Turismo do Algarve investe no Parque Natural da Ria Formosa já a pensar na cogestão

Região de Turismo ofereceu ao ICNF a nova sinalética direcional e informativa da Quinta de Marim e mobiliário urbano para a zona de merendas da sede do Parque Natural da Ria Formosa

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Para já, foi um investimento do Turismo do Algarve em mobiliário urbano e em nova sinalética para a sede do Parque Natural da Ria Formosa. Mas a parceria entre a RTA e a direção regional do Instituto de Conservação da Natureza ontem oficializada pode ser vista como um primeiro passo para um modelo de cogestão desta área protegida, que há muito está a ser pensado e que também terá a Câmara de Olhão como «parceiro fundamental».

Essa foi a mensagem deixada tanto por João Catarino, secretário de Estado da Conservação da Natureza, como por João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve, à margem da assinatura do protocolo de cedência do equipamento de apoio para melhorar a experiência do visitante do Centro de Educação Ambiental de Marim, que teve lugar ontem, na Quinta de Marim, a sede do PNRF, em Olhão.

Ao abrigo do protocolo ontem assinado, a RTA cedeu ao ICNF mesas e bancos para a zona de piquenique da Quinta de Marim, bem como nova sinalética direcional e informativa, que o Turismo do Algarve adquiriu ao abrigo de uma candidatura ao projeto Valuetur, aprovado ao abrigo do Programa de Cooperação INTERREG V-A.

«À semelhança do que tinha sido já o investimento do ICNF em equipamentos análogos, este mobiliário é muito resistente e é feito de plástico que seria enviado para aterro, por não ter condições de ser reciclado», explicou João Fernandes, que, além de presidente da RTA, é engenheiro do ambiente.

«Mas há empresas que trabalham estes materiais. Desta forma nós aumentamos o tempo de vida dos equipamentos, tornamos a economia mais circular e reduzimos, obviamente, o impacto de utilização destes recursos, nomeadamente o plástico», acrescentou.

 

João Fernandes – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Todos os equipamentos daqui do parque de merendas, a sinalética e os painéis informativos são feitas neste material. Esta é também uma forma de demonstrar que há ainda muitas formas para valorizar os resíduos», ilustrou o responsável pelo Turismo do Algarve.

Quanto a uma aposta na valorização dos recursos naturais, é algo «que o Turismo do Algarve tem vindo a desenvolver há anos».

«Neste caso em concreto, nós estamos no coração da Ria Formosa, num espaço que é visitado por dezenas de milhar de pessoas e que tem um potencial para ter mais visitas e, com isso, mais recursos, de modo a melhorar, também, o próprio espaço», acrescentou o presidnete do Turismo do Algarve.

Este tipo de parcerias, afirmou o João Catarino, «são fundamentais» e representam «uma mudança de paradigma, dentro do ICNF e da própria administração central».

No fundo, trata-se de «uma aproximação aos municípios e aos agentes locais, para, precisamente, cada um fazer aquilo que melhor sabe fazer na valorização deste capital natural e destas áreas protegidas».

«Há aqui uma intenção de estudar em conjunto com a Câmara de Olhão um modelo de gestão para esta quinta, à semelhança do que já temos noutras regiões do país», disse o secretário de Estado da Conservação da Natureza, que defende que o município olhanense «pode ter e deve ter um papel mais ativo na gestão deste espaço».

Para já, «ainda não existe uma proposta concreta» para formalizar a cogestão, mas «há essa vontade da câmara há vários anos e há uma abertura do nosso lado».

«Já temos outros locais onde isto funciona bem. Eu acho que faria todo o sentido a Câmara ter aqui um papel mais ativo. Aliás, já o tem, só que não participando, obviamente, de uma forma oficial. Gostaríamos de fazer de uma forma mesmo oficial», afirmou João Catarino, que, na sua deslocação à Quinta de Marim, teve a oportunidade de libertar um milhafre recuperado no RIAS, depois de ter sido atingido a tiro.

 

João Catarino – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Quanto à cedência de equipamento, por parte da RTA, ao PNRF, «é um bom exemplo de como, com o turismo, podemos valorizar, substancialmente, este espaço».

«Eu julgo que o ICNF só sai valorizado e reforçado no seu papel enquanto autoridade florestal nacional e autoridade da conservação da natureza nacional, ao ter estes parceiros na valorização destes espaços», disse o membro do Governo.

Também João Fernandes considerou esta colaboração fulcral.

«Há pelo menos dois anos que andamos a trabalhar num modelo de cogestão, onde a própria RTA também é parceira», e onde a Câmara de Olhão desempenha «um lugar de destaque», ilustrou o presidente do Turismo do Algarve.

«Tudo isto simboliza um estado de maturidade que é muito importante. Por um lado, o ICNF percebe a vantagem de valorizar o território através da sua visitação e do seu usufruto pelo humano, com responsabilidade. Por outro, há as autarquias, que já têm uma consciência do que é o património natural e do seu valor para residentes, visitantes e para a qualidade de vida no concelho», resumiu .

Há, ainda, o setor do turismo, «que reconhece nos parques naturais e no Turismo de Natureza uma oportunidade de desenvolvimento».

Castelão Rodrigues, diretor regional do ICNF, agradece este reconhecimento e o investimento que o acompanhou.

«É extremamente importante para nós porque, felizmente, hoje vemos uma consciência muito mais apurada pelas questões da conservação da natureza, para a biodiversidade ou para os ecossistemas», disse.

 

Castelão Rodrigues e João Fernandes – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

E, tendo em conta que é a RTA que faz «a divulgação do que é o turismo no Algarve», a colaboração entre o ICNF e esta entidade assume ainda mais importância, «no sentido em que eles vão potenciar, também, este turismo na natureza, fazendo ver aos turistas que os valores naturais são para preservar».

«Quando nós temos um percurso devidamente sinalizado, as pessoas mantém-se no trilho e não vão pisotear áreas adjacentes, provocando, com isso, a morte de plantas ou espantamento de pássaros ou de outros seres vivos existentes nesses espaços», acrescentou o diretor regional do ICNF.

Quanto a uma futura cogestão do Centro Interpretativo da Quinta de Marim, Castelão Rodrigues vê-a com bons olhos, até porque há muita coisa para fazer, na Quinta de Marim, que acaba por ser o cartão de visita do PNRF.
Neste momento, já está em curso uma limpeza florestal, um investimento de cerca de 300 mil euros que incide sobre vários espaços desta área protegida, financiado pelo fundo ambiental.

«Fica a faltar a recuperação do edificado que nós aqui temos e que foi abandonado muito anos. A nossa aposta para o ano é fazer a recuperação do edificado que a quinta tem», disse o responsável pelo ICNF, na região alagrvia.

Aqui, a Câmara poderá ser um parceiro fundamental e ajudar na recuperação do cais de embarque existente na quinta «e que neste momento não é utilizado, porque está degradado».

António Pina, que nunca escondeu a vontade de avançar para um modelo de cogestão da Quinta de Marim, explicou que este é um espaço emblemático para a cidade e já o era antes de se tornar na sede do PNRF.

«As pessoas da minha geração e mais velhos já usufruíamos deste espaço antes dele se tornar no Parque Natural e, por isso, é especial, para nós», ilustrou.

Todas estas melhorias são feitas a pensar nas mais de 30 mil pessoas que visitam o espaço – os que pagam entrada, não são aqui contabilizados os municípes de Olhão, que têm entrada gratuita -, a quem se tem de dar «condições de visitação, para que saiam daqui satisfeitos pela visita que fazem».

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 

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