes não tem condições para continuar como presidente da Câmara de Portimão, devendo apresentar a sua demissão», depois de «se, ter vacinado contra a Covid-19, passando à frente de muitos outros utentes considerados prioritários, violando assim os critérios do plano de vacinação».

Já o CDS-PP defende que a presidente de Câmara socialista deve tirar «as devidas ilações e consequências» e que «não tem quaisquer condições politicas para continuar a exercer o cargo».

«A Ética Republicana, tão cara aos militantes do Partido Socialista, impõe necessariamente que a Dra. Isilda Gomes apresente um pedido de desculpas público aos portimonenses e que renuncie ao seu cargo, sendo esta a única forma de sair das suas funções com uma réstia de dignidade», defenderam os centristas.

Na reunião de Câmara de hoje, sabe o Sul Informação, Isilda Gomes apresentou a mesma justificação para ter levado a vacina que já havia dado à comunicação social: o facto de ser voluntária no hospital de campanha para internamentos Covid-19, instalado no Portimão Arena.

Na segunda-feira, dia em que se soube da vacinação da autarca, Isilda Gomes assegurou ao nosso jornal que só foi vacinada por essa razão. A presidente da Câmara está a fazer trabalho de voluntariado, no âmbito do projeto “Visitas Virtuais”, em que intermedeia chamadas virtuais entre doentes internados e as suas famílias.

Já a Câmara de Portimão,  num post feito no Facebook no mesmo dia, explicou que a vacinação da autarca foi «condição necessária» para que pudesse ser voluntária desse projeto.

Por outro lado, diz a autarquia, «na data de abertura do CHUA Arena, todos os que exerciam funções foram vacinados».

Estas justificações, bem como as de que a autarca pertence a um grupo de risco, não convenceram os membros da oposição.

O CDS-PP alega que, por Isilda Gomes não ter tido «qualquer contacto de risco com doentes de Covid-19 no âmbito do seu trabalho de voluntariado, beneficiou ilegal e ilegitimamente de um benefício público (uma vacina que, neste momento, é escassa!), o que configura uma situação gravíssima de abuso de poder, que fere de morte a sua credibilidade pública e política».

Os centristas portimonenses instam a presidente da Câmara a revelar «quantos portimonenses, em múltiplas atividades (como os Bombeiros, Corpo Nacional de Escutas ou voluntários na área da saúde, entre outros), de forma nobre, anónima e abnegada, desde o início da pandemia, fazem diariamente trabalho voluntário (muitos em contacto com doentes Covid) e quantos deles estão já vacinados neste momento».

Já o Bloco de Esquerda salienta que «os critérios do plano de vacinação não contemplam o voluntariado».

«De acordo com as autoridades de saúde, os critérios definidos para o plano de vacinação contra a Covid, por insuficiência de vacinas, são muito claros: nesta 1ª fase devem ser vacinados os profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes; os profissionais residentes em lares e instituições similares; os profissionais e internados em unidades de cuidados continuados; os profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos e, agora, os bombeiros», elencam.

Também estão incluídas na lista «pessoas com 50 ou mais anos com insuficiência cardíaca ou renal, ou com doença coronária ou respiratória crónica», bem como «todas as pessoas com mais de 80 anos».

«A situação é ainda mais grave quando, ainda hoje, cerca de três dezenas de médicos estagiários e outros profissionais de saúde a trabalhar no Hospital de Portimão ainda não foram vacinados contra a Covid e não sabem quando o serão», dizem também os bloquistas.

Já o CDS-PP/Portimão diz que irá aguardar até ao fim desta semana pela demissão da presidente da Câmara e, caso isso não aconteça, irá «apresentar na Assembleia Municipal de Portimão uma moção de censura contra a Dra. Isilda Gomes»

 

 



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