Sete meses depois, grupos de turistas guiados regressam aos Mercados de Olhão

Grupos ficam limitados a 10 pessoas

Mais de sete meses depois, os grupos organizados de turistas, guiados por guias-intérpretes, vão poder regressar aos Mercados de Olhão. As visitas tinham sido suspensas em Março, devido à pandemia, mas vão voltar a realizar-se, depois de a Agigarve – Associação de Guias-Intérpretes do Algarve e os Mercados de Olhão terem assinado, na passada quarta-feira, um protocolo de cooperação.

Um protocolo que, realçou Eduardo Cruz, presidente do Conselho de Administração dos Mercados de Olhão, em declarações ao Sul Informação, é importante «não só para a atividade dos próprios guias-intérpretes, mas também para a vida do mercado».

 

Eduardo Cruz

Segundo o responsável, «havia, para os nossos operadores e comerciantes, esta necessidade de voltar a ter visitas de uma forma organizada, integrada, enquadrada e respeitando todas as regras em vigor relativamente às questões da higienização e do distanciamento, segundo a orientação da DGS. Isso foi conseguido».

«É importante que ocorra» a presença dos grupos de turistas no mercado de Olhão, realça Eduardo Cruz. «Os nossos operadores tiram vantagem dos visitantes. São consumidores no mercado hortofrutícola e também dos produtos regionais e tradicionais da área da alimentação. A área do pescado também suscita muita curiosidade. São consumidores que os próprios guias ajudam a trazer e há uma vantagem recíproca».

«Isto é 50/50, somos os dois ganhadores», garante o responsável.

No entanto, este acordo não prevê apenas o regresso das visitas guiadas. O documento prevê também, segundo Eduardo Cruz, «criar um clima de recuperação futura, quer das atividades do mercado e quer da atividade dos guias. Está ainda prevista, por exemplo, a realização de workshops para os guias. Esses workshops podem ser de iniciativa nossa, ou comum, e vão servir para divulgar melhor o que é Olhão e os seus mercados», enquadra.

A aproximação entre os Mercados de Olhão e a Agigarve nasceu, curiosamente, de um problema. Eduardo Cruz revelou ao nosso jornal que «houve aqui uma visita de um guia turístico que terá sido impedido de entrar no mercado, por qualquer razão. Isso gerou uma discussão, nas redes sociais, onde também eu acabei por intervir. Conhecendo a Armanda Leal [guia-intérprete] há muitos anos, tomámos a iniciativa de começar a falar. Estava identificado o problema e começámos a trabalhar para encontrar uma solução».

 

António Pina

 

A cerimónia de assinatura do acordo foi “apadrinhada” por António Pina, presidente da Câmara de Olhão, que, naquele que até era o dia do seu aniversário, destacou a capacidade dos Mercados e da Agigarve de «transformar um problema numa solução».

O autarca acredita que este acordo permite «melhorar a forma de receber os turistas e quem traz os turistas, de forma a respeitar todas as regras de segurança. Isto cria uma mensagem de confiança, para quem trabalha e para quem vem às compras».

Cristina Marreiros, presidente da Agigarve, por seu lado, em conversa com o nosso jornal, destacou a importância do protocolo para uma associação «relativamente nova, que foi fundada em Fevereiro. Este protocolo com os Mercados de Olhão faz parte deste caminho que estamos a trilhar. O acordo mostra uma abertura por parte de uma instituição, no caso, a Câmara Municipal de Olhão, representada pelos mercados, que nos vem dar novas ferramentas para podermos desempenhar melhor a nossa atividade».

A importância das visitas ao mercado para os turistas é realçada pela responsável. «Como foi dito pelo João Leal [decano jornalista que marcou presença na cerimónia], o mercado não é pura e simplesmente um espaço de comércio, é um espaço feito de pessoas. Há toda uma envolvência e é isso que os turistas querem também saber, como é que funciona. A partir do mercado, consegue-se perceber como é a vida comum do português, que noutros sítios não se apanha tão bem».

 

Cristina Marreiros 

 

Já para a atividade dos guias, que «está muito parada», devido à pandemia, o acordo é «importante. Vamos ter um Inverno mais parado, mas vamos aproveitar o tempo para irmos preparando a retoma, que esperemos que seja a partir de Março, que lentamente venha a acontecer e termos todos mais ferramentas para podermos trabalhar mais e melhor».

Para Cristina Marreiros, este protocolo estabelece ainda uma «diferença entre os guias certificados e quem “aterra” aí sem saber exatamente como está a proceder».

Os grupos vão regressar aos Mercados de Olhão, mas com regras. A presidente da Agigarve realçou que será «obrigatório higienizar as mãos, usar máscara, manter as regras de distanciamento social e estamos limitados a 10 pessoas por grupo. Em casos de grupos maiores, teremos que dividir o grupo, para fazermos as visitas, mantendo o distanciamento. Depois, vamos adaptar-nos conforme as regras forem mudando».

Além disso, os guias têm de «informar os mercados antecipadamente» de que vai haver uma visita. «Devemos antecipar a hora de chegada, quantos clientes vamos trazer, etc. Neste momento, isso não vai ser possível ao sábado, porque ao sábado já há muita pressão sobre os mercados, há muita gente, e as visitas são complicadas. Assim, funcionará durante a semana, que eu penso que será importante para a cidade».

Uma cidade que, realça Cristina Marreiros, está na moda lá fora. «Olhão tem uma arquitetura muito própria, que tem cativado imenso as pessoas. No final do mês passado, tivemos cá um programa da televisão francesa sobre a arquitetura da cidade de Olhão. E esse programa era focado, exatamente, na arquitetura dos bairros antigos, sobretudo, do Bairro da Barreta. Este programa, mais uma vez, veio realçar estas particularidades que as cidades e vilas do Algarve têm e que nós estamos cá para mostrar», concluiu.

 

 

Fotos: Flávio Costa|Sul Informação

 

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