Viajo mais vezes de avião do que de autocarro. Por isso, vou partilhar unicamente uma visão de consumidor e de utilizador.
É uma questão de comodidade e de rapidez. Além do mais, no autocarro, em percursos com mais de três horas, costumo ficar maldisposto.
Ao invés, no avião facilmente durmo e acredito que, hoje em dia, viajar de avião já não é snobismo ou novo riquismo. É uma necessidade e uma economia, sobretudo de tempo.
Podemos ir ao Porto e voltar no mesmo dia por menos de 50€, algo impossível e mais dispendioso se usássemos o autocarro, o comboio, já para não falar do automóvel.
A partir do aeroporto de Faro, até há bem pouco tempo, podíamos ir, por um valor razoavelmente acessível, a Inglaterra, Escócia, Irlanda, França, Bélgica, Holanda, etc.
Vulgarmente é mais barato viajar de avião até aos subúrbios de Londres, do que até aos subúrbios de Lisboa, seguindo de automóvel.
É claro, tudo isto graças às “pecaminosas”, “imorais”, “oportunistas” companhias aéreas low cost. Porque as pessoas honradas e com carácter só viajam nas companhias aéreas dignas desse nome, como, por exemplo, a nossa TAP – Transportes Aéreos Portugueses.
É por isso que temos que apoiar a TAP, porque ela leva-nos e traz-nos para onde queremos ir a partir de Faro. Só podemos é querer ir para Lisboa, porque Lisboa é o mundo e só daí a nossa companhia de bandeira nos pode transportar para os quatro cantos do mundo (modo de dizer, naturalmente que há muito sabemos que o mundo é redondo).
É só fazer essa escolha. É que há muitos anos que a TAP faz jus ao seu nome e só transporta algarvios ou quem nos visita numa só direção, não correndo quem a usa o risco de se perder aí pelo país fora.
O que faz sentido, porque uma companhia aérea cujo nome é TAP – Transportes Aéreos Portugueses não vai levar portugueses ou outros sem ser de Portugal… E Lisboa é Portugal ou Portugal é Lisboa?!… Hum, a dúvida já é antiga e persistente, sobretudo para mim, que gosto dos clássicos, como o nosso Eça de Queirós, escritor do século XIX que já dava nota desta dúvida metódica que assiste os portugueses, não os lisboetas.
A TAP – Transportes Aéreos Portugueses não é nenhuma companhia de fantochada e pecaminosa como as low cost, que nos levam para destinos no estrangeiro e trazem gente estrangeira sem passar primeiro por Lisboa, para ir ao controle do nosso centro nevrálgico.
Mas é-me impossível entender porque é que a nossa companhia aérea não acha rentável fazer entrar e sair passageiros do aeroporto de Faro – Algarve para outros países, quando outras companhias o fazem e fazem-no em abundância e com rentabilidade.
Quem presta verdadeiramente serviço público: a empresa que tem o nome do país e que quer assumir-se como indispensável para a manutenção da nossa identidade, mas que não coloca o nome em prática? Ou outras empresas, que, apesar de serem privadas e mal-afamadas, trazem e geram inegável riqueza para a nossa região?
E eu, como sou um patriota algarvio, que gere uma carteira onde o dinheiro dá para somente o que é possível e não para extravagâncias, ando apenas nessas más companhias.
E aqui, volta a assaltar-se uma dívida: mesmo assim, vou ter de pagar a TAP, quando não a uso?
Parece-me que tenho um dejá vu, quando me vem à memória o BES e as repetidas injeções de dinheiro nesse tão importante banco, onde não tenho, nem nunca tive conta, mas já devia ter, porque boa parte dos meus impostos também para lá foram…
Não preciso da TAP para sair do Aeroporto de Faro em direção a qualquer lado do mundo. E já saí do Aeroporto de Faro para a Indonésia e regressei, sem precisar da TAP e sem ir ao controlo, a Lisboa. E foi há 12 anos. Bastante tempo.
Como utilizador, sinto que o Algarve não precisa da TAP, nem sequer para ir para Lisboa ou vice-versa. O comboio é mais rápido e barato.
Se calhar, como temos a EVA – Empresa de Viação do Algarve, que é privada e serve toda a região, levando os algarvios e quem nos visita onde é preciso, posso sugerir que pensemos na criação de uma TAAlg – Transportes de Aviação do Algarve. Pagamos, certamente, mas ao menos era-nos útil e servia a nossa região.
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