Foi um ano dominado pela resposta à pandemia, com a Câmara de São Brás de Alportel a reorientar cerca de meio milhão de euros do seu orçamento para medidas de prevenção da doença e de apoio à população. De caminho, a autarquia deu uma ajuda ao comércio local, concluiu obras em curso e até lançou algumas novas, que nem sequer estavam previstas.
O executivo camarário são-brasense fez o balanço do terceiro ano de mandato, numa sessão que decorreu na passada semana no Parque das Amendoeiras, junto à Avenida da Liberdade, no centro da vila.
E, como seria de esperar, este foi um ano com duas partes bem distintas: o pré e o pós Covid-19.
Os primeiros dois meses do ano até foram normais, com as atenções da autarquia focadas na execução do Orçamento Municipal.
No entanto, a chegada da pandemia obrigou a reavaliar os plano existentes.
«Tivemos que aumentar a nossa capacidade de resposta em termos sociais a alguns munícipes, ao nível de apoios quer de alimentos, quer de bens de primeira necessidade, quer de consultas médicas e tivemos que reorganizar, também, o apoio direto que damos à população, nomeadamente aos mais idosos», disse Vítor Guerreiro, presidente da Câmara de São Brás de Alportel, à margem da sessão.
Os munícipes mais velhos de São Brás de Alportel também receberam «visitas mais constantes das nossas equipas sociais, não só para levar os alimentos, mas acima de tudo para levar, também, uma palavra de tranquilidade, de companhia, àqueles que estão mais isolados, que não tem cá os familiares».
Esta atenção especial com a população mais idosa e que vive isolada também esteve ligada ao facto de uma das primeiras medidas tomadas pela autarquia ter sido a supressão de “Vir à Vila”, um serviço de transporte público que serve as zonas mais isoladas do concelho, que só recentemente foi retomado.
«Para que as pessoas mais idosas não circulassem, acabámos com esse transporte. Então tivemos que aumentar a presença dos serviços sociais da Câmara junto dessas pessoas e isso foi fundamental», resumiu o edil são-brasense.
Por outro lado, a Câmara garantiu apoio direto à população, quer ao nível de bens alimentares, quer com vales de compras que podiam ser usados no comércio local para fazer compras de, por exemplo, material escolar ou produtos para bebés.
De caminho, foi reforçado o apoio ao arrendamento e lançado um novo programa na área da habitação dirigido aos mais jovens.
«Tivemos que aumentar bastante para pequenas obras em habitações de pessoas que necessitam, equipamento escolar, etc.», resumiu o presidente da Câmara de São Brás.
Estas preocupações revelaram-se especialmente pertinente à luz da inclusão de São Brás de Alportel na lista de 121 concelhos que estão desde ontem em confinamento parcial, devido à prevalência de casos de Covid-19.
Uma situação que apanhou São Brás de Alportel de surpresa e que faz os empresários locais temer o pior.
Para financiar todas estas medidas foi criado o Fundo Municipal de Emergência, dotado de meio milhão de euros, que serviu para financiar a Estratégia Municipal de Combate à Covid-19, «composta por mais de 50 medidas distribuídas por três eixos de ação: Prioridade à prevenção; Solidariedade – Apoio às Famílias e à Comunidade e Defesa da Economia».
E se este ano foi preciso dotar o fundo com 500 mil euros, em 2021 Vítor Guerreiro admite destinar ainda mais dinheiro às medidas relacionadas com a pandemia.
«No próximo ano temos consciência que temos de começar com meio milhão de euros e teremos que aumentar. E temos consciência que a prioridade neste momento é que as pessoas tenham o mínimo de condições», afirmou.
«Sabemos que tudo isto vai piorar, também, com situações de despedimento. Há famílias que já começam a ter muitas dificuldades em pagar os seus compromissos financeiros».
«Temos que ir reorganizando os serviços da câmara para dar resposta, não queremos, sempre temos dito isto no nosso concelho, não pode haver ninguém a passar fome, dificuldades, com uma habitação sem o mínimo de condições, com falta de bens de primeira necessidade e isso é algo que para nós é prioridade, mais do que qualquer outro investimento», salientou Vítor Guerreiro.
Atualmente, a Câmara de São Brás de Alportel já está «a apoiar muitas famílias. E se tivermos que aumentar temos que aumentar, temos que ter verba para criar essas condições».
«Temos que estar preparados para o que aí vem. E o que aí vem, acima de tudo, é tentar manter a economia a funcionar e apoiar socialmente quem mais necessita. Temos consciência que vai ser um fim de mandato muito difícil», acrescentou o edil são-brasense.
Entretanto, e apesar da Câmara ter apostado forte no combate às consequências sociais da Covid-19, não deixou de avançar com obras já planeadas, como o novo Terminal Rodoviário, a remoção de fibrocimento das escolas e a requalificação do Troço Sul da Avenida da Liberdade, mas também algumas que só deveriam avançar mais tarde, como a que está em curso no troço central desta última artéria.
«Esta obra não, não tínhamos pensado fazer. Era necessária, mas não era algo que fossemos avançar já. Pensámos em fazer já porque é, também, importante e tem sido uma dinâmica muito interessante», disse Vítor Guerreiro.
Isto porque os trabalhadores das empresas responsáveis pelas obras acabam por contribuir para a economia local. Por outro lado, as empresas que as realizam são locais ou de concelhos limítrofes, «que têm muitos trabalhadores aqui de São Brás».
Assim, acredita Vítor Guerreiro, continuar a apostar nestas obras, a larga maioria com cofinanciamento de Fundos da União Europeia já garantido, é uma forma ajudar o comércio local, ao mesmo tempo que se apoia a manutenção de empregos.
Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação
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