Como encontrar um lugar feliz durante a pandemia

Há uma sabedoria escondida numa montanha; há emoções que só o mar nos consegue transmitir; um bosque ou uma floresta podem ajudar-nos a encontrar o nosso verdadeiro caminho

Por vezes, um jardim urbano e os pássaros seus habitantes — nossos vizinhos — podem ser o suficiente para ajudar-nos a olhar para dentro, a perceber a importância do mundo natural, de estarmos vivos. Como dizia José Saramago, «se podes olhar, vê. Se podes ver, repara».

Foi aprovada na passada sexta-feira, 20 de Novembro, a renovação por mais 15 dias do estado de emergência em Portugal, que se iniciou às 00h00 do dia 24 de Novembro e cessa às 23h59 do dia 8 de Dezembro.

Agora, passa a estar prevista uma diferenciação de medidas por concelho, com quatro níveis de gravidade da pandemia:

>Moderado: Concelhos com menos de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias;
>Elevado: Concelhos com um número de casos entre 240 e 479 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias;
>Muito elevado: Concelhos com um número de casos entre 480 e 959 por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias;
>Extremamente elevado: Concelhos com mais de 960 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.

Para os concelhos dos níveis “muito elevado” e “extremamente elevado”, além das medidas aplicadas a todo o território nacional, observam-se também:
— A proibição de circulação na via pública entre as 23h00 e as 5h00 nos dias de semana;
— A proibição de circulação na via pública aos sábados e domingos entre as 13h00 e as 5h00;
— A proibição de circulação na via pública nos dias 1 e 8 de Dezembro entre as 13h00 e as 5h00;
— Nos dias 30 de Novembro e 7 de Dezembro, os estabelecimentos comerciais devem encerrar às 15h00;
— Ação de fiscalização do cumprimento do teletrabalho obrigatório;
— Manutenção dos horários dos estabelecimentos (22h00, salvo restaurantes e equipamentos culturais às 22h30).

É principalmente para estes concelhos de Portugal, com níveis “muito elevado” e “extremamente elevado”, que escrevo estas linhas e proponho a descoberta de «Um Lugar Feliz», mesmo em tempos de tristeza, sem necessitar de ir muito longe, fazendo escolhas de índole pessoal e de gestão do seu tempo familiar.

Os locais onde nascemos ou habitamos têm histórias para nos ensinar. Todas as paisagens externas contribuem para as nossas dimensões internas. Por vezes, um jardim urbano e os pássaros seus habitantes — nossos vizinhos — podem ser o suficiente para ajudar-nos a olhar para dentro, a perceber a importância do mundo natural, de estarmos vivos. Como dizia José Saramago, «se podes olhar, vê. Se podes ver, repara».

Há uma sabedoria escondida numa montanha; há emoções que só o mar nos consegue transmitir; um bosque ou uma floresta podem ajudar-nos a encontrar o nosso verdadeiro caminho.

No seu livro «Um Lugar Feliz», Sofia Batalha propõe-nos explorar as paisagens circundantes de onde vivemos e a minha sugestão é que o faça, nas horas em que pode sair de casa, por exemplo, nas manhãs dos seus fins de semana.

Em vez de arrumar o quarto quando acordar, faça-o da parte da tarde; deixe o almoço adiantado à noite. A cama não se vai importar de ficar por fazer, a roupa por passar a ferro não se vai queixar. A casa suporta mais umas quantas horas com pó. Acredite. Sou casada, tenho duas crianças e consigo fazê-las (e sentir-me!) bem mais feliz, com estas pequenas alterações de prioridades diárias.

Calce os seus ténis ou botas de caminhada e explore. Observe os sorrisos dos seus filhos, enquanto trepam uma árvore, escalam uma rocha, sentem a terra ou a areia entre os dedos. Por que não subir ao lugar mais alto do local onde vive? Descobrir a margem de um rio? Passear junto à falésia? A riqueza paisagística de Portugal é tanta, que não lhe faltarão locais para descobrir ou redescobrir, com um novo olhar, a curta distância da sua casa.

De acordo com o livro de Sofia Batalha, as paisagens a explorar de acordo com o ano do nosso nascimento são:

->Centro — Núcleo e Labirinto (para quem nasceu em: 1959, 1968, 1977, 1986, 1995, 2004, 2013)

->Águas Profundas do Norte — Oceano, Mar, Rios e Nascentes (para quem nasceu em: 1963, 1972, 1981, 1990, 1999, 2008, 2017)

->Montanhas do Nordeste — Serras, Penhascos, Falésias e Escarpas (para quem nasceu em: 1965, 1974, 1983, 1992, 2001, 2010, 2019)

->Florestas Densas e Ancestrais do Este — Raízes, Troncos e Copas (para quem nasceu em: 1961, 1970, 1979, 1988, 1997, 2006, 2015)

->Bosques e Jardins do Sudeste — Flores (para quem nasceu em: 1960, 1969, 1978, 1987, 1996, 2005, 2014)

->Desertos do Sul — Estepe e Planícies Áridas (para quem nasceu em: 1964, 1973, 1982, 1991, 2000, 2009, 2018)

->Terra Fértil do Sudoeste — Hortas, Pomares e Vales (para quem nasceu em: 1962, 1971, 1980, 1989, 1998, 2007, 2016)

->Lagos e Estuários do Oeste — Dunas e Pântanos (para quem nasceu em: 1966, 1975, 1984, 1993, 2002, 2011, 2020)

->Grutas e Penedos do Noroeste — Rochas, Pedras, Cidades (para quem nasceu em: 1967, 1976, 1985, 1994, 2003, 2012, 2021)

O objetivo deste livro não é a definição astrológica da paisagem de nascimento. Este é apenas um tema “apêndice” para criar uma identificação pessoal numa cultura individualista como a nossa. Um ponto de partida dos locais com os quais, porventura, terá uma afinidade mais natural.

O objetivo maior de «Um Lugar Feliz» é a conexão profunda e bi-direcional com a natureza à nossa volta, onde quer que estejamos, independentemente das circunstâncias — de vivermos em estado de emergência.

Aproveite esta pandemia para voltar a preocupar-se com a paisagem onde está, com quem é. Encontre a sua definição individual da paisagem, permita-lhe resgatar a sua história e a relação singular e valiosamente diversa com o local onde vive. E assim, mesmo triste — porque ninguém consegue ficar indiferente ao sofrimento de tantas famílias que veem morrer os seus entes queridos —, pode sentir-se mais feliz, nos seus lugares, nas suas paisagens, dentro e fora de si.

 

 

Autora: Analita Alves dos Santos é uma Mãe preocupada com questões ambientais…e não só

 

 

 

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