Direção regional apela a «parceria alargada» para renovar Centro de Experimentação Agrária de Tavira

Ideias não faltam. Dinheiro, sim

Projetos para melhorar e aproximar da comunidade o Centro de Experimentação Agrária (CEA) de Tavira não faltam. O que falta é dinheiro para os concretizar, financiamento que só poderá surgir caso se crie «uma parceria alargada» em torno deste antigo posto agrário, onde está instalada uma valiosa e única coleção de fruteiras tradicionais do Algarve, acredita a Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Algarve.

A DRAP aproveitou a mais recente reunião da Comissão Regional da Dieta Mediterrânica, realizada a 17 de Setembro, para lançar um repto às várias entidades que a compõem, de modo a que a ajudem a fazer mais do CEA de Tavira.

«Nós temos de reabilitar o centro experimental. Para isso, precisamos de fontes de financiamento robustas, pois é necessário recuperar edificado e construções, caminhos, sistemas de regas antigos, noras e levadas, entre outras infraestruturas. Por outro lado, precisamos de admitir gente jovem, qualificada, para rejuvenescer e aumentar o quadro de pessoal reduzidíssimo que lá temos», enquadrou Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas, em declarações ao Sul Informação.

«Temos um centro com 29 hectares. Sozinhos, nós achamos que não vamos lá. Por isso, estamos a apelar à constituição de uma parceria ou de um trabalho em rede que junte as entidades que fazem parte da comissão», acrescentou.

Os parceiros aos quais Pedro Valadas Monteiro se refere são a CCDR do Algarve, que preside à comissão, mas também a Direção Regional de Cultura, o Turismo do Algarve, a Câmara de Tavira, a Universidade do Algarve, as escolas de hotelaria, a In Loco e a rede Ciência Viva, entre outras entidades.

Na reunião, a DRAP disse às demais entidades que «temos um centro com problemas, mas que tem inúmeras potencialidades e está, inclusivamente, cravado no coração da comunidade representativa da Dieta Mediterrânica, em Portugal, que é Tavira».

Este potencial poderá ser aproveitado, caso haja mais entidades envolvidas.

 

 

O grande objetivo da DRAP  é «reabilitar o centro e continuar e expandir o trabalho que já fazemos com as fruteiras tradicionais – recolha, prospeção, caraterização, etc. -, aumentando, eventualmente, a área a elas dedicada, em Tavira».

«Por outro lado, propomos que seja instalado no CEA de Tavira o centro de competências da Dieta Mediterrânica, com uma componente de centro interpretativo, além da parte de educação e formação», disse ao Sul Informação Pedro Valadas Monteiro.

Afinal, «logo quando foi aprovada a candidatura portuguesa da Dieta Mediterrânica a Património Imaterial da Humanidade, pela UNESCO, uma das iniciativas que estava prevista era a criação de um centro de competências».

Outro desejo da DRAP é «retomar um projeto antigo, o de criar no antigo posto agrário um museu dedicado ao mundo rural do Algarve, ao abrigo de um protocolo assinado entre a Direção Regional e a Câmara».

«Eu até propus ir buscar o espólio da recentemente desativada fábrica da Industrial Farense. A unidade foi deslocalizada e a maquinaria antiga julgo que está à guarda da Cultura, mas eles não têm sítio onde a colocar», disse o diretor regional de Agricultura e Pescas.

Assim, se forem conseguidos os fundos necessários para criar este museu, «nós temos lá muitos edifícios que podem ser utilizados para acolher uma exposição permanente da maquinaria que era usada na indústria da alfarroba. E quem diz esta, diz outras. Há o antigo espólio da cooperativa de Lagoa e a maquinaria do lagar de Santa Catarina, que estava instalado no local onde está a nascer o Museu Zero, por exemplo».

Os projetos para o CEAT não ficam por aqui. A DRAP também fez questão de convidar a Ciência Viva a estar presente na reunião, pois uma das iniciativas que acarinha envolve esta entidade.

«Estão agora a surgir uns centros de nova geração, as chamadas Quintas de Ciência Viva. Nós propusemos instalar aqui a Quinta da Dieta Mediterrânica e a ideia, em princípio, foi bem acolhida», assegurou Valadas Monteiro.

 

 

A DRAP quer, também, criar uma zona de hortas urbana dentro das instalações da CEAT, ao abrigo de um protocolo a assinar com a Câmara de Tavira.

«A ideia não será criar hortas sociais, embora a Câmara possa destinar parte da área cedida para esse fim. Queremos dar a oportunidade a qualquer pessoa que tenha interesse em ter um pedaço de terra para cultivar. Acho que é importante desenvolver esta outra dimensão, da agricultura como atividade de lazer, de recreação e até de promoção da sanidade mental».

Apesar de admitir que isto vai ao encontro daquilo que o movimento  Cidadãos pelo CEA de Tavira vem pedindo, Pedro Valadas Monteiro deixou claro que este projeto «só avançará com o envolvimento da Câmara».

«Nós não vamos fazer protocolos diretos com movimentos de cidadãos. O que faremos é um protocolo com a Câmara, tal e qual aconteceu em Faro. Depois, se a autarquia quiser, ela própria, celebrar um acordo com a In Loco ou com qualquer outra associação, não há problema nenhum», acrescentou.

E é precisamente através da In Loco que os Cidadãos pelo CEA de Tavira vão continuar a participar neste projeto, como sempre desejaram.

Na reunião da Comissão Regional da Dieta Mediterrânica da passada semana, algumas das propostas deste movimento cívico, cuja ação foi decisiva para deitar abaixo um projeto que previa o atravessamento do CEA de Tavira por uma estrada, foram colocadas à consideração pela Associação In Loco, com quem os  Cidadãos pelo CEA de Tavira mantêm «privilegiado relacionamento».

As propostas «foram consideradas de maior interesse, nomeadamente a que aponta para a criação duma horta urbana em Tavira, sob coordenação e gestão da DRAP, constituindo-se num polo onde se pratica a convivialidade e se divulgam as boas práticas da alimentação saudável», assegurou o movimento.

Os membros do Cidadãos pelo CEA de Tavira propõem-se, ainda, a «promover ações formativas e de divulgação de temáticas agro-ambientais», subordinadas a temas como “Boas práticas ambientais e agrícolas, com especial foco na agricultura biológica”, “A alimentação saudável”, “A defesa e a preservação da nossa biodiversidade” e “A proteção do ambiente e minimalização dos riscos das alterações climáticas”.

Entretanto, o grupo de cidadãos continua à espera que a DRAP marque uma audiência, na sequência de um «trabalho conjunto» que fizeram com técnicos desta entidade, aos quais apresentaram diversas propostas de colaboração, para revitalização do centro experimental.

Para já, os diferentes projetos propostos pela DRAP são apenas ideias, embora já tenha sido decidido, na reunião da passada semana, «criar um grupo de trabalho, composto por elementos de diferentes entidades, para identificar potenciais fontes de financiamento», concluiu Pedro Valadas Monteiro.

 

 

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