José Apolinário quer «juntar vontades, trabalhar em conjunto, envolvendo todos, tendo sempre como objetivo chegar à regionalização, lá à frente», enquanto presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, cargo para o qual foi ontem eleito.
O futuro presidente desta entidade e os seus dois vice-presidentes, o também socialista e igualmente eleito José Pacheco e a social-democrata Elsa Cordeiro, que ainda será nomeada pelo Governo, apresentaram esta manhã uma declaração escrita conjunta e falaram com os jornalistas, numa conferência de imprensa que teve lugar no Centro Ciência Viva do Algarve Professor Mariano Gago, em Faro.
«Estamos prontos para consolidar o passo no sentido da reforma do Estado e criar condições para relançar o processo da regionalização», afirmou José Apolinário.
Esta visão decorre, em grande medida, das reuniões que a equipa liderada pelo até há pouco tempo secretário de Estado das Pescas realizou com os autarcas dos 16 municípios da região.
«Dessas reuniões, saiu um sentimento de que é necessário aproveitar esta oportunidade para dar passos no sentido da reforma do Estado e de reabrir, mais à frente, o dossier da regionalização», reforçou.
«E é nesse sentido e nessa linha que vamos trabalhar: assumindo as competências da CCDR em matéria de coordenação política e desenvolvimento regional, assumindo o diálogo e a concertação com as autarquias, a cooperação entre as diferentes entidades que representam o Estado na região e dando passos seguros e ponderados para reforçar o papel das regiões», descreveu José Apolinário.
O antigo presidente da Câmara de Faro considera, mesmo, que o Algarve «tem condições para ser quase um laboratório para a transferência de outros serviços e para uma maior concentração de poderes na CCDR».
Uma maior operacionalização as competências que a CCDR Algarve já tem ao nível da coordenação regional é outras das bandeiras da futura equipa dirigente desta entidade.
Além de uma «forte concertação com as autarquias», outro objetivo assumido é o de «estimular a cooperação entre os serviços que representam o Estado na região, e de coordenação, quando for necessário».
«Como explanamos neste documento conjunto, queremos valorizar mais a componente de cooperação interserviços, de reuniões do conselho regional, onde estão presentes esses organismos que representam o Estado, o Turismo do Algarve e a universidade, bem como as associações empresariais e sociais», explicou o recém-eleito presidente da CCDR algarvia.
«Também elegemos três áreas onde consideramos que este nosso trabalho de cooperação e coordenação pode ser mais útil, que são a implementação de medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores, o tema da água e dos recursos hídricos e a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência na região algarvia», revelou, por outro lado, José Apolinário.
Este plano poderá ser usado para diminuir as assimetrias entre o interior e o litoral, na região algarvia, tema que foi recorrente nas reuniões mantidas com autarcas dos concelhos inseridos em zonas desfavorecidas.
«Há um sentimento, em muitos locais do Algarve, de que não há um desenvolvimento harmonioso dentro da própria região. E há um sentimento de que o interior e as áreas mais desfavorecidas devem ser olhadas numa lógica regional, em temas como o ordenamento do território, investimentos e fixação de pessoas e o apoio às empresas», disse.
Nas reuniões com os autarcas do interior, uma das coisas que era sempre falada «era a questão do acesso à Internet. Os autarcas acham que o facto de não haver acesso à rede é uma forma de afastar as empresas e as pessoas».
Assim, as medidas de combate à desertificação podem passar pela promoção do acesso ao digital, mas também por «questões fiscais», entre outras.
«Neste momento, o Governo está, em conjunto com a CCDR e com a Comunidade Intermunicipal, a preparar o Plano de Recuperação e Resiliência. Depois, teremos os fundos plurianuais para 2021/27, que também têm de se acertar e articular», concluiu José Apolinário.
Fotos: Flávio Costa | Sul Informação
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