Sindicato da Hotelaria diz que é «necessário valorizar o trabalho» em tempos de crise

O panorama que se vive é «de profunda exploração»

Mesmo em tempos de crise, devido à Covid-19, «o que é necessário é valorizar o trabalho, os trabalhadores e os seus salários». O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve esteve em protesto esta quarta-feira, 19 de Agosto, com duas ações junto às associações patronais, numa altura em que o panorama, nestes setores, é de «profunda exploração». 

Da parte da manhã, o sindicato protestou em frente à Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), em Albufeira, seguindo, à tarde, para a sede da Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve (AIHSA), em Faro.

Ao Sul Informação, Tiago Jacinto, coordenador do Sindicato da Hotelaria do Algarve, explicou que as iniciativas surgiram «para protestar contra o bloqueio que as associações patronais têm vindo a fazer relativamente à negociação coletiva, à revisão das tabelas salariais e aos direitos dos trabalhadores».

Da parte dos patrões, disse o sindicalista, «aquilo que temos tido é a intenção de retirar direitos em troca de um possível aumento quase sem expressão nenhuma».

A proposta, da parte do Sindicato, passa por «um aumento de 90 euros, por mês, para cada trabalhador, mas aquilo que temos tido é sempre uma porta fechada para chegar a um acordo que traga melhorias aos trabalhadores».

«Nesse sentido, quisemos fazer estas ações para exigir que nos sentemos à mesa para chegar rapidamente a um acordo», resumiu.

 

Tiago Jacinto

 

Apesar da crise que o setor do turismo vive, Tiago Jacinto relembra os «grandes lucros» obtidos no passado, como justificação para, em tempos difíceis, não despedir trabalhadores, nem cortar salários.

«De 2011 a 2019, os proveitos no setor aumentaram 124%, enquanto a remuneração média dos trabalhadores evoluiu apenas 7%. Temos consciência de que as empresas mais pequenas estão a passar dificuldades, mas as grandes unidades, que acumularam milhões e milhões ao longo dos últimos anos, agora, sem qualquer tipo de consciência e responsabilidade social, despedem todos os trabalhadores que podem ou cortam nos salários», disse.

Por isso, o panorama que se vive é «de profunda exploração», apesar de os empresários do setor do turismo terem «o dever de contribuir para que todas possamos ultrapassar esta crise».

Da parte do Sindicato, há a «disponibilidade» para chegar a um acordo, com as associações patronais, «que valorize os trabalhadores e não os prejudique».

«Nós queremos chegar a esse acordo e temos essa ambição», concluiu Tiago Jacinto.

 

Fotos: Bárbara Caetano | Sul Informação

 

 

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