Ana Castro diz que hospitais do Algarve estão prontos para enfrentar 2ª vaga da Covid-19

Ana Castro, a nova presidente do CHUA, deu ao Sul Informação a primeira grande entrevista desde que assumiu a responsabilidade pela gestão dos hospitais públicos do Algarve

Foto: Nuno Costa | Sul Informação

Os hospitais do Algarve estão preparados para as pessoas «que seja necessário receber» e para se adaptar às mudanças que possam estar no horizonte, na eventualidade de um aumento substancial da Covid-19 na região, garantiu ao Sul Informação Ana Castro, a nova presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve.

Na sua primeira grande entrevista depois de ter assumido, em Julho, a responsabilidade pela gestão dos hospitais públicos do Algarve, a também médica oncologista falou abertamente com o Sul Informação, sem se escusar a responder até às questões mais difíceis.

Um dos temas desta grande entrevista, da qual o nosso jornal dará conta em diferentes artigos, ao longo dos próximos dias, foi a resposta que está ser preparada para enfrentar a segunda vaga da Covid-19.

E isso passa, naturalmente, pela disponibilização de novos espaços e pelo aumento de número de camas destinadas a infetados com o novo coronavírus.

«Nós, neste momento, estamos a funcionar em Portimão com 22 camas. Em Faro, nesta segunda fase, estamos com 60 camas de possibilidade de internamento em enfermaria Covid», disse a presidente do CA do CHUA.

Na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), onde, «neste momento, estamos com cerca de 12 doentes internados», está-se a dar a expansão para a fase seguinte, «em que haverá à volta de 30 camas aqui em Faro e 12 camas em Portimão».

«A capacidade máxima de intensivos são 51 camas no centro hospitalar inteiro e já numa fase em que tenhamos que parar atividade. Porque nós teremos sempre que ter camas de cuidados intensivos para doentes não Covid. O resto da vida continua a acontecer. Apesar de, com estas restrições e com as pessoas a ficarem em casa e tudo mais, também haver menos acidentes e menos pessoas que podem estar a precisar de cuidados intensivos, isso vai sempre acontecer», explicou Ana Castro.

 

Foto: Nuno Costa | Sul Informação

 

Esta capacidade foi reforçada com a chegada de novos ventiladores, nos últimos meses, mas também com a preparação de equipas.

«O reforço de ventiladores ajudou. Nós fizemos obras e criámos novas unidades de cuidados intensivos, quer aqui, quer em Portimão. Mas há coisas que nós não conseguimos superar, que é a falta de profissionais».

«Nós fomos ao mercado, como toda a gente foi ao mercado, e não há especialistas nessa área. Assim, o que fizemos foi preparar as nossas pessoas, contar com os nossos médicos e aproveitar aqueles que têm mais apetência para cuidados intensivos e que podem trabalhar nestas equipas», disse a nova responsável máxima pelos hospitais algarvios.

Ou seja,  o CHUA tem vindo a apostar em «equipas mistas, com profissionais que são especialistas em medicina intensiva e outros que não são especialistas,  mas que têm formação específica para isso».

Com os enfermeiros, os hospitais algarvios foram «buscar todos os que estavam disponíveis para podermos contratar».

«Neste momento, e desde que nós entrámos, posso dizer que fomos buscar ao mercado, para contratar, cerca de 103 enfermeiros, 60 auxiliares e 40 técnicos», revelou Ana Castro.

«Nós temos que ir buscar todos os profissionais que estão disponíveis. Já fomos buscar, também, médicos que vieram trabalhar connosco, de várias especialidades, e, portanto, neste momento, achamos que estamos a capacitar o hospital para poder responder», rematou a presidente do Conselho de Administração do CHUA.

 

Foto: Nuno Costa | Sul Informação

 

Para chegar aqui, foi necessário muito planeamento. Na verdade, esta é uma tarefa que tem ocupado os dias do novo CA desde o primeiro dia.

«Tem sido um período de reorganização. Primeiro, procurámos conhecer a casa e depois tentámos organizar aquilo que encontrámos, para otimizar as coisas. No fundo, tem sido um bocadinho de reorganização no meio de uma altura complexa, que é a da Covid-19», contou Ana Castro.

Uma das prioridades foi «retomar tudo o que eram consultas que estavam em espera, para tentar que os cuidados fossem prestados às pessoas e que estas continuassem a ter os cuidados médicos».

Tudo isto foi feito a pensar já num eventual agravar da situação epidemiológica, na região, com a chegada dos meses mais frios.

«Preparámo-nos para esta 2ª fase a partir do momento em que chegámos, reorganizando serviços, tentando não parar, tentando recuperar atividade, para tentar compensar os cuidados que não foram prestados durante essa altura», acrescentou.

Este trabalho preparatório culminou com o acionar da Fase 2 do Plano de Contingência Covid do CHUA, no dia 10 de Novembro, que foi pensada de modo a garantir que «esta segunda vaga tenha o menor impacto possível na atividade normal do CHUA», apesar de ser inevitável que isso aconteça.

«Nesta segunda fase, achamos que estamos mais bem preparados para conseguir continuar a responder a algumas coisas, mas, provavelmente e como é óbvio, não vamos conseguir responder a todas. Há algumas situações que não vamos conseguir manter. Mas vamos tentar ao máximo manter a atividade do hospital e da cirurgia de ambulatório, das consultas externas, quer seja por tele-consulta ou vídeo-consulta, tentar orientar os doentes dessa forma», garantiu Ana Castro.

 

Fotos: Nuno Costa | Sul Informação

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