E se pudesse conhecer como funciona um lagar de azeite, sem sair do sítio onde se encontra? Ou um silo de cereais? Este cenário de aparente ficção científica pode vir a ser utilizado para mostrar a Dieta Mediterrânica como nunca foi vista.
O projeto chama-se iHeritage e quer «revolucionar o mundo da cultura e do turismo», recorrendo à Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Realidade Mista.
A iniciativa inclui parceiros de seis países do Mediterrâneo, entre eles a Universidade do Algarve, e no caso português, poderá ser caminho para uma «maior afirmação da identidade mediterrânica», explica Alexandra Rodrigues Gonçalves, diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo, e coordenadora do projeto em Portugal.
O iHeritage foi apresentado na passada quinta-feira, em conferência de imprensa, e surgiu na Sicília, em Itália, «num momento em que a cultura e o turismo estão em crise devido à pandemia».
A plataforma irá criar o primeiro Registo do Património Cultural Imaterial da Bacia do Mediterrâneo que, no caso do Algarve, inclui a Dieta Mediterrânica.
Visualizar os achados arqueológicos exibidos em museus no contexto original, recriar o ambiente arquitetónico e urbano de locais de arte, reconstruir o contexto histórico e arqueológico de sítios com achados restaurados, participar na reconstrução de escavações ou assistir a cenas vivas da vida e costumes do passado são alguns dos exemplos das soluções que serão levados a cabo por esta plataforma.
«Este é um projeto muito ambicioso para a bacia mediterrânica, com complexidade, que quer introduzir 28 novos produtos inovadores, que vão permitir visitas aumentadas, encenações históricas virtuais, ou exposições holográficas, tudo numa plataforma única», disse Alexandra Gonçalves ao Sul Informação.
Os produtos finais não estão definidos, mas, no caso português, a possível «visita virtual a um lagar de azeite é um exemplo. Estamos na fase da definição dos produtos, é um work-in-progress que se vai desenvolver ao longo do projeto».
Estas soluções são desenvolvidas por empresas tecnológicas «que ainda não estão identificadas. Há uma abertura total para propostas», realça Alexandra Rodrigues Gonçalves.
No entender da responsável, «para nós, na Universidade do Algarve, esta será uma oportunidade para ligação entre a cultura e o turismo. Esperamos que, através da introdução das novas tecnologias e de experiências virtuais, possamos contribuir para a afirmação e o melhor conhecimento da realidade mediterrânica da região, introduzindo inovação nas narrativas tradicionais, envolvendo empresas, investigação e a comunidade neste processo».
«O iHeritage vai mostrar-nos o património mediterrâneo da UNESCO como nunca o vimos. Dezenas de novas soluções tecnológicas vão abrir o caminho para uma relação democrática e sem precedentes com as tradições orais, o património cultural e arqueologia, revelando formas, contextos e conteúdos que de outra forma seriam invisíveis», realça, por seu lado Lucio Tambuzzo, criador do projeto.
A iniciativa pretende também «apoiar a indústria criativa e start-ups inovadoras em seis países mediterrânicos, graças a financiamentos destinados a criar novos conteúdos aumentados e virtuais nos nossos principais setores: cultura e turismo».
Fátima Catarina, vice-presidente da Região de Turismo do Algarve, também vê com bons olhos o iHeritage. «A identidade cultural é um elemento do turismo cada vez mais sustentável. O turismo cultural, gastronómico e de vinhos têm sido apostas da RTA e, por isso, tínhamos de responder favoravelmente para se associar a este projeto».
Esta iniciativa encontra-se integrada no Centro de Investigação em turismo, Sustentabilidade e Bem-Estar – CinTurs da Universidade do Algarve. A equipa multidisciplinar inclui o professor Mauro Figueiredo, investigador das áreas da computação e Tecnologias da Informação, a professora Mirian Tavares, para as áreas da Comunicação e Artes, e o professor Bruno Silva para as áreas da Comunicação e Audiovisuais.
Este projeto é cofinanciado pelo Programa da Bacia do Mar Mediterrâneo ENI CBC da União Europeia. O orçamento total do projeto é de 3,87 milhões de euros, sendo que a Universidade do Algarve recebe 180 mil euros.
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