Desidério deixa o PSD e será candidato independente a Albufeira

Desidério diz que sai do partido porque o PSD não quer a sua colaboração, nem aproveitou o seu know-how

Desidério Silva

Desidério Silva, antigo presidente da Câmara de Albufeira e da Região de Turismo do Algarve, desvinculou-se do PSD, partido do qual era militante há décadas, e tenciona avançar com uma candidatura independente à presidência do município albufeirense.

«Se houver condições, penso em candidatar-me à Câmara de Albufeira, mas como independente, nunca com outra bandeira», afirmou ao Sul Informação.

Este posicionamento como mais que provável candidato a presidente da autarquia albufeirense surgiu um dia depois de Desidério Silva ter tornado público, na rede social Facebook, que tinha enviado uma carta à direção do partido a anunciar a sua desvinculação do PSD.

«Entendi que, após vários anos como militante do PSD, era a altura de sair e, justificando os motivos da minha saída, enviei carta ao presidente do partido no dia 1 de Julho. Nesse dia/noite, informei o presidente do PSD local. Passou um mês e não houve qualquer resposta quer do PSD nacional, quer local», lê-se na publicação.

O mesmo post diz que a gota de água foi a presença de Rui Rio em Albufeira, na quarta-feira, dia em que o antigo presidente da Câmara de Albufeira tornou pública a sua desvinculação do PSD.

«Ainda hoje o presidente do partido andou por Albufeira e, como era de esperar, nem um sinal. Assim, entendi que era de dar conhecimento público do meu pedido de desvinculação do partido que servi com lealdade total durante décadas. Assim se vai excluindo em vez de incluir», desabafou.

Contactado pelo Sul Informação, Desidério Silva não escondeu estar desiludido por não haver «valorização do trabalho feito, nem da história que fica».

É que, disse, a sua decisão em sair do partido esteve ligada ao «pouco ou nenhum interesse que o partido teve pelo meu conhecimento e por aquilo que era a minha bagagem, nestes últimos dois anos».

«Não usou, não precisou, não quis. E, portanto, quando alguém não se sente integrado, se sente excluído e não incluído num projeto, o que é que está lá a fazer? Não faz sentido estar num processo em que nem sequer conseguimos, pelo menos, ajudar», disse Desidério Silva.

 

David Santos – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Já David Santos, presidente do PSD/Algarve, assegurou ao nosso jornal que Desidério Silva «não fez nenhuma carta à Distrital, não me deu conhecimento de nada. Deveria ter contactado a Distrital, nós já nos conhecemos há muito tempo».

«Sentia-se maltratado? Não consigo perceber isso. O último cargo que Desidério Silva teve foi na Região de Turismo do Algarve, depois concorreu de novo e perdeu. A partir daí, não sei o que aconteceu», assegura o líder regional dos social-democratas.

Diferente é a visão do antigo presidente da Câmara de Albufeira, que afirma ser  uma «pessoa de causas». «Quando o próprio partido não quer a minha colaboração, não quer ajuda, com tanta causa que há para defender e para intervir, não vale a pena fazer parte desse processo», lamentou Desidério Silva, nas suas declarações ao Sul Informação.

«Ofereci-me várias vezes para fazer parte de alguns projetos onde podia ser útil. Obviamente que, não havendo respostas, não havendo nenhuma abordagem e não havendo a formalização sobre isso, não faria sentido eu continuar», defendeu.

«Tenho muito mais o que fazer do que estar à espera que me liguem por favor. Não tenho idade, nem paciência para essas coisas», rematou.

O presidente do PSD/Algarve, por seu lado, fez questão de deixar claro que Desidério Silva não o contactou, «nem enquanto presidente da Distrital, nem enquanto amigo ou companheiro do partido».

«A Distrital não tem, da própria Comissão Política de Secção, nenhuma indicação que nos desse alguma ideia do que é que o agora ex militante Desidério podia pretender. Ele próprio, se queria continuar a intervir, poderia ter colaborado com o PSD local, podia ter-se candidatado à Secção Concelhia», alegou David Santos.

Neste campo, Desidério Silva é claro: «Não me candidatei porque, para mim, isso não fazia sentido nenhum. Não vou discutir eleições se, passados estes dois anos, o partido não quis aproveitar o meu know how».

«Vou disputar eleições dentro de um partido em que já não me sinto integrado? Não, isso acabou», garantiu.

 

 

Ao invés, o ex-social-democrata decidiu sair do partido que serviu «com lealdade durante anos, com vitórias e tudo isso», para poder dar continuidade à sua vida política, que tem estado em suspenso.

«Desta forma, o partido fica com a história e eu fico com a minha liberdade total de pensamento e de intervenção cívica», afirmou.

«Tenho todos os meus direitos cívicos válidos, tenho uma realidade e uma história que toda a gente conhece e o facto é que, desde ontem [quarta-feira], recebi centenas de mensagens de apoio. Até fiquei surpreendido, não só pela quantidade, mas também por virem de determinadas pessoas, de vários quadrantes políticos, que me apoiaram e me incentivaram na minha decisão», disse.

Entre eles, contam-se alguns notáveis do PSD, como Luís Filipe Menezes, Miguel Pinto Luz, que foi candidato contra Rui Rio nas últimas eleições internas do partido, e Virgínia Estorninho.

Entretanto, Desidério Silva mostrou ao Sul Informação ter já a ideia da candidatura à Câmara de Albufeira bem amadurecida.

«Os slogans “Albufeira Primeiro”, “Albufeira no Coração”, etc., todos os têm e é mais do mesmo. Mas o que eu sei é que estive muitos anos como presidente de Câmara de um concelho e hoje não me revejo naquilo que foi a estratégia, nos últimos anos, e o ponto a que as coisas chegaram», disse.

É esta a justificação para avançar para uma candidatura que, assegura, será sempre órfã de cores partidárias – «quem em conhece, sabe bem que eu não sou de mudar de camisola e de bandeira».

Com as próximas autárquicas agendadas para o final de 2021, a pouco mais de um ano, Desidério Silva deixa claro que não irá colocar o carro à frente dos bois.

«Eu não estou com pressa de nada. Tudo o que for feito, será feito a seu tempo e como deve ser», afirmou.

 

 

 

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