Papa convida jornalistas a «gastar a sola dos sapatos e ir ao encontro das pessoas»

Diocese do Algarve “acolheu” sessão virtual de apresentação da mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais

Foto de Arquivo

«Gastar a sola dos sapatos e ir ao encontro das pessoas». A mensagem do Papa para o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais foi apresentada, esta segunda-feira, ao final da tarde aos profissionais do setor, numa sessão online promovida pelo Secretariado das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa, em conjunto com o Gabinete de Informação da Diocese do Algarve.

Nesta mensagem, o Papa Francisco lembra que é «dever dos comunicadores reconhecer o rosto da notícia que é a pessoa concreta, muitas vezes aqueles que não têm voz na sociedade».

D. João Lavrador, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais, a quem coube a apresentação do documento, salientou que o Papa desafia todos os comunicadores a apostarem num «modelo de comunicação que, segundo ele, deve pautar pelo encontro das pessoas como e onde estão».

«Numa sociedade fechada em si mesma, em tempo de pandemia, a aniquilar-se no medo do encontro, em isolamentos contínuos, urge não perder o que se pretende de uma verdadeira comunicação que deve atender às circunstâncias próprias em que vivem as populações e as pessoas concretas», prosseguiu, apelando a que, como refere a mensagem papal subordinada ao tema “’Vem e vê!’ (Jo 1, 46) – Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão”, não haja «medo de gastar a sola dos sapatos e ir ao encontro das pessoas».

D. João Lavrador realçou que Francisco evidencia «a exigência do despertar da comunicação social para a realidade concreta das pessoas, tantas vezes trágica e incómoda».

«De facto, a verdade da notícia não se pode limitar a mera opinião ou a relatos alheios à autenticidade dos factos; não deve incorrer no erro de seguir ideologias; e quando se trata de pessoas é a realidade concreta que deve ser atendida», afirmou.

O responsável lembrou também que a comunicação deve ter em conta a «descoberta da verdade, que nunca é alheia à pessoa, mas também à comunidade e às circunstâncias em que vive e se comunica a pessoa humana».

D. João Lavrador realçou ainda que «a comunicação não pode partir de abstrações, preconceitos, ideologias ou manipulações que sirvam interesses particulares. Pelo contrário, ela tem de se situar na descoberta das verdadeiras e profundas interrogações do ser humano e encaminhar para Vida na sua totalidade».

Por seu lado, Isabel Figueiredo, diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS), questionou os comunicadores se trabalham tendo em conta a «constância de um apelo à fraternidade, dentro e fora da Igreja» e a «coragem de ver e denunciar» o que encontram à sua volta.

«Conseguimos ter presente no dia a dia, antes de escrever uma peça, de preparar uma emissão ou de pensar num post para as redes, o sentido ético que não nos permite fugir da linguagem que sabemos correta, da necessidade de infundirmos o que fazemos de um sentimento de pertença que nos une?», interrogou Isabel Figueiredo, desafiando os participantes a «fazer a diferença ao escrever um artigo, ao publicar uma noticia, ao entrevistar este e não aquele convidado, ao escolher primeiras páginas, leads, fotografias, sons».

A diretora do SNCS informou, ainda, que o jornal centenário da Diocese do Porto, ‘Voz Portucalense’, irá receber a título honorífico o Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão.

Por seu lado D. Manuel Neto Quintas, bispo do Algarve, agradeceu o trabalho dos profissionais de um setor que considerou «importantíssimo para a realização da missão da Igreja e de todas as missões humanas».

Esta sessão destinada aos secretariados diocesanos e jornalistas, em que o Sul Informação participou, estava agendada para se realizar, presencialmente, no Algarve, mas devido à situação epidemiológica, acabou por transferir-se para a plataforma Zoom.

D. Manuel Quintas lembrou este facto, lamentando são ser «possível estar cara a cara, fisicamente». Ainda assim, realçou, «por detrás de cada rosto e de cada nome, adivinha-se uma vida de entrega e doação à causa da comunicação», exprimindo a todos «apreço e reconhecimento por tudo aquilo que é feito a nível nacional», não só a nível eclesial.

É um trabalho, destacou o Bispo do Algarve, «que exige doação, entrega, tantas vezes sacrifício da própria família, pôr em risco a própria vida, sobretudo para aqueles que vão aos locais e veem para poder transmitir com maior verdade, realidade e autenticidade».

O prelado reconheceu também o serviço que os gabinetes de informação prestam às dioceses.

«Aqui no Algarve, desde que foi criado o Gabinete de Informação, senti-me, não desresponsabilizado, mas muito mais apoiado neste setor. Pela equipa que se constituiu e continua a trabalhar com grande dedicação e doação, tenho gosto em reconhecer publicamente o seu serviço que é certamente aquele que todos os gabinetes de informação prestam nas suas dioceses», concluiu.

O 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais será celebrado em maio de 2021, tendo sido a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963, assinalando-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes.

 

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