Exposição ao ar livre propõe um passeio pelas memórias de uma Praia da Rocha desaparecida

Fotografias de grandes dimensões, algumas delas inéditas

Início da visita guiada à exposição ao ar livre – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Os pais de Barbara Boulter vieram para a Praia da Rocha em 1962, para tomar conta da Pensão Solar Penguin. O avô de Pepe Feu foi o primeiro dono do palacete construído sobre a arriba que, um dia, se havia de transformar na Pensão Bela Vista, hoje um pequeno hotel de luxo. Maria do Vale Cartaxo é uma das jovens retratadas numa fotografia a preto e branco, dos anos 50, no areal da Praia da Rocha.

Todos eles – BJ Boulter, Pepe Feu e Maria do Vale – se reencontraram este sábado ao fim do dia, na zona ribeirinha de Portimão, junto à Casa Inglesa, para a inauguração da exposição ao ar livre «Passear pela História da Praia da Rocha».

«Eu queria trazer a minha mãe, que tem 102 anos, mas está muito calor e achei melhor trazê-la cá noutro dia, a uma hora mais fresca», disse BJ Boulter ao Sul Informação. Antes, a artista plástica já tinha estado com o filho e outros familiares a ver as fotografias e outras imagens da Pensão Solar Penguin, que, além de local de veraneio literalmente em cima da falésia da Praia da Rocha, foi também ponto de encontro para um copo (ou vários) e muitas conversas, ao longo de décadas.

Esta exposição ao ar livre, com fotografias de grandes dimensões, algumas delas inéditas, pode ser vista até 19 de Setembro. Trata-se de mais uma iniciativa do Grupo dos Amigos do Museu de Portimão, que contou com a colaboração do Museu e da Junta de Freguesia local.

Esta é já a quarta edição do projeto de exposições no exterior «Passear pela História», iniciado em 2017, pelo Grupo de Amigos do Museu de Portimão, que passa por mostrar fotografias de grandes dimensões, procurando surpreender e confrontar os visitantes com um inesperado, mas agradável encontro.

 

Barbara Boulter junto ao painel com as fotografias do Solar Penguin – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Na abertura da mostra, o guia foi José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão. Mas contou com a ajuda de muitas das pessoas que assistiram à inauguração, que quiseram juntar histórias às histórias que as fotografias e outras imagens contam, de uma Praia da Rocha tão diferente da atual.

A exposição recorda aspetos relevantes que marcaram a evolução paisagística, social, urbana e cultural da Praia da Rocha, e que, ao longo dos tempos, desde o início do século XX, foram transformando a frente atlântica de Portimão numa das mais cosmopolitas zonas turísticas e balneares de Portugal.

Propõe-se um memorável percurso, transportados pelas saudosas carrinhas e camionetas da “Castelo e Caçorino”, à descoberta dos primeiros hotéis, vivendas e chalets, bem como dos grupos de banhistas, ou das deslumbrantes paisagens, falésias, rochas e recantos.

Será ainda recordado o espaço de jogo e diversão do antigo Casino, onde, em 1915, teve lugar o 1º Congresso Regional Algarvio, e ainda a animação do Pavilhão Avenida, nos anos 30.

«É na viragem para o século XX que as elites locais desenvolvem uma maior relação com a sua praia e se assiste à chegada de veraneantes e excursionistas, acusando o declínio dos hábitos termais, e se inicia a vinda dos primeiros “touristes”.

Outros algarvios de terras vizinhas, famílias de alentejanos, alguns lisboetas, andaluzes movidos sobretudo pelos negócios da indústria conserveira começam igualmente a frequentá-la», explicam os organizadores.

 

José Gameiro a mostrar, Pepe Feu a espreitar – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A Praia da Rocha surgia como uma das mais promissoras estâncias balneares do país, pela beleza escultórica das suas rochas, qualidade da areia e amenidade do clima.

Os organizadores deste Passeio pela História da Praia da Rocha fazem um «agradecimento muito especial» a José Gameiro e Rui Nicolau do Museu de Portimão, aos sócios e amigos do GAMP , António Feu, Margarida Tengarrinha, Maria do Vale Cartaxo, Manuel Mendonça, Barbara Boulter, Gabriela Valadas, Daniel Cartucho, Gisela Lima, Maria Estela, Bruno Fonseca, Maria Gabriel, Teresa Balté, Foto Tempera, assim como aos Museus de Portimão e do Traje de S. Brás de Alportel, pelo «amável apoio e cedência de imagens e informações», sem esquecer, entre outros fotógrafos, o «precioso legado fotográfico e artístico» de Júlio Bernardo e Francisco Oliveira.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

 

 

 

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