As longas filas que se formaram na segunda-feira no Aeroporto de Faro, com cidadãos vindos do Reino Unido, a maioria de nacionalidade portuguesa, deveu-se ao pouco tempo que houve para adaptação ao despacho emitido pelo Governo no domingo ao início da noite, considerou ontem Graça Freitas, a diretora-geral de Saúde, em resposta ao Sul Informação, na conferência de imprensa de balanço da situação epidemiológica em Portugal.
Questionada pelo nosso jornal sobre a situação vivida no Aeroporto de Faro, Graça Freitas apontou para o facto desta ter sido uma decisão inesperada, motivada pela evolução da pandemia.
«Todas estas decisões em relação à pandemia são tomadas de forma muito rápida e, às vezes, são precisas algumas horas para que os mecanismos se adaptem», declarou.
«No caso concreto do Aeroporto de Faro, a responsabilidade pelas operações que lá se estão a passar a nível de testes e das indicações que são dadas aos cidadãos tem a ver com autoridade de saúde territorialmente competente, a da região do Algarve, bem como com a autoridade de saúde da sanidade internacional nessa região», acrescentou.
«Cada porto e cada aeroporto tem uma autoridade sanitária própria, de acordo com o regulamento sanitário internacional, que é responsável pelo que se passa na infraestrutura», explicou, ainda, a diretora-geral de Saúde.
Contactada pelo Sul Informação, a Autoridade de Saúde Regional salientou que a execução dos testes é uma responsabilidade direta da ANA Aeroportos.
Já a operação, no seu todo, «resulta de uma articulação entre a ANA, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Autoridade de Saúde Regional», segundo uma fonte oficial desta última entidade.
Certo é que os passageiros tiveram de esperar, em alguns casos, mais de cinco horas, até serem autorizados a ir para casa – mas só depois de assinarem uma declaração a comprometer-se que fariam o teste em 48 horas, onde se lia, também que se recusaram a ser testados, o que não correspondia à verdade.
No caso dos testes, a autoridade de saúde lembra que o despacho de 20 de Dezembro diz que, caso os passageiros vindos no Reino Unido não tragam consigo um teste negativo feito há menos de 72 horas, terão de fazer o teste «a expensas próprias, em local próprio no interior do aeroporto em serviço disponibilizado pela ANA – Aeroportos de Portugal, S. A., através de profissionais de saúde habilitados para o efeito».
No entanto, como o Sul Informação deu ontem conta, no Aeroporto de Faro havia, apenas, um técnico a fazer os testes, quando foram quatro os voos que chegaram em poucas horas, provenientes do Reino Unido.
O nosso jornal contactou a ANA Aeroportos, mas não obteve resposta. Ainda assim, a empresa que gere os aeroportos portugueses respondeu a questões colocadas pela Agência Lusa, a quem admitiu a existência de «constrangimento» na infraestrutura aeroportuária algarvia.
«A chegada de passageiros sem teste Covid-19 ao Aeroporto de Faro, de forma massiva, causou constrangimento e maior demora neste procedimento. A ANA está, em conjunto com as restantes autoridades, a trabalhar para melhorar as condições e diminuir o desconforto dos passageiros», disse à Lusa, em comunicado, fonte oficial da ANA.
A mesma fonte disse que os meios do laboratório da empresa que está a fazer os testes no aeroporto algarvio foram reforçados, tendo em conta o elevado número de passageiros a chegar sem teste à Covid-19.
Quanto à saída dos passageiros que ficaram horas à espera, em pé e sem nada para comer ou beber, do aeroporto, foi «uma decisão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras», que articulou com o delegado de saúde de Faro – a «autoridade sanitária própria» mencionada por Graça Freitas -, a quem foi entregue a lista de todos os passageiros que aguardavam resultado do teste ou que se comprometeram a fazê-lo em 48 horas, de modo a poder sair da aerogare.
Estas pessoas passam, desta forma, a estar sob a jurisdição da Autoridade de Saúde Regional ou, caso entrem em incumprimento, das forças de segurança.
Já o facto de as pessoas terem tido de assinar uma declaração onde se lia que se recusaram fazer o teste, quando isso não era verdade, a autoridade de saúde não quis comentar, por «sair da sua esfera de competências».
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