Rogério Bacalhau teme fecho de empresas devido ao confinamento parcial

Rogério Bacalhau diz que aumento de casos se deve a transmissão em seio familiar e que não há conhecimento de surtos no concelho

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação – Imagem de Arquivo

Muitas empresas de Faro, principalmente do setor da restauração, «vão fechar as portas» caso se confirme a inclusão do município de Faro na lista de concelhos em confinamento parcial, onde está a ser aplicado o recolher obrigatório, disse ao Sul Informação Rogério Bacalhau.

O edil farense antecipou a provável entrada da capital algarvia para a lista dos concelhos com taxa de transmissão da Covid-19 acima dos 240 casos por cem mil habitantes, em 14 dias, a fasquia além da qual o Governo considera que um concelho é de elevado risco e mostrou-se preocupado com as implicações.

Além de Faro, estão no limiar de entrar na lista outros concelhos do Algarve, nomeadamente Albufeira, Portimão, Vila do Bispo, VRSA e, eventualmente, Lagos, que se juntarão a São Brás de Alportel, que já é um dos concelhos em confinamento e se deverá manter como tal.

No caso do município farense, a linha vermelha, como a própria Câmara de Faro lhe chamou num post feito ontem no Facebook, são os 155 casos acumulados ao longo dos últimos 14 dias. Ontem, o concelho tinha «38 casos acima» deste limite, o que o coloca à beira do confinamento parcial.

«Isto vai trazer muitas restrições à economia e ao comércio. Os restaurantes não vão poder funcionar ao fim de semana e, certamente, muitos deles irão fechar», em alguns casos, de forma definitiva, considerou.

É que, com o recolher obrigatório a partir das 13h00 e até às 5h00, ao sábado e domingo, os restaurantes «vão perder quatro refeições» e logo aquelas que, por norma, lhe dão maior rendimento. Isto para não falar nos jantares aos dias de semana, em que há proibição de circulação a partir das 23h00, o que desencoraja muita gente a jantar fora.

«Depois de fechar portas, a retoma é muito difícil e isso terá implicações ao nível do emprego», considerou Rogério Bacalhau, que avisa que a situação implicará «prejuízos muito grandes para a região, em particular para Faro».

O ultrapassar da linha vermelha deveu-se a um «aumento constante do número de casos, nas últimas semanas».

No entanto, Rogério Bacalhau diz não conseguir «explicar porquê», tendo em conta que, «tanto quanto tenha conhecimento, não há surtos nenhuns em Faro».

«O que temos são famílias que foram sendo infetadas ao longo destas últimas semanas e que estão espalhadas pelo concelho. Todos os dias tínhamos 10 ou 15 casos novos. Mas não identificámos nenhum surto específico. Fizemos, inclusivamente, testes em alguns acampamentos e está tudo normal», assegurou.

Por outro lado «não há conhecimento de que haja pessoas de Faro internadas. Alguns estão assintomáticos, outros têm sintomas ligeiros, sem gravidade, e estão todos nas suas residências».

 

Baixa de Faro antes do confinamento parcial – Foto: Flávio Costa | Sul Informação

 

Nas escolas, embora haja casos entre alunos, são de «filhos de pessoas que estão infetadas» e «não há informação de transmissão dentro da escolas, que tem sido locais seguros, onde as regras estão a ser cumpridas».

A publicação feita ontem pela autarquia serviu para alertar a população que Faro iria, muito provavelmente, entrar em breve na lista dos concelhos em confinamento parcial e passar a estar sujeito ao recolher obrigatório e a outras medidas decretadas pelo Governo, no âmbito do estado de emergência.

No entanto, como o próprio presidente da Câmara de Faro admite, o número de novos casos começou a aumentar, de forma consistente, «há três ou quatro semanas», depois de muito tempo em que a situação «esteve estabilizada, com 40 a 50 casos a cada 14 dias».

Rogério Bacalhau justifica este alerta aparentemente tardio, a apenas um dia do Conselho de Ministros onde será definida a lista de concelhos de risco para a próxima quinzena, com o facto de a preocupação da Câmara não ser tanto «a linha vermelha, mas manter as coisas a funcionar».

«Temos acompanhado a situação, através da nossa comissão de Proteção Civil, que tem estado em reuniões constantes. Já há semanas que estamos a fazer campanhas a incentivar o uso de máscara e o respeito pelas regras sanitárias. Não me parece que uma coisa tenha relação com a outra», afirmou.

«Também temos vindo a trabalhar com o comércio local numa campanha de Natal. Estamos muito preocupados com estes comerciantes e a tentar dar-lhes uma ajuda», disse o edil farense, admitindo, ainda assim, que o apoio que a autarquia poderá dar «será sempre incipiente».

«Terá de haver uma ajuda muito grande e rápida do Governo, para que as empresas não entrem em insolvência. Os municípios não podem injetar dinheiro nas empresas para que elas sobrevivam. Essas ações terão de ser feitas ao nível da Administração Central», rematou Rogério Bacalhau.

 

 

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