“Padrinhos” satisfazem pedidos de Natal de crianças carenciadas de Faro

Iniciativa da Refood Faro

Mais de 100 crianças de famílias carenciadas de Faro receberam, este domingo, os presentes que pediram ao Pai Natal, graças a uma campanha da Refood que contou com uma ampla resposta da população de Norte a Sul do país.

A dimensão que a iniciativa tomou obrigou a instituição a encontrar um espaço amplo para receber os beneficiários – divididos em pequenos grupos para cumprir as regras sanitárias impostas pela pandemia de Covid-19, assim como as muitas prendas e cabazes oferecidos às famílias, um apoio extra para um Natal mais recheado.

O desafio foi lançado no início do mês de Dezembro pelo núcleo de Faro da Refood – que no concelho presta apoio alimentar a 300 pessoas -, e as respostas foram imediatas, tendo chegado de todo o país, com dezenas de ‘padrinhos’ a responder afirmativamente aos pedidos de Natal das crianças.

É com um carrinho de compras cheio de prendas e cabazes que Cátia Marçalo afirma à Lusa não encontrar outra palavra se não “gratidão” para agradecer o que tem recebido. “Pensei que iria ser um Natal mais triste, mas graças à Refood consigo ter alguma coisa na mesa”, revela.

Recorreu à associação quando teve de “ficar desempregada” para apoiar o filho de quatro anos com uma perda quase total da visão e revela que “não seria igual” se não recebesse o apoio.

Para o próximo ano, apesar do filho “ainda estar muito dependente” da sua ajuda, manifesta a esperança que tanto essa situação como a pandemia “melhorem” e que possa deixar de “precisar de ajuda” alimentar.

Ao longo de cerca de quatro horas e meia, as famílias foram chegando por turnos e recolhendo os donativos, com os mais pequenos a fazerem a festa, quer pelas prendas, como por alguns doces que são colocados no carrinho.

É a meio da recolha dos presentes que a Lusa reencontra o adolescente Maxuel Duarte, que acredita “muito” que o “kit de robótica” que pediu será correspondido.

Já a mãe, Susana Azevedo, afirma terem encontrado em Portugal um acolhimento que lhes “encheu o coração”, tendo sido “totalmente essencial” para ajudar a família a enfrentar e “ultrapassar” uma situação que os levou a equacionar um regresso ao Brasil.

Para esta família com quatro filhos, o Natal trará um “duplo presente” com a oferta que receberam hoje, mas também com o regresso do pai a Portugal, mais de um ano depois, permitindo uma consoada “com a família mais unida”.

Hélia Lourenço é beneficiária da associação há um ano e para além da pandemia, confessa que 2020 tem sido “muito complicado”, tanto em termos de “saúde”, como “financeiro”.

Por esse motivo, a ajuda alimentar que recebe é “um grande apoio”, permitindo-lhe, assim, canalizar verbas para outras despesas.

Mãe de uma menina de nove anos com paralisia cerebral, revela à Lusa que a filha necessita de “cuidados muitos especiais”, entre fraldas, uma alimentação específica “muito cara”, terapias e medicação, num valor que ultrapassa os “900 euros” mensais.

Com um carrinho de compras cheio com os cabazes e as prendas para a Inês, revela que o desejo para a filha é “sempre saúde” e para si “a capacidade para ir gerindo a campanha [de tampinhas de garrafas]”, que lhe permite ir pagando as terapias.

A iniciativa da Refood tomou tempo extra a muitos dos seus voluntários, com noite pouco dormidas nos últimos dias para garantir que os cabazes e os presentes seriam entregues às famílias a tempo do Natal.

Visivelmente cansada, mas ainda a comandar as operações, a coordenadora do núcleo revela à Lusa a união “de todos os voluntários” nesta ação, para poderem proporcionar “os sorrisos às famílias” e “comida na mesa” de Natal, para além das “prendinhas para as crianças”.

Paula Matias mostra gratidão por uma resposta “de norte a sul do país” que permitiu que a intenção inicial de uma prenda por criança e um cabaz por família passasse para “quatro presentes” e “três cabazes” por família.

A responsável afirma que a intenção da Refood “não é só dar comida e proporcionar uma comida na mesa”, mas também “perceber os problemas das famílias e tentar ajudar”, conclui.

 



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