Lavrar o Mar mata saudades com “Caminhadas com Arte”

Estas vão ser caminhadas para pensar

«As pessoas tinham saudades. Recebemos imensas mensagens, telefonemas, com manifestações de carinho, de felicidade por poderem voltar a acompanhar o nosso projeto. No fundo, a cultura faz falta».

Pois é: o “Lavrar o Mar” está de volta e vai começar no sítio onde parou. As “Caminhadas com Arte”, iniciativa que foi cancelada em Março, devido à Covid-19, começam este domingo, 20 de Setembro, em Aljezur, e, uma semana depois, em Monchique, com passeios à volta de um tema. 

A ideia, essa, mantém-se intacta: «estas vão ser caminhadas para pensar», porque a andar também se estimula a mente.

Assim, o que poderia ser “só” mais um passeio, vai transformar-se em conversas sobre jornalismo, arquitetura, literatura ou sociologia, guiadas por convidados de renome. O tema estará sempre ligado à atividade profissional dos convidados.

A única coisa que mudou foram «alguns convidados que agora não tinham disponibilidade», conta Giacomo Scalisi, um dos programadores do “Lavrar o Mar”, ao Sul Informação. São os casos do artista plástico Henrique Frazão ou do encenador John Romão.

 

Giacomo Scalisi

 

Mas, para os seus lugares, há novos convidados que não ficam nada atrás. «O Rui Horta (coreógrafo e bailarino), por exemplo, não conseguiu antes e agora estará connosco, bem como o João Ferrão (geógrafo), ambos em Aljezur», diz, entusiasmado, Giacomo.

Em Aljezur, haverá um total de 11 caminhadas, com nomes como Alexandra Lucas Coelho, que falará sobre o jornalismo como forma de ouvir os outros e de perceber o mundo, Hugo Denkel, especialista em cultura alimentar, ou, ainda, Joana Bértholo, escritora que irá conversar sobre o facto de escrever e contar histórias não ser muito diferente de caminhar e procurar percursos.

Mas há mais. O fotógrafo João Mariano é outro dos convidados, numa caminhada em que falará da sua Costa Vicentina, bem como o arquiteto algarvio Mário Martins, que falará sobre a conjugação entre o saber ancestral e as soluções atuais, e Nicolau da Costa, apicultor, mariscador, arquiteto paisagista e fiel guardião da Costa Vicentina.

A iniciativa tem, ainda, a particularidade de ter uma English Talk: um percurso destinado a estrangeiros, onde o convidado, em Aljezur, é Nuno Barros, biólogo marinho.

As caminhadas em Aljezur, que vão começar todas à mesma hora (10h30) com diferentes pontos de partida, estão praticamente esgotadas: só sobram mesmo lugares para a English Talk, o que atesta as saudades que o público já tinha do Lavrar o Mar.

Não desanime: uma semana depois, a 27 de Setembro, a partir das 10h30, há mais “Caminhadas com Arte”, em Monchique, com muitas vagas ainda disponíveis. Para comprar bilhetes, clique aqui.

Lá serão apenas oito as caminhadas, mas não é por isso que serão menos interessantes. Tal como em Aljezur, também houve mudanças nos convidados.

Joana Craveiro, dramaturga e encenadora do Teatro do Vestido, já não participará, bem como o escritor Afonso Cruz.

 

Paulo Pires do Vale

 

As caminhadas, em Monchique, juntarão, por exemplo, Gustavo Ciríaco, coreógrafo brasileiro, que falará sobre natureza, paisagem, pensamento e movimento, Paulo Pires do Vale, filósofo e comissário do Plano Nacional das Artes, que abordará temas relacionados com a filosofia, a cultura, a religião e até a estética.

Outros dois convidados são o sociólogo da cultura Alix Sarrouy (English Talk), Joana Gorjão Henriques, jornalista do Público que tem escrito acerca da realidade crescente das estufas em Odemira e Aljezur, e ainda Sandro William Junqueira, um dos escritores que tem produzido os textos da saga “Medronho” do Lavrar o Mar.

A estes juntam-se o coreógrafo e encenador Victor Hugo Pontes, Jorge Palinhos (escritor e dramaturgo), João Maria André (professor universitário e animador cultural) e João Salaviza e Renée Nader Messora (cineastas).

«A ideia é que as pessoas partilhem aquilo que, de urgente, acham que devem partilhar neste momento. Se calhar, a pandemia acrescentou mais um nível de interesse a respeito daquilo que cada um deles pode contar aos participantes. O Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, onde decorrerão as caminhadas, ajuda a encontrar essa paciência: essa calma também para a escuta de uma conversa», diz Giacomo Scalisi.

Em relação à primeira versão – que nunca aconteceu – destas “Caminhadas com Arte”, outra das diferenças é que não haverá o «grande almoço final que estava previsto, com todos os grupos».

«As refeições em conjunto agora são um problema e o grande almoço que íamos fazer com todos os grupos já não poderá acontecer. Não eliminámos a comida, porque a caminhada terá uma duração longa, até 4 horas, mas cada pessoa terá um pequeno piquenique individual», explicou Giacomo Scalisi.

De resto, a retoma das iniciativas do “Lavrar o Mar” dá-se «com autorização, da parte das autoridades de saúde, com todas as regras que são necessárias».

Este programa cultural, que acontece em Monchique e Aljezur, é um projeto que conta com os apoios do 365Algarve e CRESC Algarve 2020.

 

 

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