Pensar Global, Agir Local

É fundamental falarmos uns com outros, partilharmos informações, aprender com experiências de intervenção cidadã que funcionaram, mas também com as que falharam

Imagem da vigília de Dezembro de 2009 – foto de arquivo

As Nações Unidas tentam, desde 1992, mediar acordos entre países no sentido de consolidar uma aliança global para minimizar os efeitos devastadores das alterações climáticas no nosso planeta.

Em dezembro de 2009, um grupo de cidadãos organizou em Faro uma vigília, integrada numa ação a nível mundial coordenada pela Avaaz – “The World wants a Real Deal”, de contestação ao falhanço da Cimeira do Clima – Conferência das Partes (COP 15), em Copenhaga, onde os líderes mundiais não conseguiram chegar a um acordo sólido para travar as alterações climáticas. A vigília com velas e canoas decorreu na doca de Faro e, na sequência dessa ação, nasceu o Glocal Faro.

Desde aí, muita água (não) correu sob as pontes e, várias Cimeiras depois (já vamos na COP 25, que se realizou em Madrid em 2019), os problemas ambientais decorrentes das alterações climáticas têm vindo a agravar-se drasticamente. Apesar disso, os resultados das cimeiras continuam a ser frustrantes e o tempo de que a humanidade dispõe para reverter a situação é cada vez mais escasso.

David Attenborough, no seu recente documentário “Uma Vida no Nosso Planeta”, afirma que “a forma como nós, humanos, vivemos na Terra está a fazê-la entrar em declínio. Os seres humanos devastaram o mundo”.

No Glocal Faro, estamos completamente de acordo com essa constatação. Nestes onze anos de ação, temos estado empenhados em lutar contra as alterações climáticas, defendendo um novo modelo energético e divulgando e utilizando práticas amigas do ambiente que possam promover uma relação equilibrada do homem com os ecossistemas que garantem a nossa sobrevivência na Terra.

É neste contexto que fomos um dos membros ativos da Plataforma Algarve Livre de Petróleo, desenvolvemos ações de mobilidade sustentável, propusemos a primeira horta biológica urbana que funciona na cidade velha em Faro.

Realizamos intervenções de sensibilização, reabilitação ou criação de espaços verdes urbanos, mercados de trocas e temos vários elementos associados na COOP57 de Espanha, dedicada à prestação de serviços financeiros éticos e solidários.

Muitas destas ações são feitas em parceria com outras organizações da sociedade civil, entidades públicas e privadas e com autarquias locais.

Outras intervenções são de contestação a decisões políticas que consideramos lesivas do interesse público, com ações próprias ou de apoio a outras organizações e iniciativas da sociedade civil.

A cidadania ativa tem vindo a crescer no Algarve e no país. Dispomos de inúmeros instrumentos que os cidadãos podem utilizar, no sentido de construirmos um mundo mais justo e sustentável.

No entanto, temos consciência que o desconhecimento desses instrumentos, a burocracia, a falta de transparência de alguns atores públicos, a morosidade e os custos de processos de intervenção dos cidadãos na vida pública são obstáculos que, por vezes, se nos afiguram como intransponíveis.

Assim, é fundamental falarmos uns com outros, partilharmos informações, aprender com experiências de intervenção cidadã que funcionaram, mas também com as que falharam, aumentando as nossas possibilidades de sucesso.

Em síntese, aumentar a consciência do nosso papel de cidadãos, reaprender o valor da entreajuda e reforçar os nossos laços enquanto comunidade, para garantir uma mudança efetiva de comportamentos que garanta o futuro das novas gerações e a nossa continuidade no Planeta Azul.

Temos consciência que a nossa ação é uma gota de água no oceano, mas o oceano é composto por gotas de água e acreditamos que só com um aumento da consciência ambiental e o contributo ativo de cada um é possível construir um futuro melhor para todos.

É por esse motivo que aceitámos com entusiasmo o repto do Sul Informação para partilharmos, numa crónica mensal, as nossas reflexões e experiências, que tanto podem ser sobre assuntos de interesse geral, nacional ou local, fazendo jus ao nosso lema de Pensar Global, Agir Local.

 

Autora: Alice Pisco é engenheira técnica agrária, co-fundadora do Glocal Faro, empenhada na construção de um mundo melhor.
[email protected]
https://www.facebook.com/glocal.faro/

 

 

 

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