Os primeiros dois doentes, ambos provenientes do hospital de Faro, chegam esta noite ao Hospital de Campanha COVID, denominado «CHUA Arena», em Portimão.
A médica Ana Castro, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), explicou aos jornalistas que estes dois doentes são pessoas com «idades díspares», já que um tem 56 anos e o outro 83.
A mesma responsável acrescentou que aentrada em funcionamento do hospital de campanha no Portimão Arena foi feita «no âmbito da ativação da Fase 4 do Pano de Contingência» do CHUA, que prevê que, «quando 80% da capacidade da Fase 3 estivesse esgotada, teria a abrir a Fase 4, o que aconteceu».
A abertura da estrutura, acrescentou, destina-se também a «dar apoio a doentes de fora da região». Ana Castro anunciou que o hospital de campanha deverá também receber doentes de outras regiões, nomeadamente de Lisboa e Vale do Tejo. «Ainda não sabemos quantos doentes serão, mas já fomos contactados».
O CHUA Arena tem capacidade até 100 camas e vai funcionar como serviço de retaguarda, mantendo a capacidade de resposta aos doentes que procuram as estruturas de saúde e aliviando a pressão sobre as unidades hospitalares públicas.
Para já, abrem apenas 20 camas, que são apoiadas pela respetiva equipa (2 médicos, 3 enfermeiros e 3 auxiliares, bem como pessoal de limpeza e logística).
«Não são os rácios ótimos, mas esta situação é especial, é diferente e nós todos, profissionais de saúde, estamos a dar o nosso melhor», disse ainda Ana Castro. Esta responsável sublinhou a «boa vontade dos profissionais, que já estavam em esforço e continuam em esforço».
Aliás, explicou, ela própria, além de presidente do Conselho de Administração do CHUA, é médica e está no hospital de campanha nessas funções, «para fazer os turnos que forem precisos, pelas horas que forem necessárias».
Neste momento, nos dois hospitais públicos do Algarve – Faro e Portimão – há «120 doentes Covid internados em enfermaria», pelo que as novas 100 camas do hospital de campanha «quase duplicam a nossa capacidade de resposta».
Até porque, salientou Ana Castro, «continua a haver outros doentes e os hospitais têm de dar resposta também a esses».
A responsável disse que estas novas camas são «uma boa almofada», manifestando a «esperança de que estas camas cheguem não só para nós, mas para quem precise de nós», nas outras regiões.
A estrutura básica do hospital de campanha no pavilhão Arena, em Portimão, já estava montada há meses. Mas agora foi em apenas 24 horas que se preparou tudo para receber os primeiros doentes. «Em 24 horas, foram instalados os equipamentos, os telefones, os computadores, feitas as camas, enfim, tudo o que é necessário para receber os doentes», explicou ao Sul Informação Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão.
A montagem do hospital de campanha custou ao Município portimonense 230 mil euros, mas Isilda Gomes considera que se tratou «dos melhores investimentos que já fizemos».
Este esforço para deixar operacional o CHUA Arena foi possível graças ao empenho e trabalho conjunto entre as equipas do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, da Câmara Municipal de Portimão e da Autoridade de Proteção Civil, contando ainda com o apoio da Administração Regional de Saúde do Algarve.
O hospital de campanha destina-se a pessoas doentes com Covid, mas com quadro clínico menos complicado. No entanto, como explicou Fernando Aleixo, enfermeiro chefe dos Cuidados Intensivos do hospital de Portimão, também está preparado para «atendimento de doentes agudos», caso os doentes ali internados «agravem o seu estado clínico». Há uma zona do hospital de campanha dotada de equipamento de suporte avançado de vida, nomeadamente ventiladores portáteis.
A gestão clínica do espaço e o tratamento dos doentes fica agora sob a responsabilidade das equipas médicas, de enfermagem, técnicas e auxiliares do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, estando simultaneamente previsto um reforço de contratação de recursos humanos.
Esta estrutura funciona como unidade de retaguarda, pelo que apenas recebe doentes que lhe sejam encaminhados pelas unidades hospitalares do CHUA e com critérios específicos definidos pelas equipas clínicas.
Para marcar o arranque do funcionamento do hospital de campanha CHUA Arena, as suas instalações foram esta tarde benzidas por Monsenhor Cupertino, de 92 anos. Uma bênção, explicou, «não é uma espécie de ir à bruxa para ver se tem sorte», é «a invocação do poder de Deus».
«Bom trabalho, boa sorte, coração e cabeça a funcionar, confiança em Deus que isto há-de passar», disse Monsenhor Cupertino, dirigindo-se aos médicos e enfermeiros presentes no hospital de campanha.
Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação
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