O Glocal Faro escreveu uma carta aberta à Câmara Municipal a pedir que a autarquia encontre «soluções para manter o máximo de árvores existentes» na futura requalificação da Mata do Liceu.
Este movimento quer que a Mata mantenha, «pelo menos, a mesma quantidade de árvores que tinha antes do projeto».
Segundo o Glocal, no projeto aprovado, apesar de a Câmara de Faro afirmar «que grande percentagem das árvores a abater estão mortas, outras estão assinaladas para abate, apesar de estarem sadias».
De acordo com a Câmara de Faro, a «requalificação da Mata do Liceu pressupõe a implementação de uma nova ocupação programática do espaço, onde a componente desportiva, que tem caracterizado a utilização da Mata sobretudo nos últimos anos, e assim assumisse uma maior preponderância».
«No entanto, e tal como reconhecem, a Mata já é utilizada para a prática desportiva e existem igualmente outros espaços na cidade dedicados a essa prática – os relvado junto ao Forum Algarve e no Parque de S. Francisco, o Parque Ribeirinho e o Complexo Desportivo Municipal de Faro», relembra o Glocal.
Quanto às árvores, este movimento diz que a Mata, depois da intervenção, «ficará com menos 168: atualmente contabilizam-se 981. Após a intervenção restarão 813, ou seja, 83% do número inicial».

«A eliminação de 17% do espaço verde da cidade é agravada com o facto de 200 dessas 813 árvores passarem a ser árvores jovens, a plantar durante a intervenção. Os benefícios das árvores adultas, em termos de evapotranspiração, captação de CO2 e disponibilização de oxigénio, não é comparável com os das árvores em início de vida, facto que se agrava com a necessidade de água que estas novas árvores vão exigir durante anos», acrescenta ainda.
Assim, o Glocal conclui que «teremos que aguardar vários anos para obter todos os benefícios das árvores a plantar no âmbito da presente intervenção. Constatamos igualmente que na cidade de Faro a área de estrutura verde urbana por / habitante representa apenas 22% do desejável e que a execução da “Requalificação da Mata do Liceu” vai agravar ainda mais esta situação».
O movimento deseja ainda que seja «encontrada um alternativa ao pavimento de betão desativado proposto para o caminho principal, por exemplo usando saibro estabilizado (tipo de material que foi utilizado nos caminhos do Parque Ribeirinho) que é mais natural e permeável».
Nesta carta, o Glocal relembra ainda a Câmara de Faro que o «Algarve é a região do país onde mais se fazem sentir os efeitos das alterações climáticas, nomeadamente pela atual situação de seca severa e respetivas perspetivas de agravamento».
«Nesse contexto, a redução de 17% da área arborizada da Mata, a impermeabilização de parte da mata pela execução do plano de acessibilidades, o abate de árvores adultas existentes e a implantação de um relvado vai implicar o aumento dos consumos de água, numa altura em que se deveriam estar a maximizar as poupanças de consumo», conclui.
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